O Brasil registrou, na sexta-feira 19, de acordo com o Conselho Nacional de Secretários de Saúde (Conass), 2.815 mortes por Covid-19 em 24 horas. A média móvel ficou em 2.173. Com o número, o País ultrapassou os 290 mil óbitos provocados pela doença. Ao todo, são mais de 11 milhões de casos contabilizados. Em mais uma semana de recordes, a Fundação Oswaldo Cruz divulgou um boletim que constatou: É o maior colapso sanitário e hospitalar da história do Brasil. Segundo a Fiocruz, até o início da semana, dos 27 estados, 24 e o Distrito Federal estavam com taxas de ocupação de leitos de UTI Covid-19 iguais ou superiores a 80%. Os dados indicam o que especialistas alertam há algum tempo: o risco iminente de colapso do sistema de saúde e funerário do País. Diante das circunstâncias, a Frente Nacional de Prefeitos enviou ao governo federal, na quinta-feira 18, um ofício em que alerta sobre a possível falta de oxigênio e de medicamentos já nos próximos dias. “O aumento sem precedentes no número de contaminados com o coronavírus e da demanda por atendimento hospitalar aponta para um cenário potencialmente ainda mais trágico já nos próximos dias: a falta de oxigênio e de medicamentos para sedação de paciente intubados", diz o documento "Já há registros, de Norte a Sul do País, de escassez e iminente falta desses insumos imprescindíveis para enfrentar à COVID-19”, completa. No documento, os prefeitos pedem que o Ministério da Saúde reforce a aquisição de remédios e determine o redirecionamento de insumos e produtos. “Não é razoável que pessoas, cidadãos brasileiros, sejam levados à desesperadora morte por 'afogamento' no seco, ou que sejam amarrados e mantenham a consciência durante o delicado e doloroso processo de intubação e depois na sua longa permanência", afirmam. Junto aos prefeitos, o Conselho de Farmácia também manifestou "extrema preocupação" com a falta de medicamentos. O trágico cenário brasileiro, indicam especialistas, caminha para uma solução inevitável: um lockdown nacional, além da vacinação. “Teríamos que ter um lockdown em um período mínimo de 21 dias para podermos impedir a circulação das pessoas que já estão contaminadas, pois hoje nós temos pessoas que se contaminaram muito recentemente e ainda não desenvolveram os sintomas da doença”, explica a epidemiologia Ethel Maciel, da Universidade Federal do Espírito Santo (UFES), em conversa com CartaCapital. Com a possibilidade, o presidente Jair Bolsonaro entrou com uma ação no Supremo Tribunal Federal para derrubar decretos dos governos do Distrito Federal, da Bahia e do Rio Grande do Sul que determinaram restrições de circulação de pessoas. Na ação, o governo federal pede que o STF confirme que o fechamento de atividades não essenciais durante a pandemia só pode ter por base uma lei aprovada pelo Legislativo, e não decretos de governadores. Em resposta, o governador da Bahia, Rui Costa (PT), afirmou que Bolsonaro, "além de não ajudar, atrapalha". “Essa ação é mais uma vez a tentativa dele de mostrar que é aliado do vírus, aliado da morte. Ele vive da crise, do colapso, e como ele é incapaz, incompetente para gerir o país, quer aprofundar ainda mais a crise para tentar polarizar com uma parcela da sociedade”, disse o governador. O resultado da gestão de Bolsonaro frente à pandemia, além do recorde de mortes, resultou na avaliação de 56% dos brasileiros de que o presidente é incapaz de liderar o País, segundo apontou o Datafolha. Na mesma pesquisa, constatou-se que Bolsonaro bateu recorde de rejeição por sua atuação na pandemia. O instituto ainda mostrou que, para 79% dos brasileiros, a pandemia está fora de controle. Em São Paulo, na quinta-feira, o prefeito Bruno Covas (PSDB) confirmou a primeira morte na capital por falta de leito de UTI. No estado de SP, na sexta, o número passava de 100.
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