As manchetes dos jornais nesta quinta-feira, 18 de março, se dividem entre a alta dos juros de 0,75% da taxa da Selic, definida ontem pelo Banco Central – a maior alta em dez anos – e o agravamento da crise sanitária. O assunto é o destaque central da Folha, O Globo e Valor. Já o Estadão alardeia na primeira página o colapso do sistema de saúde e alerta: o Brasil hoje enfrenta a maior crise sanitária da história. A piora do quadro tende a se agravar com a previsão de especialistas de que o país vai registrar 4 mil mortes por dia até abril. Secretários de Saúde prevêem que a pandemia só deve melhorar no fim de maio. Outro destaque do dia é a denúncia da Folha de que o Ministério da Saúde distribuiu máscaras impróprias a profissionais na linha de frente da Covid-19. O jornal diz que a Anvisa vê riscos na medida. De acordo com o jornal, a fornecedora do ministério é representada por uma distribuidora cujo dono é o presidente da Associação Brasileira das Empresas de Luxo. O ministério não quis comenta a notícia. O UOL colocou na manchete principal. Folha traz mais dados do Datafolha: 56% dos brasileiros afirmam que Bolsonaro não tem condição de liderar o país. A pesquisa indica que o presidente enfrenta alta de rejeição ao seu governo e à sua ação na pandemia. O número dos que consideram Bolsonaro capaz de liderar foi de 46% para 42%, oscilação negativa no limite da margem de erro, de lá para cá. Não souberam responder 3%, ante 4% no começo do ano. O instituto Datafolha mostra ainda que 50% são contra o impeachment de Bolsonaro, e 46%, a favor. A edição brasileira do El País vai na manchete com política e relata que o Centrão vai usar a crise na saúde e a rejeição a Bolsonaro para elevar seu preço. O grupo político liderado por Arthur Lira agora quer reivindicar cinco ministérios. O jornal lembra que a base de Bolsonaro tem um pedido de impeachment e uma CPI como instrumentos de pressão contra o Palácio do Planalto. A reportagem menciona que o presidente tem sua gestão na pandemia reprovada por 54% das pessoas. LULA Mídia dá destaque à entrevista do ex-presidente Lula a jornalista Christiane Amanpour, da CNN Internacional, que deve ir ao ar nesta quinta-feira de noite também na PBS. Ela publicou trecho da entrevista em seu perfil oficial no Twitter, em que o ex-presidente disse que não vai negar convite para ser candidato. Mas a grande declaração não foi sobre sucessão. Lula anunciou que está pedindo ao presidente Joe Biden uma reunião emergencial do G20 para discutir a distribuição de vacinas contra a Covid-19 para o Brasil e países mais pobres. Folha reporta que Lula tenta se contrapor a Bolsonaro. A CNN Brasil deu destaque. o Correio Braziliense, atenção à nota de Denise Rothenburg informando que o Centrão está rachado e que o ex-presidente Lula decidiu investir na base do governo. Ela informa que Lula quer o prefeito de Belo Horizonte, Alexandre Kalil, para vice na chapa presidencial – de olho em 2022. "A ideia é repetir a fórmula da campanha vitoriosa de 2002, quando Lula fez chapa com o então senador José Alencar, de Minas Gerais", escreve. "Kalil, bem colocado para o governo do estado, não pensa nessa hipótese. O leque de 2022 ainda terá muitos ensaios". Atenção à entrevista do governador do Maranhão, Flávio Dino (PCdoB) no Estadão. "Para vencer Bolsonaro, esquerda deve se unir ao centro", defende. Ele afirma ser 'imperativo' uma união das forças políticas para impedir a reeleição do presidente. "(Lula) já mostrou estar disposto a construir um projeto de nação que olhe para o futuro mais do que para o passado", elogia.
