Sobre a revelação pela Folha de que o Itamaraty atuou sob Ernesto Araujo para comprar cloroquina, mesmo alertada da ineficácia do medicamento, jornais informam que a CPI vai investigar a denúncia. O senador Humberto Costa (PT-PE) afirmou que a reportagem foi importante para puxar o debate sobre o assunto. Ele diz que o ex-chanceler não atuou como deveria em outros temas importantes, como as vacinas. "Ernesto não moveu uma palha para a vinda de respiradores, EPIs, testes e não participou das articulações para a compra de vacinas", disse. O Globo revela que Queiroga mentiu na CPI. Apesar das suas negativas sua gestão à frente do Ministério da Saúde manteve remessas de cloroquina para municípios.
O relator da CPI, Renan Calheiros (MDB-AL) surge na Folha anunciando que haverá responsabilização pelo "morticínio" no país. "Brasil virou cemitério e isso não ficará impune", disse, reagindo sobre a CPI "dar em nada". "Os fatos falam por si", afirma. "O fato de terem transformado o Brasil nisso não ficará impune. Seria a desmoralização de todos nós da CPI", diz.
Outra notícia relativa às investigações da pandemia é que a CPI quer quebrar sigilo de presidente da Anvisa para saber se houve pressão de Bolsonaro. Comissão ouvirá Antonio Barra Torres nesta terça e também mira quebra de sigilo do ex-secretário de Comunicação Fabio Wajngarten. Senadores da planejam pedir a quebra do sigilo telefônico e telemático de Torres, que é considerado aliado próximo de Bolsonaro.
Sobre a revelação do orçamento secreto, Estadão surge com nova denúncia apontando que o esquema banca obra de pavimentação sob suspeita. "Licitações questionadas pelo TCU somam R$ 533 milhões; asfaltamento, via Codevasf, beneficia redutos de políticos de aliados do governo", alerta o jornal. A nova frente de denúncias contra o governo vai crescer e se tornar mais um problema para o Palácio do Planalto, já acuado pela CPI.
Na Folha, Cristina Serra cobra a investigação da denúncia de corrupção: "O tratoraço de Bolsonaro explica a eleição folgada de Arthur Lira para a presidência da Câmara, o engavetamento dos pedidos de impeachment (além dos que foram herdados de Rodrigo Maia) e a dificuldade de criação da CPI da Covid-19 no Senado, arrancada a fórceps por decisão do STF. A pilhagem tem que ser investigada no contexto da pandemia. O mesmo Bolsonaro que usa dinheiro público para aliciar parlamentares é o que está no comando do genocídio brasileiro". No Globo, Merval Pereira diz que o esquema de emendas do governo é a nova versão dos Anões do Orçamento.
No Estadão, Eliane Cantanhede também trata do assunto: "O gabinete 'secreto' amarra tudo, comprando votos e consciências. Se o general da ativa Eduardo Pazuello entrou no jogo pela sabujice, parlamentares que tentam tapar o sol com a peneira aderem por motivações mais concretas, entre elas os tais tratores, ou a grana dos tratores". E avalia: "Enquanto os três gabinetes se esfalfam, o presidente distrai a plateia de moto, parabeniza a polícia do Rio pela chacina que choca o mundo, acusa a China de promover 'guerra química' e articula uma manobra à la Trump para 2022. Eleito sete vezes pelo voto digital, inclusive para a Presidência, ele ataca a urna eletrônica e enche o ambiente de tensão. Será que é só mesmo a favor do voto impresso, ou prepara um golpe contra os resultados da eleição?"
LULA
Folha noticia que Lula tenta isolar Bolsonaro na direita radical para 2022, e presidente se agarra a anticomunismo. Enquanto o presidente se agarra à bandeira do anticomunismo, o ex-presidente quer deixá-lo isolado na direita radical para as eleições de 2022. Diz o jornal: "Depois de avançar sobre aliados políticos do adversário, Lula se prepara para ampliar o leque de conversas a partir de agora e disse que vai procurar o empresariado".
