Em carta subscrita por Leonardo Boff, católicos criticam presidente da CNBB sobre menina estuprada: perplexidade e indignação
Mensagem lembra que entidade destacou fala dizendo que aborto era “crime hediondo” e ignorou carta de bispos que denunciavam descaso com vítimas de Covid-19
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Em carta subscrita por Leonardo Boff divulgada nesta sexta-feira (21), católicos brasileiros criticaram declaração do presidente da Confederação Nacional dos Bispos do Brasil (CNBB) sobre a menina de dez anos que foi estuprada pelo tio. A garota engravidou devido à violência, que já sofria desde os seis anos, e fez um aborto autorizado pela Justiça.
Dom Walmor Oliveira disse que o caso tinha dois crimes hediondos: o estupro e o aborto. Outro líder da entidade, Dom Ricardo Hoepers, da Comissão Episcopal Pastoral para a Vida e a Família, fala do aborto como “um ato horrendo”e que “nós demos a pena capital a um bebê”.
Os católicos que assinam a mensagem falam em perplexidade e “até certo ponto indignação” com as duas falas, por dois motivos.
O primeiro, escrevem, é o “simplismo intelectual dessas falas”, que não distinguem embrião, feto e bebê. Além disso, destacam que o fato foi qualificado como “pena capital” o procedimento cirúrgico feito para salvar a vida da menina. “De uma autoridade episcopal nós esperaríamos uma linguagem pastoral de moderação, evitando excessos emotivos moralistas e juvenis”, disseram.
O outro motivo é o destaque dado às duas declarações pela CNBB. Mencionam que ambas foram publicadas no site da entidade, que ignorou oficialmente a Carta ao Povo de Deus. Essa segunda mensagem foi subscrita por mais de 150 bispos brasileiros. Ela denunciava o descaso do governo de Jair Bolsonaro, que “tolera a morte de mais de 100 mil pessoas pelo Covid-19”.
A mensagem se encerra lamentando o “apequenamento da CNBB” e dizendo que seus autores esperam ver o seu “ressurgimento”, com os bispos que denunciam os governantes que destroem a vida das pessoas e a natureza.
Fabíola Salani
Graduada em Jornalismo pela Universidade Metodista de São Paulo. Trabalhou por mais de 20 anos na Folha de S. Paulo e no Metro Jornal, cobrindo cidades, economia, mobilidade, meio ambiente e política.
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