Edmilson Rodrigues: “Se um governo de esquerda não faz revolução, pode garantir a todos o direito de comer”
Prefeito de Belém regulamentou nesta terça-feira um programa de renda mínima que pode chegar até R$450 e concedeu entrevista a veículos de mídia alternativa; confira
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Enquanto o governo federal corta o auxílio emergencial e, após pressão, trabalha para retomá-lo no valor de apenas R$200, e ainda com contrapartidas sociais, o prefeito de Belém (PA), Edmilson Rodrigues (PSOL), implanta um programa de renda mínima que deve atenuar a extrema pobreza a que milhares de pessoas na capital paraense foram submetidas com a pandemia do coronavírus.
Trata-se o “Bora Belém”, que vai garantir até R$450 a pessoas em situação de vulnerabilidade. O programa foi regulamentado nesta terça-feira (23) e as parcelas começarão a ser pagas já a partir do dia 8 de março.
A ideia inicial do programa é garantir renda a pelo menos 22 mil famílias de Belém que não recebem sequer o Bolsa Família.
Em entrevista coletiva organizada pelo Centro de Estudos da Mídia Alternativa Barão de Itararé, que contou com a participação da reportagem da Fórum, Edmilson Rodrigues celebrou o fato de que o projeto de lei que criou o Bora Belém foi aprovado por unanimidade na Câmara Municipal.
“Vários vereadores que não são propriamente de esquerda estão na nossa base. O primeiro projeto que enviei foi pra criar a renda mínima, e hoje assinamos o decreto, foi aprovado por unanimidade”, afirmou.
Promessa de campanha, o Bora Belém foi criticado por opositores do prefeito por, supostamente, ser inviável, já que a prefeitura de Edmilson conta com um orçamento de apenas R$3,7 bilhões.
Segundo Rodrigues, no entanto, o orçamento deve conter “conteúdo político” e, exatamente por priorizar politicamente a destinação dos recursos, que ele conseguiu viabilizar o programa de renda mínima.
“Vamos começar no dia 8 de maior a pagar a renda mínima de até 450 reais. Milhares de famílias que não recebem nem Bolsa Família serão contempladas. Vamos combater a fome, como eu prometi. Um monte de gente disse que não era possível, porque o estado é pobre, não tem previsão orçamentária… Mas orçamento não é uma questão financeira somente, ou uma técnica de legislar autorização de gastos. Orçamento é também ter um conteúdo político”, analisou o prefeito.
Ex-deputado federal e à frente do comando de Belém em outros dois mandatos, quando era filiado ao PT, Edmilson Rodrigues tem experiência como gestor público de esquerda e afirma que é obrigação de um governo deste campo político garantir o mínimo de cidadania às pessoas.
“Um governo de esquerda não vai fazer socialismo por decreto. Mas se não consegue fazer revolução, tem que mostrar ao menos a intencionalidade de garantir a todos os cidadãos o direito de comer”, declarou o psolista.
Assista, abaixo, à integra da entrevista.
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