Sem-terra distribuem refeições para moradores de rua no Paraná
Alimentos são doados por assentamentos e acampamentos no interior e preparados por voluntários na capital
Sérgio Matsuura
28/09/2020 - 14:56 / Atualizado em 05/10/2020 - 13:13
Mutirões de colheita
Junto com a refeição, as pessoas em situação de rua recebem máscara, álcool em gel e, quando possível, uma bebida e um composto de mel com açafrão, preparado pelo setor de saúde do movimento para o fortalecimento do sistema imunológico.
Além do preparo dos alimentos, os voluntários também participam, aos sábados, de mutirões para a colheita de plantações que seriam descartadas. Com a redução na demanda, alguns agricultores ficaram com a produção encalhada, que seria desperdiçada. O grupo de reúne, colhe e transporta para distribuição em comunidades vulneráveis.
— Eles iam passar a máquina por cima para reiniciar a plantação. A gente vai lá, colhe e distribui. Quase toda semana aparece uma nova colheita — conta Pereira.
O arroz, o feijão, os legumes e as verduras vêm dos assentados e acampados do próprio MST, mas a carne é comprada. São 90 quilos todas as semanas, o que impõe um custo alto. Para arrecadar fundos, o projeto está vendendo aventais personalizados, que podem ser encomendados pela página do Marmitas da Terra no Instagram.
RIO – Uma campanha promovida pelo Movimento Sem Terra (MST) já distribuiu quase 20 mil refeições para pessoas em situação de rua em Curitiba, amenizando os impactos da pandemia de coronavírus nessa parcela da população tão vulnerável e duramente afetada pelas medidas de isolamento.
— De repente, todo o comércio fechou, as pessoas pararam de circular nas regiões centrais da cidade, a população de rua ficou sem ter a quem recorrer, perdeu o acesso ao alimento. Ficou totalmente desamparada — relembra Marcos Antônio Pereira, militante do MST e coordenador do projeto Marmitas da Terra.
Esta é uma das três frentes de solidariedade do MST no enfrentamento da pandemia no Paraná, que promove ainda a distribuição de alimentos para comunidades carentes e o plantio de hortas comunitárias de ciclo curto em municípios do interior. Na capital, os produtos vindos de assentamentos e acampamentos no interior do estado são preparados e distribuídos, todas as quartas-feiras, na região central da cidade.
São 90 voluntários que se dividem em grupos de 15 a 20 pessoas para o preparo e distribuição das marmitas. Pereira conta que no início do projeto, em maio, eram distribuídas 300 refeições, número que subiu para 500 e, agora, está em 700. Apesar da reabertura da economia, a demanda continua alta.
— E, mesmo assim, ainda falta. Tem mais gente na rua, com fome, do que a nossa capacidade de produzir — diz o coordenador do projeto, destacando a dedicação dos voluntários. — O trabalho é pesado. Um grupo começa o preparo na terça-feira, descascando e picando os legumes. Na quarta, a gente começa às 6h. Por volta do meio-dia chega o pessoal para o transporte e distribuição. A gente encerra a cozinha por volta das 16h, depois de arrumar e limpar o espaço.
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