Nenhum jornal da tradicional mídia comercial repercute a pesquisa realizada pelo Poder 360 – e divulgada ontem pela TV Bandeirantes – que mostra a disparada de Lula na corrida presidencial. Ele venceria a eleição no segundo turno contra Bolsonaro por 41% dos votos, contra 36% do atual presidente. A pesquisa foi realizada com 3.500 entrevistas. A margem de erro é de 1,8 ponto percentual. Ciro Gomes também aparece em vantagem no segundo: 39% contra 34% de Bolsonaro. No primeiro turno, se a eleição fosse hoje, Lula teria 34%, seguido por Bolsonaro, com 30%. Sergio Moro surge com 6%, Ciro Gomes (PDT), com 5% e Luciano Huck, com 4%, Outros nomes do chamado centro têm menos de 5%: João Amoedo (Novo) surge com 3% e Luiz Henrique Mandetta (DEM), 2%. Votos em branco e nulos somam 10%. Não sabe ou não quiseram responder, 3%. A revista Fórum destaca na manchete do site a boa imagem de Lula captada na rodada de pesquisa, divulgada ontem. Para 39,4%, Lula foi o melhor presidente desde a redemocratização. Dados da 8ª Pesquisa Fórum mostram que mulheres, eleitores mais pobres e jovens – que nunca votaram no ex-presidente – são os que mais aprovam as gestões de Lula. Com Bolsonaro, quadro é inversamente proporcional. Ainda sobre o ex-presidente, jornais relatam que o juiz da Lava Jato de Curitiba mantém bloqueio de bens de Lula ao enviar processos do petista ao Distrito Federal. O envio dos processos cumpre a decisão do ministro Edson Fachin, do Supremo Tribunal Federal, no início deste mês. O juiz Luiz Antonio Bonat, que substituiu Moro na 13º Vara Federal de Curitiba em 2018, disse que o juiz que assumir o caso no Distrito Federal poderá decidir sobre o patrimônio do ex-presidente. A defesa de Lula anunciou que vai recorrer. Folha dá página inteira para apresentar ao leitor o novelo jurídico do dos processos que envolvem o ex-presidente. Conheça possíveis caminhos eleitorais e jurídicos de Lula a depender de decisões do Supremo. Processos que estavam em Curitiba podem seguir quatro possibilidades, a depender das combinações de dois julgamentos pelo STF. Um infográfico detalha os percursos jurídicos, desde a manutenção da decisão do ministro Luiz Edson Fachin – anulando os processos e permitindo a Lula se recandidatar à Presidência – até a reversão do despacho do ministro pelo pleno do Supremo. No Globo, Lauro Jardim informa que apesar das pressões em contrário, o plenário do Supremo estará julgando a decisão de Fachin, que anulou as condenações de Lula, dentro de duas semanas. Ainda na Folha, Monica Bergamo noticia que o presidente do TSE, ministro Luis Roberto Barroso recebeu carta de juristas, políticos e artistas defendendo julgamento de Moro no STF. O documento é apoiado por José Sarney, Chico Buarque e Elza Soares. Barroso recebeu a carta em uma videoconferência da qual participaram o ex-ministro José Eduardo Cardozo e advogados como Marco Aurélio de Carvalho, Lenio Streck, Antonio Claudio Mariz de Oliveira, Antonio Carlos de Almeida Castro, Fabio Tofic, Gabriela Araujo, Juliano Breda e Alberto Toron. COLUNISTAS No Estadão, Adriana Fernandes mostra preocupação com a situação brasileira, que se tornou dramática. "A pandemia, infelizmente, está mostrando que a maioria dos governantes, parlamentares e lideranças empresariais brasileiras não está à altura do momento para enfrentar essa guerra que mata tantos de nós e destrói a economia", opina. "Há dez dias, chocou a notícia de que morreriam 3.000 pessoas por dia no Brasil. Hoje, o número é realidade". Ela se mostra indignada: "Neste momento tão dramático, em que o foco tem de ser o bom combate da doença, é desconcertante para aqueles que escrevem sobre economia continuar falando sobre temas outros que não a pandemia, a crise do sistema de saúde e os relatos particulares de cada um dos brasileiros". No Globo, Malu Gaspar relata que a base de apoio do presidente Bolsonaro corre risco de ser desmanchada. Centrão deixa claro que não vai morrer abraçado aos cadáveres do desgoverno Bolsonaro. "Como diz uma das máximas do Centrão, 'você pode pedir qualquer