Bolsonaro mandou fazer dossiê sobre jornalistas
Foto: HUGO BARRETO/METROPOLES
O governo federal contratou a empresa BR+ Comunicação para orientar como deveria lidar com um grupo de 81 jornalistas e “outros formadores de opinião” considerados influenciadores em redes sociais. O monitoramento incluiu o que é publicado sobre determinados órgãos ou autoridades, o que é uma prática corriqueira, mas o relatório revela e leva ao governo as impressões sobre os profissionais identificados. As informações são do colunista Rubens Valente, do Uol.
Feito em arquivo Excel, o relatório separou os 81 “influenciadores” em três grupos: os “detratores” do governo Bolsonaro, do Ministério da Economia e do ministro Paulo Guedes (não fica claro quem dos três, no entender do relatório, o profissional estaria “detratando”), os “neutros informativos” e os “favoráveis”.
O grupo dos “detratores” é o mais numeroso, com 51 nomes. Já os favoráveis da lista somam 23 profissionais. A lista de “neutros informativos” tem oito nomes. A conta fecha em 82, e não 81, porque há um nome repetido em dois campos.
Do total de pessoas mapeadas, 44 são jornalistas e cada nome é acompanhado de um comentário sobre o que a pessoa tem escrito nas redes sociais a respeito do governo e em especial de Paulo Guedes. Em oito casos, há o telefone celular dos profissionais.
Entre os supostos “detratores” estão jornalistas como Vera Magalhães, Guga Chacra, Xico Sá, Hildegard Angel, Cynara Menezes, Carol Pires, Claudio Dantas, Luis Nassif, Brunno Melo, Igor Natusch, George Marques, Palmério Dória, Flávio V. M. Costa, Márcia Denser, Rachel Sheherazade, Luís Augusto Simon, além dos professores universitários Silvio Almeida, Laura Carvalho, Jessé Souza, Claudio Ferraz, Sabrina Fernandes, Marco Antonio Villa, Conrado Hubner, Rodrigo Zeidan, além de Rubens Valente, autor da matéria.
Também figuram nesse grupo youtubers e influenciadores como Felipe Neto, Nathália Rodrigues e Jones Manoel.
Já os oito “neutros informativos” citados são Alex Silva, Malu Gaspar, Altair Alves, Cristiana Lôbo, Monica Bergamo, Marcelo Lins, Ricardo Barboza e Octavio Guedes.
No grupo dos “favoráveis” estão Roger Rocha Moreira, Milton Neves, Rodrigo Constantino, Guilherme Fiuza, Winston Ling, Camila Abdo, Tomé Abduch. Para eles, o relatório sugere que o “envio de matéria e projetos do ME; propor parceria para divulgar ações da pasta”, além de posts em conjunto e lives.
De acordo com a reportagem, a empresa BR+ Comunicação informou que qualquer esclarecimento sobre o trabalho realizado poderiam ser prestados pelo Ministério da Economia. Já o ME respondeu que os “produtos de comunicação” são definidos no contrato pela Secom, a secretaria de comunicação da Presidência, “assim como é definido para todos os órgãos da administração direta”.
“Esclarecemos, portanto, que os órgãos não têm coordenação sobre essa entrega (Mapa de Influenciadores) mas, assim como monitoramentos de redes sociais e clipping de imprensa, ela é importante para o envio de releases, convocações para coletivas de imprensa, participações em eventos, fotos e vídeos”, diz, em nota, a pasta.
“Os contatos são feitos por e-mail. Não se faz uso de informações pessoais. O produto também não traz informações de profissionais de governos, apenas jornalistas e influenciadores de redes sociais e/ou formadores de opinião – definidos com base no número de seguidores”, conclui o ME.
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