segunda-feira, 9 de agosto de 2021

Carta Capital

 

7 DE AGOSTO DE 2021

Amigo leitor,

A chegada do Centrão ao governo tem sido, até o momento, incapaz de moderar Jair Bolsonaro.

Nesta semana, a escalada de tensão entre o ex-capitão e membros do Poder Judiciário alcançou um patamar de não-retorno.

Bolsonaro radicalizou ainda mais. E recebe em troca maior isolamento institucional.

As atitudes do presidente, que parecem só ter lógica na cabeça dos bolsonaristas, são definidas por analistas como sinais de desespero.

Jair Bolsonaro parece mesmo caminhar para o seu fim.

Boa leitura!

 


 

Bolsonaro dobra a aposta

STF e TSE reagem às bravatas do presidente, que ameaça com um golpe que não tem condições de entregar

 FOTO: SERGIO LIMA / AFP

Desta vez, não houve demora e nem excesso de notas oficiais. O que se viu nesta semana, por parte de ministros do Supremo Tribunal Federal e de integrantes do Tribunal Superior Eleitoral, foram reações à altura das ameças de Jair Bolsonaro.

Do TSE veio o primeiro torpedo: um inquérito administrativo foi aberto para investigar os ataques infundados e as ameaças do presidente às eleições de 2022.

O segundo veio do STF, que incluiu Bolsonaro como investigado no Inquérito das Fake News.

As iniciativas bastaram para que o presidente elevasse o tom especialmente contra o presidente do TSE, Luís Roberto Barroso, e Alexandre de Moraes, relator do inquérito em que ele agora é investigado.

Fux reagiu e, em um duro discurso no STF, disse ter alertado o presidente “sobre os limites do exercício do direito da liberdade de expressão, bem como sobre o necessário e inegociável respeito entre os Poderes para a harmonia funcional do País”.

O presidente da Corte chegou a desmarcar uma reunião entre os chefes dos Poderes, anteriormente anunciada. “O pressuposto do diálogo entre os Poderes é o respeito mútuo entre as instituições e seus integrantes”, explicou. Afirmou ainda que Bolsonaro tem reiterado “ofensas e ataques de inverdades” a integrantes do STF. “Quando se atinge um dos integrantes, se atinge a Corte por inteiro.”

Do Senado, o presidente Rodrigo Pacheco (DEM-MG) repudiou “toda alegação que pregue a ilegalidade, a ruptura ou algo fora do comando constitucional”.

Cada vez mais isolado institucionalmente, Bolsonaro ameaça agir “fora das quatro linhas da Constituição”. As bravatas presidenciais, vistas outrora como preocupantes, já não são levadas a sério.

“Bolsonaro é um blefador que precisa da intimidação o tempo inteiro", avalia o cientista político Christian Lynch, em entrevista a CartaCapital.

"A ideia de que ele pode dar um golpe é muito importante para intimidar os críticos e inimigos e para fazer crer aos seus eleitores que ele é capaz de dá-lo”, acrescenta o professor.

Para Lynch, o objetivo principal de Bolsonaro é sair do governo sem ir para a cadeia no fim do mandato.

CartaCapital noticiou, há algumas semanas, a possibilidade do presidente não disputar a reeleição no ano que vem.

Com o cenário que se desenha, este pensamento deve ser a mais fiel companhia de Bolsonaro nos últimos tempos.

 

 
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Da insistência à derrota

A obsessão com o voto impresso rende ao governo um importante revés na Câmara dos Deputados

FOTO: NELSON JR./ ASICS/ TSE

A semana marca ainda uma fragorosa derrota do governo na Câmara dos Deputados. A comissão da Casa que discute a PEC do Voto Impresso rejeitou um parecer favorável à pauta-fetiche do presidente.

O que parecia sepultado, porém, ganhou sobrevida. O presidente da Câmara, Arthur Lira (PP-AL), afirmou que levará a discussão ao plenário.

“O voto impresso está pautando o Brasil”, disse Lira. “Infelizmente, assistimos nos últimos dias a um tensionamento, quando a corda puxada com muita força leva os Poderes para muito além dos seus limites”, completou.

CartaCapital ouviu alguns deputados a respeito. A derrota de Lira e Bolsonaro, avaliam, é quase certa e o presidente restará ainda mais isolado.

 

A pandemia não acabou. Use máscaras, lave as mãos e, se puder, fique em casa. Vamos sair dessa.

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