Deu na Imprensa - 30/03/2021
- Fundação Perseu Abramo <listmaster@fpabramo.org.br>À :gsgouvea10@yahoo.com.brmar. 30 mars à 18:19Fundação Perseu Abramo - Deu na Imprensa
Se não estiver visualizando clique aquiA troca de cadeiras no governo Bolsonaro é o principal assunto dos jornais nesta terça-feira, 30 de março, e ganha manchetes da Folha, Estadão, O Globo e Valor – além de ampla repercussão na mídia estrangeira. Das manchetes de capa dos jornalões, quem parece melhor ter percebido o impacto político do movimento do presidente da República é o Estadão. O jornal destaca que a queda do ministro da Defesa ocorreu porque o General Fernando Azevedo e Silva recusou o uso político das Forças Armadas. Valor resume: reforma ministerial não apaga a luz amarela.
O desdobramento mais importante do movimento de peças ministeriais acontece hoje e deve reverberar no meio político: os comandantes das Forças Armadas devem deixar seus cargos. O movimento acontece às vésperas do aniversário do Golpe de 1964. Vale destacar o estelionato cometido pelo Estadão contra o leitor, ao comparar o movimento de Bolsonaro com Dilma Rousseff. "Bolsonaro pode repetir Dilma ao nomear aliado", reporta, referindo-se ao fato de o presidente indicar um militar de sua preferência para o posto e não o mais antigo. Contrário à politização das Forças Armadas, o General Edson Leal Pujol deve deixar hoje Comando do Exército. O nome cotado é do General Freire Gomes, comandante militar do Nordeste, um general de três estrelas.
Os colunistas se dedicam hoje à tratar dos desdobramentos da mudança ministerial. No Valor, Maria Cristina Fernandes diz que os militares resistem ao alinhamento a Bolsonaro. "A gota d'água que levou o caldeirão de insatisfações do presidente com o ex-ministro da Defesa a transbordar foi a notícia de que o Exército se prepara para a terceira onda da covid-19, com reforço do isolamento social. Bolsonaro cobrou a demissão do general que deu entrevista sobre o tema, Azevedo e Silva a recusou e caiu",reporta.
No Estadão, Eliane Cantanhede aponta que os "militares se unem a Judiciário e Legislativo para dizer 'não' a Bolsonaro" e que "Azevedo e Silva não segue cartilha da humilhação e submissão do general Eduardo Pazuello". E ressalta: "Nem os militares aguentam mais". Segundo a colunista, "na Marinha e na Aeronáutica concentram-se a insatisfação com a falta de compostura do presidente e a indignação com as menções recorrentes às Forças Armadas para ameaças e chantagens políticas".
No Globo, Merval Pereira avalia que Bolsonaro tenta aplicar um autogolpe, mas acredita que o movimento não será fácil. "O general Azevedo e Silva segue general de quatro estrelas e é figura importante nas Forças Armadas", observa. "Pelos motivos que saiu, mostra que os militares estão comprometidos com o estado democrático de direito, e não será fácil a Bolsonaro usar as Forças Armadas como instrumento político para um possível autogolpe".
No Globo, Míriam Leitão vê Bolsonaro aprofundando a crise em que vive com a mexida no gabinete. "O governo Bolsonaro está numa crise sistêmica. As áreas estão colapsando, nada funciona. O presidente ficou acuado pelo Centrão, que queria mais espaço, e pelos movimentos do Senado contra o ex-ministro das Relações Exteriores. Cedeu, mas fez ao mesmo tempo várias mudanças e numa delas tocou numa questão sensível: a militar", aponta. "Bolsonaro tentou fazer três movimentos ontem. Agradar o Centrão, acalmar o Senado, que estava em pé de guerra, e derrubar mais barreiras para o uso dos militares da ativa para demonstrar força e dissuadir adversários".
Na Folha, Igor Gielow enxerga no movimento brusco do presidente uma "jogada desesperada" em que arrisca uma crise militar. "Bolsonaro desenha alteração ministerial para tentar chegar competitivo na eleição de 2022", observa. "O cenário de crise para o presidente está desenhado desde que o fim do auxílio emergencial foi acompanhado da propagação da variante P.1 de Manaus para o mundo, com escala preferencial no resto do Brasil". Ele avalia: "A demissão abrupta de Fernando Azevedo chocou comandantes militares pela forma e pelo conteúdo. A demanda de Bolsonaro por mais solidariedade do meio de onde emergiu é um pavio aceso para novas confusões institucionais".
