A semana começa com duas denúncias graves na grande imprensa, em meio aos desdobramentos da CPI da Covid, que ouvirá esta semana o ex-secretário de Comunicação da Presidência da República, Fábio Waingartner, sobre as falhas de comunicação do governo durante a crise sanitária. A Folha destaca em manchete de primeira página que o ex-chanceler Ernesto Araújo usou o Itamaraty para garantir cloroquina. O país tem agora 422.418 mortos e 15 milhões de casos.
Sobre a denúncia da Folha – que abre novo flanco à CPI –, telegramas mostram que Ernesto mobilizou Itamaraty para garantir cloroquina, mesmo após alertas. Em telefonema, Bolsonaro disse ao premiê indiano que havia resultados positivos da droga contra Covid no Brasil. Folha ainda revela que, mesmo com contraindicação na bula, Ministério da Saúde defendeu cloroquina a pacientes com deficiência genética.
Já o Estadão vem com nova denúncia forte, depois de ter revelado na edição de domingo a existência de um orçamento secreto bilionário de Bolsonaro que está bancando a compra trator superfaturado em troca de apoio no Congresso. A suspeita é clara: o governo está envolvido num grande escândalo de corrupção. Na edição desta segunda-feira, o jornal volta à carga e informa que Codevasf inchou e virou uma estatal do Centrãocom Bolsonaro. O governo expande e turbina raio de ação da empresa para destinar recursos do orçamento secreto a parlamentares aliados.
Escreve o colunista Celso Rocha de Barros, na Folha: "As primeiras sessões da CPI da Covid foram razoáveis. O número de crimes de Bolsonaro denunciados por Mandetta e Teich é suficiente para prender Bolsonaro e seus cúmplices diretos. Já Queiroga provou estar mesmo só a duas letras de distância de Fabrício Queiroz". Ele acusa os governistas Eduardo Girão (Podemos-CE) e Luiz Carlos Heinz (PP-RS) de atuarem como "Consultório do Crime" para tenta salvar Bolsonaro na CPI. "Grupo de senadores busca tumultuar investigação mentindo sobre medicina", denuncia.
LULA
El País destaca que a passagem de Lula por Brasília mexeu com a base para articular frente contra Bolsonaro em 2022. "Ex-presidente sinaliza que PT abriria mão de candidaturas estaduais e se encontra com velhos caciques da política brasileira", diz o jornal. "Em cinco dias em Brasília, o principal antagonista do atual presidente promoveu uma série de reuniões em um hotel de luxo, que simbolizam o pontapé extraoficial do PT para tentar voltar ao Palácio do Planalto", escreve Afonso Benites.
Lula esteve com representantes de diversos espectros políticos ―da direita, do centro e da esquerda. Articulou composições em chapas eleitorais em Estados considerados chave para o seu grupo, como Rio de Janeiro, Pernambuco, Ceará, Maranhão, Alagoas, Amazonas e Espírito Santo. Ainda sobre Lula, Folha noticia que a 13ª Vara Federal de Curitiba perdeu 20 ações da Lava Jato em dois anos, incluindo caso do ex-presidente.
Sobre a sucessão presidencial, Folha informa que a eleição de 2022 deve opor centrão e bolsonarismo raiz nos estados. Em busca da reeleição, Bolsonaro deve ter palanques duplos e até triplos nos estados e disputa fratricida na base aliada. De um lado, o chamado bolsonarismo raiz – aquele que ascendeu junto com ele em 2018 – briga para manter o seu protagonismo junto ao presidente e busca voos mais altos em 2022. De outro, novos aliados de Bolsonaro, sobretudo do centrão, também miram governos estaduais.
"A pesquisa mostra que apenas 1 por cento dos residentes de quilombos foram totalmente vacinados da mesma forma. As taxas são mais altas nas aldeias indígenas, onde cerca de metade foi totalmente vacinada, mas são menores ainda entre os sem-teto e encarcerados. As prisões superlotadas do Brasil estão abarrotadas com quase 754.000 presos. Mas apenas 1.000 doses de vacina foram administradas ao que o governo chama de grupo prioritário", escrevem os correspondentes Terrence McCoy e Heloísa Traiano. "É uma situação de caos", disse Felipe Freitas, pesquisador do Observatório de Crises de Direitos Humanos e Covid-19. "Há falta de vacinas, falta de planejamento, falta de logística e falta de equipes especializadas para levar as vacinas a esses grupos prioritários".
