segunda-feira, 4 de janeiro de 2021

Justiça britânica nega pedido de extradição de Julian Assange para os EUA

 

PERSEGUIÇÃO

Justiça britânica nega pedido de extradição de Julian Assange para os EUA

Corte alegou que o quadro de saúde do jornalista não permite a extradição

Brasil de Fato | São Paulo (SP) |
 

Ouça o áudio:

00:00
01:53
Download
A defesa de Assange reforçou que o pedido de extradição é motivado politicamente - Foto: Ben Stensal/AFP

O pedido dos Estados Unidos pela extradição do jornalista Julian Assange, fundador do WikiLeaks, não foi aceito pela Justiça britânica, em decisão tomada nesta segunda-feira (4). Segundo a Corte, o estado de saúde frágil de Assange e a ausência de garantias de que o sistema penitenciário estadunidense é capaz de mantê-lo em segurança foram suficientes para decidir não extraditá-lo. 

Atualmente, Assange está detido na prisão de segurança máxima de Belmarsh e é acusado pelos Estados Unidos de violar a lei de espionagem pela divulgação de documentos que expuseram as violações cometidas por militares dos Estados Unidos nas Guerras do Afeganistão e do Iraque. No total, o ativista é acusado por 18 crimes pelos quais pode ser condenado a 175 anos de prisão. 

A defesa de Assange reforça que o pedido de extradição tem motivação política, perseguição que, segundo eles, foi intensificada nos últimos anos com a eleição do republicano Donald Trump.

Em manifestação pelo Twitter, o jornalista Glenn Greenwald ponderou que, embora a decisão seja uma "ótima notícia", o tribunal britânico acolheu as teorias estadunidenses, "mas no final das contas considerou o sistema prisional dos Estados Unidos muito desumano para permitir a extradição".

"Esta não foi uma vitória para a liberdade de imprensa. Muito pelo contrário: a juíza deixou claro que acreditava que havia motivos para processar Assange em relação à publicação de 2010", acrescentou em publicação na rede social.

Greenwald apontou ainda que não está claro se Assange será mantido preso. "Em última análise, porém, de uma perspectiva humanitária e política, o que mais importa é que Assange seja libertado o mais rápido possível. O governo dos EUA não se importa em qual prisão ele está, ou por quê: eles apenas o querem silenciado e em uma gaiola."

Saúde de Assange

Os advogados também demonstraram preocupação com a saúde mental de Assange e reforçaram que suas condições são muito graves. Um psiquiatra que o acompanha na prisão do Reino Unido declara ao tribunal que, caso o ativista seja extraditado e enviado para uma prisão de segurança máxima nos Estados Unidos, há um alto risco de suicídio. 

:: “Se Julian Assange é culpado, eu também sou”, afirma Roger Waters ::

Em entrevista coletiva à imprensa, Stella Morris, noiva de Assange, criticou o longo processo de perseguição e tortura psicológica a qual o ativista tem sido submetido nos últimos anos. Ela acrescentou que a perseguição é um precedente para que todos jornalistas que publiquem informações que não agradem o governo sofram o mesmo processo violento. 

Edição: Camila Maciel

Nenhum comentário:

Postar um comentário