Após assumir Defesa, Braga Netto defende celebração do golpe de 64
"Canalhas sádicos! Vamos apresentar nova ação e denunciá-lo na Corte Interamericana de Direitos Humanos", protestou a deputada Natália Bonavides (PT)
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Em um de seus primeiros atos como novo ministro da Defesa, o general Walter Souza Braga Netto defendeu nesta terça-feira (30) que “devem ser compreendidos e celebrados os acontecimentos” de 31 de março de 1964 – data do golpe militar que derrubou o governo de João Goulart e deu início aos 24 anos de ditadura.
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“As Forças Armadas acabaram assumindo a responsabilidade de pacificar o País, enfrentando os desgastes para reorganizá-lo e garantir as liberdades democráticas que hoje desfrutamos”, afirma o general, que chegou ao posto após a queda de Fernando Azevedo e Silva.
“Em 1979, a Lei da Anistia, aprovada pelo Congresso Nacional, consolidou um amplo pacto de pacificação a partir das convergências próprias da democracia. Foi uma transição sólida, enriquecida com a maturidade do aprendizado coletivo. O País multiplicou suas capacidades e mudou de estatura. […] O movimento de 1964 é parte da trajetória histórica do Brasil. Assim devem ser compreendidos e celebrados os acontecimentos daquele 31 de março”, diz ainda a mensagem.
A nota é publicada em meio a uma crise política provocada pela reforma ministerial de Jair Bolsonaro, que expulsou Azevedo e Silva do governo e provocou a demissão dos forçou a renúncia dos comandantes das três Forças Armadas às vésperas do aniversário do golpe.
A deputada federal Natália Bonavides (PT-RN) protestou contra a nota em seu perfil no Twitter e afirmou que a Corte Interamericana de Direitos Humanos (CIDH) será acionada. “‘As Forças Armadas acabaram assumindo a responsabilidade de pacificar o País’, diz o ministério da defesa, e que o golpe de 64 deve ser celebrado. A pacificação estaria em colocar ratos nas vaginas de mulheres torturadas? Em matar e ocultar cadáveres (até hoje)? Canalhas sádicos!”, escreveu.
“Com mais de 315 mil mortes pela política genocida, o governo Bolsonaro acaba de lançar nota comemorativa do golpe militar de 1964 que torturou e matou. Vamos apresentar nova ação e denunciá-lo na Corte Interamericana de Direitos Humanos”, completou.
Bonavides chegou a acionar a Justiça, em 2020, pedindo que o Ministério da Defesa retirasse de seu site conteúdo alusivo e comemorativo ao 31 de março. Ela venceu em primeira instância, mas o Tribunal Regional Federal da 5ª Região reverteu a decisão.
Lucas Rocha
Jornalista da Sucursal do Rio de Janeiro da Fórum.
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