Reportagem do Wall Street Journal fala sobre experiência na pequena cidade de Serrana, onde quase toda a população adulta no município de 45 mil habitantes foi vacinada. "Nas últimas semanas, depois que a maioria dos adultos daqui recebeu sua segunda dose, os casos e mortes de Covid-19 despencaram e a vida começou a voltar ao normal, enquanto a pandemia continua a se alastrar por todo o Brasil", relatam as correspondentes Samantha Pearson e Luciana Magalhães. "O experimento em Serrana, uma cidade na savana produtora de cana-de-açúcar do Brasil, dá esperança para países ao redor do mundo que ainda lutam contra surtos de coronavírus e que a vacinação em massa funciona. E também oferece novas evidências da eficácia da vacina Covid-19 da Sinovac".
Reportagem do Financial Times noticia que as doses chinesas dominam as campanhas de vacinação na América Latina. "Pequim aproveita a diplomacia de Covid enquanto a região enfrenta terceira onda paralisante", destaca. "A China despachou mais da metade das 143,5 milhões de doses de vacinas entregues às 10 nações mais populosas da região, de acordo com uma análise dos dados fornecidos por governos". As empresas chinesas, lideradas pela Sinovac, de Pequim, entregaram 75,8 milhões de doses prontas ou ingredientes essenciais para as doses para 10 nações até agora. Os dois principais fornecedores ocidentais para a América Latina, AstraZeneca e Pfizer, entregaram 59 milhões de doses, com algumas da AZ fornecidas através da Covax, da Organização Mundial de Saúde. A Rússia, apesar do considerável ruído diplomático em torno de seus esforços de vacinação, forneceu apenas 8,7 milhões de doses de seu jab de Sputnik, principalmente para a Argentina.
O inglês The Times relata que Bolsonaro está sendo acusado de acelerar o "desmantelamento" da floresta amazônica à medida que o desmatamento e a destruição de habitats aumentam. "Uma área do tamanho da Ilha de Man foi desmatada na Amazônia brasileira só no mês passado, estabelecendo um recorde assustador que aponta para uma catástrofe ambiental na estação seca que se avizinha, com uma nova legislação eminente que pode conceder proteção legal aos madeireiros", alerta o jornal. "A crise está fora de controle", diz Ane Alencar, diretora científica do Instituto de Pesquisa Ambiental da Amazônia, que estuda a região há 25 anos. "O Brasil tem um problema político, ideológico e institucional no que diz respeito à proteção da Amazônia".
"Para a polícia mais sangrenta do mundo – 3 habitantes mortos em média por dia no Rio, ou 1.239 no ano de 2020: mais do que para todos os Estados Unidos –, não há como mudar o método", destaca o jornal. "A polícia conta com o apoio do governador do estado, Claudio Castro, sinalizado à direita, até o chefe do Estado, Jair Bolsonaro. O vice-presidente Hamilton Mourão disse sexta-feira que as mortes de civis em Jacarezinho eram 'todos bandidos'".
O português Diário de Notícias publica na edição dominical reportagem noticiando que Bolsonaro declara guerra à China, maior cliente do Brasil. "Presidente do Brasil acusou China, principal parceiro comercial e vital para colocar à disposição matérias-primas para fabricar vacinas no país, de fazer 'guerra química'. 'Grave doença mental', contrapõe deputado encarregado das relações sino-brasileiras", escreve o correspondente João Almeida Moreira.
Página 12 também faz alarde sobre as movimentações do presidente pela capital. Bolsonaro, conduzindo uma caravana de motocicletas, em um momento em que o Brasil vive uma tragédia – destaca. "O presidente mais uma vez elogiou o papel do Exército e disse que seu lema e de seus eleitores é 'Deus, país e família'", informa. "O país continua sofrendo os duros impactos do coronavírus", sublinha o jornal: "O presidente de extrema direita não respeitou as medidas de distanciamento nem usou máscara".
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