"A gente precisa voltar a conversar com todo mundo. Conversar com empresários, conversar com os sindicatos, conversar com os trabalhadores, conversar com os partidos políticos para que a gente possa ter certeza que estamos trabalhando para recuperar a democracia no nosso país e voltarmos a ter um país feliz, onde as pessoas todas possam viver em paz", afirmou Lula em vídeo nas redes sociais.
No noticiário estrangeiro, El País informa que Bolsonaro recupera popularidade e apenas Lula o vence em um eventual segundo turno em 2022. Pesquisa da Atlas mostra efeito da volta da ajuda econômica e do alívio da pandemia na imagem do presidente do Brasil. "A popularidade do presidente do Brasil, Jair Bolsonaro, aumentou em maio em relação a março", diz o jornal. "Levantamento da consultoria Atlas, divulgado nesta segunda-feira, apurou que 40% da população aprova as ações do líder de extrema direita, ante 35% há dois meses. A desaprovação do presidente também teve uma ligeira queda: caiu de 60% para 57% no mesmo período". Segundo a mesma pesquisa, o Bolsonaro perderia em um possível segundo turno contra Lula.
Em outra reportagem, Folha informa que por conta da entrada de Lula no cenário eleitoral, o PSOL rachou sobre 2022 e colocou Guilherme Boulos e Luiza Erundina em lados opostos. Ala do partido que resiste a aliança com PT lançará pré-candidatura do deputado federal Glauber Braga à Presidência. Erundina é uma das signatárias de um manifesto pró-Braga, o que a distancia —pelo menos no debate sobre a corrida ao Planalto— de Boulos, de quem a veterana parlamentar foi vice na disputa pela Prefeitura de São Paulo em 2020. Boulos defende aliança com Lula.
GLEISI
Monica Bergamo informa na Folha que o jornalista Augusto Nunes foi condenado pela Justiça a pagar R$ 30 mil de indenização por chamar Gleisi Hoffmann de 'amante'. "Tom 'infamante e desrespeitoso' de apresentador foi considerado misógino e sexista por desembargadores do Tribunal de Justiça do Distrito Federal", escreve. Por unanimidade, os desembargadores da 3ª Turma Cível do Tribunal de Justiça do Distrito Federal e Territórios determinaram também que o acórdão condenatório seja publicado "pelo período mínimo de 30 dias" em todos os veículos em que "as ofensas foram divulgadas".
PERSEGUIÇÃO
Folha denuncia que o Ministério da Justiça tem atuação ideológica escorada na Lei de Segurança Nacional, por influência direta de Bolsonaro. A Polícia Federal acumula 84 inquéritos com base na lei, cuja revogação já foi aprovada pela Câmara e aguarda análise do Senado. Segundo o jornal, a chegada do delegado Alexandre Torres ao comando do ministério reforça um modelo de atuação da pasta que tem sido alvo de questionamentos na Justiça pelos adversários do presidente. Em dois anos e quatro meses de governo, os titulares do ministério adotaram em alguns casos iniciativas de caráter político-ideológico em detrimento da atuação técnica que se espera do cargo.
A manifestação foi enviada ao ministro Marco Aurélio Mello, relator do pedido no STF. Agora, cabe ao ministro decidir se acolhe o pedido da PGR. O padrão, no caso de arquivamentos de investigação, é que o STF mantenha o posicionamento da PGR, já que é o órgão responsável por investigar autoridades com foro privilegiado.
REFORMA ADMINISTRATIVA
Folha relata que a pressão da base de Bolsonaro ameaça empurrar a reforma administrativa só para 2023. Deputados aliados do presidente se alinharam ao lobby dos servidores e querem evitar desgastes políticos a um ano das eleições. Com isso, as mudanças nas carreiras do funcionalismo —uma das principais bandeiras do ministro Paulo Guedes (Economia) desde o início do governo, em 2019— corre, mais uma vez, o risco de subir no telhado.
Deputados que vieram da carreira pública, em especial da segurança pública —como policiais civis, militares e federais—, procuradores e defensores públicos temem dar andamento à reforma.