coisa a uma pessoa, menos que ela se suicide'", observa. "O susto provocado pela última pesquisa Datafolha, mostrando que 54% da população avaliam como ruim ou péssima a atuação do governo na pandemia, fez o Planalto cancelar uma cerimônia em que se aglomerariam centenas de pessoas, e levou o demissionário Pazuello a dar uma entrevista defendendo isolamento social e mudança de hábitos". Já William Waack, também no Estadão, cobra responsabilidade de Congresso e diz que a situação é ruim por conta da cegueira política do presidente. "Pior ainda, essa 'mentalidade do bunker' à qual Bolsonaro está preso o levou a se isolar ainda mais na tentativa de aliviar a pressão política e social contra seu governo", observa. "No atual cada um por si é o Congresso que ocupa mal ou bem um papel central de coordenação de esforços e articulação num salve-se quem puder que está virando comoção nacional". SELIC O aumento dos juros tem repercussão global, com destaque na edição do Financial Times, que informa que o medo da inflação leva o Brasil a elevar taxas pela primeira vez em 6 anos. "A decisão do Banco Central vem em um cenário de preços em alta e uma nova onda mortal de Covid-19", noticia o diário inglês. "Vários observadores prevêem que a decisão marcará o início de um ciclo de aperto para o país do G20", reporta Michael Pooler. O americano Wall Street Journal aponta que a recuperação econômica dos Estados Unidos e os preços mais altos de combustível impelem aumento das taxas de juros no Brasil. O jornal diz que o país se tornou "a primeira grande economia a aumentar as taxas de juros neste ano" e avalia que este é um "prenúncio para outros países em desenvolvimento que poderiam ser forçados a aumentar os custos dos empréstimos e colocar em risco suas frágeis economias". COVID Despacho da Reuters, com distribuição global, destaca que Bolsonaro se opõe ao distanciamento social. A declaração ocorre justamente quando o Brasil bate recorde de 90 mil casos de Covid-19. "'Logicamente, eu estava feliz', disse Bolsonaro sobre os protestos em comentários transmitidos nas redes sociais. 'Eles mostram que as pessoas estão vivas... Queremos nossa liberdade, queremos que o mundo respeite nossa Constituição'", informa a agência. No briefing distribuído nesta manhã, o New York Times coloca no radar a crise brasileira. "As unidades da Covid-19 nos hospitais brasileiros estão quase lotando, já que o país registrou 2.841 mortes no último dia, um recorde", diz o diário americano, a partir de um informe da BBC. O argentino Clarín trata da piora da crise sanitária no Brasil, alardeando os "números alarmantes" e destacando que o país bateu novo recorde: mais de 90 mil casos de coronavírus em um único dia. "Brasil já soma cerca de 11,7 milhões de casos e se confirma como o atual epicentro global da pandemia. Houve 2.736 mortes em 24 horas, o segundo maior número em um dia", aponta. Já o Página 12 destaca a declaração do governador de São Paulo: "A situação é dramática". O português Diário de Notícias também alerta para o agravamento da crise na ex-colônia. Brasil vive o maior colapso sanitário e hospitalar da sua história, destaca o jornal, em alto de página. "A pandemia de covid-19 já matou 282.127 pessoas e infetou mais de 11,6 milhões no país, segundo dados do Ministério da Saúde brasileiro", informa o jornal, reproduzindo despacho da agência Lusa. Público vai na mesma linha: "O maior colapso sanitário e hospitalar da história do Brasil". O relato é a partir do informe da Fiocruz, o maior centro de investigação da América Latina, que pediu ao governo para endurecer "com urgência" as medidas de controlo da pandemia. O jornal também noticia que a popularidade de Bolsonaro afunda à medida que a pandemia se agrava no Brasil. O diário diz que "o momento mais dramático desde o início da pandemia da covid-19 no Brasil coincide com a perda do apoio popular por parte do presidente". O alemão Frankfurter Allgemeine Zeitung também destaca o aumento da pressão sobre o do líder da extrema-direita brasileira por conta da condução da