LAVA JATO
Na Folha, Monica Bergamo informa que a Lava Jato 'ajudou a eleger o Bozo' e é preciso se desvincular dele, diz procuradora a Dallagnol em diálogos. A procuradora Jerusa Viecili afirma que 'só assim' jornalistas voltariam a confiar na operação e que procuradores ficavam em silêncio até mesmo diante de elogios à ditadura. Os operadores da Lava Jato discutiram, em março de 2019, uma forma de se desvincular de Bolsonaro para que os jornalistas voltassem a dar credibilidade à operação. As conversas foram entregues nesta segunda ao Supremo Tribunal Federal pela defesa de Lula. Os advogados foram autorizados pela Corte a ter acesso ao material da Operação Spoofing, que investiga o hackeamento dos diálogos. As conversas foram analisadas pelo perito e auditor Cláudio Wagner.
KICIS
Ainda na Folha, Joel Pinheiro da Fonseca cobra providências contra a presidenta da Comissão de Constituição e Justiça, deputada Bia Kicis (PSL-DF) por elogiar policial militar que se rebelou na Bahia. "Vamos tolerar uma deputada louvar um ato terrorista e pregar o motim policial?", aponta. "Não acredito que algum delírio golpista será bem-sucedido, mas isso não apaga o fato assombroso de que a democracia, embora resista, esteja sob ataque constante".
Ele trata do episódio ocorrido no final de semana em que um PM de Salvador, em surto psicótico, se rebelou contra o pelotão e, armado de fuzil, passou a gritar enraivecido e a atirar para o alto. "Gritava supostamente em defesa de trabalhadores e contra o lockdown, mas isso não o impediu de jogar as mercadorias e bicicleta de ambulantes no mar", diz Pinheiro. "Depois de mais de três horas de negociação com integrantes do Bope, disparou na direção dos policiais. Aí foi preciso agir. O PM foi alvejado, recebeu atendimento médico, mas não resistiu". A deputada publicou tuíte em homenagem ao policial morto, colocando-o na posição de herói.
ORÇAMENTO
Folha noticia que o Orçamento aprovado pelo Congresso na semana passada para 2021 estoura teto de gastos em R$ 31,9 bilhões. Cortes terão de ser em emendas parlamentares e dependem do próprio Congresso, afirma Instituição Fiscal Independente, ligada ao Senado. A projeção foi divulgada pela IFI e está próxima de cálculos feitos pelo Ministério da Economia e por outros economistas.
O governo discute como vai resolver o impasse no Orçamento de 2021 enquanto o TCU se prepara para elevar o tom e cobrar da Casa Civil ou do Ministério da Economia explicações sobre os procedimentos que levaram aos problemas nos números. O texto foi aprovado com menos recursos que o necessário para despesas obrigatórias, como aposentadorias. Isso ocorreu após o Ministério da Economia deixar de considerar a inflação atualizada nas contas e após parlamentares cortarem gastos para dar espaço a emendas.
Valor destaca as explicações do relator do Orçamento, senador Márcio Bittar (MDB-AC), que disse ter elaborado o projeto junto com o governo. Ele afirmou que tudo que lhe pediram ele procurou atender; segundo fontes, no entanto, Bittar teria descumprido acordo ao aumentar os recursos para as emendas parlamentares.
PANDEMIA
Na imprensa internacional, um dos assuntos do dia está em despacho da agência espanhola EFE e nas redes sociais da OMS: começa a surgir um consenso entre os líderes mundiais por um tratado pandêmico: "Ninguém está seguro até que todos estejam seguros". Mais de vinte países apoiam a proposta europeia de criar o Tratado contra a Pandemia para construir uma "arquitetura internacional de saúde mais forte". O assunto ganha as capas de jornais europeus, como o Diário de Notícias e Público, de Portugal, assim como o espanhol El Mundo.
"Acreditamos que as nações devem trabalhar juntas para alcançar um novo tratado internacional de preparação e resposta à pandemia", diz o texto, assinado por chefes de Estado da proposta liderada pelo diretor-geral da Organização Mundial da Saúde (OMS), Tedros Adhanom Ghebreyesus, e o presidente do Conselho Europeu, Charles Michel. Vinte e cinco líderes assinam o documento, incluindo Boris Johnson (Reino Unido), Angela Merkel (Alemanha), Emmanuel Macron (França), Antonio Costa (Portugal). Da América do Sul, apenas Sebastián Piñera, do Chile. O tratado deve estar pronto em maio.
NA GRINGA
O diário americano Wall Street Journal noticia a reformulação do gabinete de Bolsonaro, ressaltando que a decisão ocorre em meio a crescente raiva pelo número de mortos da Covid-19. "Jair Bolsonaro lutou contra os apelos por seu impeachment, já que as mortes pela doença ultrapassaram 300 mil", aponta o jornal, em reportagem de Samantha Pearson e Luciana Magalhães.
