Jornais brasileiros retomam assuntos nacionais nas manchetes de capa nesta quarta-feira, 18 de agosto. Folha traz o presidente do Senado em oposição à tentativa de intimidação de Bolsonaro a ministros da Suprema Corte — assunto que tem alguma repercussão em jornais portugueses. Pacheco indica que rejeitará processo de juízes do STF — resume o jornal paulista.
O Globo informa que ao manter sua ofensiva ao STF, Bolsonaro enfrenta resistências no Senado. Rodrigo Pacheco indica que não vai pautar impeachment: entenda as consequências para o governo no Senado. O presidente do Senado apontou que matérias voltadas à recuperação da economia podem ser afetadas pelo “esgarçamento das instituições”.
Na política, o assunto quente do dia é a denúncia da Folha de que a Polícia Federal informou ao TSE que bolsonaristas usam método de Trump e têm como estratégia atacar jornais, rádios e TVs. Segundo a PF, modelo teria sido empregado ainda nas eleições de 2018, quando Bolsonaro foi eleito. É a mesma estratégia de comunicação utilizada nas eleições de 2016 nos EUA e creditada a Steve Bannon, ex-estrategista de Donald Trump. Guru da campanha do americano, Bannon foi conselheiro da consultoria Cambridge Analityca, envolvida no escândalo do uso de dados de usuários do Facebook na campanha eleitoral, e comandava o site Breitbart News, conhecido por disseminar desinformação.
Outra notícia importante é a defesa de Bolsonaro assumida pela PGR, que coloca em dúvida a eficácia de máscara contra Covid. Em parecer, Procuradoria contraria estudos sobre uso de equipamento e diz ao STF que presidente não cometeu crime ao retirar máscara de criança nem com aglomerações. O parecer é assinado pela subprocuradora-geral da República, Lindôra Araújo, uma das pessoas mais próximas do procurador-geral Augusto Aras e foi enviado ao Supremo no âmbito das notícias-crime apresentadas pela presidente do PT, deputada Gleisi Hoffmann (PT-PR), e por parlamentares do PSOL contra o chefe do Executivo.
Por fim, a ida do General Braga Netto mostrou um recuo tático na insistência sobre a urna eletrônica, mas a declaração mais surpreendente dele ontem em depoimento à Câmara foi o negacionismo sobre o arbítrio instalado no país com o Golpe de 1964. Para ministro da Defesa, não houve ditadura no Brasil. Braga Netto afirmou ainda que desfile de tanques em frente ao Congresso no dia do exame da PEC do voto impresso foi uma “demonstração de capacidade de mobilização de seus meios”.
Lula também se sentou com líderes de partidos da base de sustentação de Jair Bolsonaro, mas que apoiam o governo do PSB em Pernambuco, além de conversar com deputados do PDT de Ciro Gomes e ir a um assentamento do MST (Movimento dos Trabalhadores Rurais Sem Terra).
Na política, o colunista Bruno Boghossian critica o ex-presidente Lula em artigo na página 2 da Folha pelo que considera uma relação conturbada do petista com as Forças Armadas: Lula joga xadrez errático ao vender despreocupação com militares. “Petista diz que não terá 'conversa especial' com fardados, mas emissários já tentam criar pontes”, escreve.
Painel da Folha diz que o PT recorre de decisão de Cármen Lúcia e volta a pedir que STF obrigue Lira a desengavetar impeachment. “Haddad e Rui Falcão querem que presidente da Câmara tenha que ao menos analisar os pedidos”, resume. O ex-prefeito e o deputado vão recorrer da decisão da ministra do STF de rejeitar o mandado de segurança que pedia que Arthur Lira fosse obrigado a analisar pedido de impeachment contra Bolsonaro apresentado em 2020.
Folha destaca que MP vê inconstitucionalidade em minirreforma trabalhista aprovada na Câmara. Aprovado pela Câmara, o projeto que tem sido chamado de minirreforma trabalhista, por criar novas modalidades de contratações e mudar normas da CLT (Consolidação das Leis do Trabalho), não está de acordo com a Constituição Federal, segundo o MPT (Ministério Público do Trabalho). Em análise, o órgão afirma que o texto “tem o risco de gerar insegurança jurídica e consequências altamente danosas para a sociedade”. O documento é assinado por mais de 15 procuradores, inclusive pelo procurador-geral do Trabalho, José Ramos Pereira.
5G
Folha relata que o TCU sofre pressão do governo e deve aprovar edital do 5G contrariando área técnica. Ministro das Comunicações visitou todos os membros do tribunal ontem. A votação ocorre nesta quarta. Fábio Faria fez apelos e convenceu ministros do TCU. O relator do processo, Raimundo Carrero, decidiu manter a construção de uma rede privativa para a administração pública federal e o programa de conectividade na Amazônia como investimentos obrigatórios.
BRASIL NA GRINGA
O argentino Página 12 traz suplemento especial sobre a palestra de Dilma Rousseff no curso internacional “Estado, política e democracia na América Latina”. O diário destaca a posição da ex-presidenta do Brasil sobre as relações do Brasil com a China e os Estados Unidos. Ela diz que desde a crise financeira de 2008, o crescente atrito entre a China e os Estados Unidos tornou-se aparente. Durante o governo Obama, e mais ainda no governo Trump, de forma declarada e aberta, os atritos foram ampliados. E a pandemia Covid-19 acelerou essa tendência.
“Nesse contexto, a China vem utilizando um manejo mais sofisticado do chamado soft power”, opina. “Durante a 73ª Assembleia Geral da Organização Mundial da Saúde (OMS), em maio de 2020, a China propôs considerar a vacina Covid-19 um bem público global. Ao mesmo tempo, destinou dois bilhões de dólares em dois anos à OMS, instituição boicotada pelos Estados Unidos”.
No noticiário internacional, o triunfo do Taleban no Afeganistão e as expectativas de um regime brutal e violento no país estão no centro do noticiário internacional, com manchetes alarmistas dos principais veículos estrangeiros. New York Times destaca na capa que o Taleban promete paz, mas a dúvida e o medo persistem. “Em sua primeira declaração desde que assumiu o controle, o Taleban insinuou uma regra diferente de seu regime brutal de uma geração atrás, tentando aplacar os céticos”, resume. Washington Post também destaca que Taleban promete transição pacífica.
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