pandemia. O correspondente Tjerk Brühwiller informa que "o número recorde de infecções e o colapso do sistema de saúde em vários estados levaram o poderoso bloco de partidos de centro-direita – o Centrão – do qual Bolsonaro depende politicamente, a sentir que a mudança no ministro da Saúde era necessária e urgente". Brühwiller menciona ainda a ameaça de impeachment: "Um influente parlamentar falou da 'última chance' de Bolsonaro dada a situação. Seria mais provável discutir seu sucessor do que um quinto ministro da saúde. Bolsonaro entendeu a mensagem". O jornal Suedeutsche Zeitung trata da mudança no comando da saúde. "E tudo começa de novo", escreve o correspondente Christoph Gurk, a partir de Buenos Aires. "O Brasil vive atualmente a pior fase da pandemia Covid-19 até o momento. Desde o início da pandemia, o presidente do Brasil minimizou os perigos do vírus", noticia. O jornal lembra que Bolsonaro interrompeu tentativas de compra de vacina na China. E reporta que "o presidente só resolver mudar de curso na condução da pandemia por conta da volta de Lula ao cenário político". |
AS MANCHETES DO DIA JORNAIS Folha: Juros sobem pela 1ª vez em seis anos Estadão: Colapso. Brasil enfrenta sua maior crise sanitária O Globo: BC faz maior alta de juro em uma década para conter inflação Valor: Copom eleva Selic para 2,75% e já prevê um novo aumento El País (Brasil): Centrão usa crise na saúde e rejeição a Bolsonaro para elevar seu preço e reivindicar cinco ministérios PORTAIS BBC Brasil: Médicos e cientistas já veem São Paulo em colapso e defendem lockdown UOL: Saúde distribui máscaras impróprias a agentes na linha de frente da covid-19 G1: Rio inicia hoje vacinação por gênero com mulheres de 75 anos R7: Bolsa Família começa a receber auxílio emergencial em 16 de abril BLOGOSFERA Tijolaço: O BC tomou o freio nos dentes? Brasil 247: Bolsonaro é questionado sobre debate com Lula, foge, mas faz ameaça: "não vai ficar elegível" DCM: Lula defende que Biden convoque G20 para debater vacinação Rede Brasil Atual: No pior colapso sanitário de sua história, Brasil supera 3 mil mortos por covid em 24 horas. E tem quase 100 mil novos casos Brasil de Fato: Brasil supera 3 mil mortos por covid em 24h. Média móvel supera 2 mil pela 1ª vez Ópera Mundi: 'O Foro é a resistência contra o neoliberalismo na América Latina', diz Mônica Valente Vi o Mundo: Ângela Carrato: Venda da Globo, um negócio para além das bilionárias cifras Fórum: Para 39,4% Lula foi o melhor presidente desde a redemocratização, diz Pesquisa Fórum Poder 360: Resultado de lockdown demora a aparecer, mas leva à queda de mortes e infecções INTERNACIONAL New York Times: Tumulto na Georgia aprofunda temores de ódio anti-asiático crescente nos EUA Washington Post: Suspeito acusado de matar 8 em tiroteios na área de Atlanta procurava spas administrados por asiáticos WSJ: Problemas de abastecimento atingem a manufatura global Financial Times: NHS alerta para 'redução significativa' no fornecimento de vacinas The Guardian: Dose de Covid para menores de 50 anos atrasa por um mês devido à escassez de vacinas The Times: Atraso para o lançamento de vacinas na Grã-Bretanha Le Monde: Sanofi: o grande desconforto dos pesquisadores Libération: Covid19. A muralha dos confinamentos El País: A política vai embarcar na batalha eleitoral por Madrid El Mundo: Fugas deixam Cidadãos sem grupo no Senado e abandonado no Congresso Clarin: Alerta para a segunda onda. Governo estuda restringir viagens entre províncias Página 12: A segunda onda Diário de Notícias: Inspetoras na PJ triplicaram em 20 anos Público: Teletrabalho: partidos se juntam para alargar despesas pagas por empresas Frankfurter Allgemeine Zeitung: Luz no escuro Süddeutsche Zeitung: Abuso na Arquidiocese de Colônia The Moscow Times: Enviado da Rússia a Washington retornará a Moscou no sábado Global Times: Exclusivo: o principal cientista chinês da equipe conjunta da OMS aborda as questões futuras Diário do Povo: "Nacionalismo de vacinas" não beneficia ninguém |
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