O britânico Financial Times vai na mesma pegada: Bolsonaro, do Brasil, sacode gabinete enquanto a pressão aumenta por causa do Covid. "Líder de direita corta diplomata e ministro da defesa enquanto país enfrenta segunda onda", destaca a reportagem de Michael Pooler.
"Com a maior nação da América Latina lutando contra seu pior episódio da pandemia, um dia de renúncias e rumores terminou com uma nova formação para um governo que luta para conter a segunda onda mais mortal da doença", diz o texto. "Ernesto Araújo, o principal diplomata do país, se ofereceu para pedir demissão na segunda-feira, segundo a mídia local, após telefonemas de legisladores insatisfeitos com os esforços do Brasil para adquirir vacinas contra o coronavírus".
No francês Le Monde, destaque na capa do jornal sobre a queda da capital econômica do país – "Não sei se São Paulo vai se recuperar". Em reportagem, o correspondente Bruno Meyerfeld relata que na principal cidade brasileira, as enfermarias dos hospitais de terapia intensiva estão mais uma vez lotadas de pacientes cada vez mais jovens.
"O número de mortes semanais relacionadas ao coronavírus dobrou em um mês", reporta. São Paulo é a "capital da pandemia". "Os jovens doentes com corpos torturados são como São Paulo: o pulmão econômico e cultural do Brasil, um colosso de ferro e concreto com 12 milhões de habitantes (o dobro incluindo os subúrbios) hoje está de joelhos e com o coração partido", diz o texto.
Sobre a mudança no governo brasileiro, Le Monde ressalta que Bolsonaro irritou altos oficiais do exército. "A saída do general Azevedo e Silva ocorre em um momento de grande tensão entre o exército e Jair Bolsonaro", relata o diário francês. O jornal diz que o país se surpreendeu com a dimensão do movimento anunciado nesta segunda-feira, e em particular com a substituição do Ministro da Defesa, Fernando Azevedo e Silva.
"Ao demitir o ministro da Defesa, Bolsonaro queria enviar um sinal a Pujol e aos soldados moderados, que resistem aos seus ataques autoritários", analisa Mathias Alencastro. "Este general 4 estrelas de 67 anos, com um temperamento plácido, era, pelo contrário, visto como um dos elementos mais pragmáticos do governo no poder", aponta o jornal. O jornal chama Ernesto Araújo de conspiracionista assumido e "coronacético" e trumpista de coração era da ala mais obscurantista do poder bolsonarista. "Com a eleição de Joe Biden, nos Estados Unidos, sua saída dos palcos tornou-se inevitável", escreve o correspondente.
O diário espanhol El País informa que a renúncia de dois ministros abre a maior crise do governo Bolsonaro em meio a uma pandemia. "O presidente troca os titulares de seis carteiras após as renúncias em Relações Exteriores e Defesa", sublinha o jornal. "O militar foi demitido abruptamente por Bolsonaro após declarações de um subordinado à imprensa sobre os benefícios do isolamento social, a máscara e depois de prever uma terceira onda". O periódico apresenta Araújo, como "fervoroso anticomunista e trumpista", e considerado "o maior responsável pelo fato de o país não ter conseguido comprar na China e em outros mercados as doses suficientes para realizar uma vacinação em massa".
O argentino Clarín destaca o aprofundamento da crise política no Brasil. Acuado pelo descontrole do coronavírus, Jair Bolsonaro trocou 6 ministros, incluindo chanceler – destaca a manchete do jornal. "Antes, o chanceler Ernesto Araújo havia renunciado. Além do polêmico chanceler, ele destituiu os chefes de Defesa, Justiça, Casa Civil, Chefe de Governo e o Advogado Geral da República. O presidente, portanto, cede aos seus parceiros centrais", aponta.
"O presidente do Brasil procurou, assim, dar uma demonstração de autoridade com uma forte mudança em seu gabinete. A ação de Bolsonaro surpreendeu o mundo militar, principalmente porque o presidente se irritou com a posição do chefe do Exército, general Edson Pujol, a favor da quarentena", informa o jornal.
Página 12 dá destaque às mudanças no gabinete de Bolsonaro na capa da edição desta terça-feira, apontando que o presidente brasileiro está "encurralado". "A reforma ministerial ocorre quando o presidente de extrema direita se vê encurralado pela pandemia que custou a vida a pouco menos de 314 mil pessoas e infectou 12,5 milhões no Brasil", escreve o correspondente Dario Pignotti. "Nesta segunda-feira, dois dias antes do aniversário do golpe de 1964, que certamente será evocado com elogios, foram anunciadas tantas e tão repentinas mudanças que é difícil avaliá-las como um todo".