BRASIL NA GRINGA
O português Diário de Notícias destaca o manifesto assinado por Chico Buarque e artistas brasileiros que pede destituição de Bolsonaro. Intitulado "Artistas Pelo 'Impeachment'", o documento tece duras críticas à gestão de Bolsonaro durante a pandemia de covid-19, que fez mais de 423 mil mortos e 15,2 milhões de infetados no Brasil. Mais de 20 mil pessoas assinaram o documento. "Não temos um estadista, temos um terrorista", defendeu o músico Ivan Lins.
Washington Post destaca: o presidente do Brasil está reunindo sua base – para que ele possa expandir seu poder"Nossa pesquisa descobriu que os eleitores podem encorajar líderes eleitos democraticamente a minar a democracia", sublinha o diário americano. "Vestidos com as cores nacionais do Brasil, amarelo e verde, milhares de cidadãos saíram às ruas das principais cidades do país em 1º de maio para mostrar apoio às posturas cobiçosas-negativas do presidente Jair Bolsonaro", diz o texto. "A data era simbólica – em um dia historicamente conhecido pelas marchas em defesa dos direitos dos trabalhadores, cidadãos de direita que condenavam o 'comunismo' reivindicaram os espaços públicos do Brasil".
O diário espanhol também destaca que a China trocou empréstimos por investimentos na América Latina durante a pandemia. "Pequim dá uma guinada na relação com a região e fortalece sua presença com maior cooperação econômica e sanitária", informa. "Pela primeira vez em 16 anos, seus dois principais bancos de desenvolvimento, o China Development Bank (CDB) e o China Export-Import Bank (Chexim), não concederam nenhum financiamento aos governos da região. As empresas chinesas fortaleceram seus investimentos em infraestrutura, principalmente na forma de distribuição de energia elétrica, e a demanda por matéria-prima continuou a aumentar, apesar de Pequim ter assumido um compromisso no início de 2020 com os Estados Unidos de aumentar as compras de produtos".
Outra notícia que ganha destaque no exterior é o ataque de mineradores ilegais à terra indígena yanomami. Segundo despacho da Associated Press – replicado pelo Washington Post e outras 5,5 mil jornais – líderes indígenas na Amazônia brasileira denunciaram às autoridades que cinco pessoas ficaram feridas em um tiroteio de meia hora que eclodiu depois que mineiros entraram em suas terras no estado de Roraima, perto da fronteira com a Venezuela. O relatório do grupo Yanomami-Yek'wana enviado à Funai disse que quatro mineiros e um indígena foram feridos. O incidente foi causado por mineiros que chegaram em sete barcos.
O britânico The Guardian traz reportagem especial sobre a chacina do Jacarezinho. O jornal denuncia: 'Eles vieram para matar': a operação policial mais mortífera em favelas do Rio gera pedidos de mudança. "As favelas do Rio sofreram inúmeros horrores desde que o conflito das drogas começou a se intensificar na década de 1980 e a carnificina no Jacarezinho gerou uma onda de protestos", escreve o correspondente Tom Phillips. "Mas nunca antes tantas vidas foram perdidas em uma única operação e a carnificina no Jacarezinho – assim como as suspeitas de que várias vítimas foram executadas extrajudicialmente – gerou uma onda de protestos e uma tempestade política sobre a linha dura que o Brasil tomou desde que Jair Bolsonaro tornou-se presidente em 2019".
Emir Sader escreve no Página 12 que o Brasil só está passando por essa catástrofe humanitária porque a democracia foi quebrada. "O pior momento de sua história está sendo vivido no Brasil, pois a articulação entre a mídia, os grandes empresários, os partidos de direita e o Judiciário não respeitou a reeleição de Dilma Rousseff, reeleita pela vontade expressa democraticamente pelo povo brasileiro nas eleições de 2014", opina.
Financial Times publica 'relatório especial sobre negócios sustentáveis' no Brasil com destaque à entrevista do ministro do Meio Ambiente, Ricardo Salles, em que aborda o 'paradoxo amazônico'. "O convicto aliado de Bolsonaro afirma que a criação de empregos é a chave para salvar a floresta tropical do Brasil", destaca o jornal inglês.
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