A Argentina parece viver o prenúncio de uma segunda onda da Covid, de acordo com os jornais do país vizinho. O Página 12 e o Clarín destacam que novas infecções por coronavírus ultrapassaram 14 mil pessoas nas últimas 24 horas, sendo 2 mil em Buenos Aires. "O Ministério da Saúde informou que foi detectada circulação comunitária da ameaçadora variante Manaus, além da do Reino Unido", diz o P12. "O governo exortou todas as jurisdições, especialmente as mais afetadas, a serem extremamente cuidadosas".
Os diários alemães Frankfurter Allgemeine Zeitung e Sueddeutsche Zeitung também noticiam a reforma ministerial e apontam que a "drástica medida do presidente (Bolsonaro) provavelmente está relacionada à sua política devastadora para o coronavírus". Diz o texto nos dois jornais, a partir de despacho da agência alemã de notícias DPA: "Bolsonaro ficou sob pressão crescente há cerca de uma semana, quando o Brasil registrou pela primeira vez mais de 3.000 mortes por corona em 24 horas e ultrapassou a marca de 300.000 mortes por corona no total. Ele minimizou os perigos da Covid-19 desde o início. Em nenhum outro país tantas pessoas morrem todos os dias em decorrência da doença como no Brasil".
AS MANCHETES DO DIA
JORNAIS
Folha: Bolsonaro troca 6 ministros, afaga o Centrão e surpreende militares
Estadão: Ministro da Defesa cai por recusar uso político das Forças Armadas
O Globo: Pressionado, Bolsonaro cede ao Centrão e tenta controlar militares
Valor: Pressionado, Bolsonaro substitui seis ministros
El País (Brasil): Bolsonaro troca seis ministérios para acomodar Centrão e tentar sair das cordas
PORTAIS
BBC Brasil: Covid-19: como evitar mortes em família e o drama do contágio dentro de casa
UOL: Com trocas ministeriais, Bolsonaro tenta fidelizar apoio do centrão
G1: Bolsonaro faz aceno ao Centrão e busca maior influência nos quartéis
R7: Fiocruz entrega nesta semana 2,4 milhões de doses de vacinas contra covid produzidas no país
BLOGOSFERA
Luís Nassif: Os movimentos de Bolsonaro para radicalizar a política
Tijolaço: Os militares provam de seu veneno com Bolsonaro
Brasil 247: Lava Jato investigou ilegalmente STF e queria chegar aos "amigos do Gilmar"
DCM: Ministro da Defesa foi demitido porque Bolsonaro quer mais apoio militar
Rede Brasil Atual: Brasília vive terremoto de especulações. Bolsonaro muda comando de 'centro nervoso' do governo
Brasil de Fato: Troca-troca no governo gera reações: "Não será suficiente", diz líder da oposição
Ópera Mundi: Pandemia exige revisar o papel do Estado, diz Monica de Bolle
Vi o Mundo: Ricardo Kotscho: Recusa em apoiar Estado de Sítio levou Bolsonaro a demitir o ministro da Defesa
Poder 360: Bolsonaro muda 6 ministros e indicados reforçam alinhamento ao Planalto
INTERNACIONAL
New York Times: Quando o julgamento de assassinato do Floyd começa, o vídeo de 9 minutos é o foco de ambos os lados
Washington Post: Primeiro dia emocional no julgamento de Chauvin
WSJ: Navio é liberado após seis dias, abrindo Suez ao comércio global
Financial Times: Credit Suisse e Nomura alertam sobre prejuízos após venda vinculada à Archegos
The Guardian: Chamada para investigação urgente sobre abuso sexual em série nas escolas
The Times: Estamos no caminho certo para reabrir lojas e pubs, diz primeiro-ministro
Le Monde: Covid: Governo pegou na terceira onda
Libération: O que ele está esperando?
El País: Interior permite a "patada na porta" contra festas ilegais
El Mundo: Correios paga 2 milhões em assessoria a uma consultoria do Panamá
Clarin: Houve 14.014 casos em um dia, a cifra mais alta desde outubro passado
Página 12: Eramos poucos
Gramna: Cinco continentes contra o bloqueio norte-americano a Cuba
Diário de Notícias: "Não há crise". Mas Costa mantém opções em aberto
Público: Centros de vacinação em massa vão precisar de 5.200 profissionais
Frankfurter Allgemeine Zeitung: Canal de Suez aberto para remessa novamente
Süddeutsche Zeitung: A nova moeda é chamada de lazer
The Moscow Times: Comentários de elogio a Hitler do apresentador de TV pró-Kremlin da polícia russa
Global Times: A principal legislatura da China aprova por unanimidade o plano de revisão eleitoral de Hong Kong
Diário do Povo: Xi enfatiza o papel das relíquias culturais revolucionárias em inspirar as pessoas
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