Os principais jornais do Brasil e do mundo colocam no centro da cobertura desta terça-feira, 17, a retirada das tropas americanas do Afeganistão, na maior derrota militar da história dos Estados Unidos. A tônica é o caos deixado pelos Estados Unidos, enquanto Joe Biden aparece defendendo a medida. A operação de saída do Afeganistão e a queda de Cabul nas mãos do Taleban já podem ser colocadas como o maior fiasco militar dos EUA nos últimos 40 anos. A cobertura é amplamente negativa para a Casa Branca. As imagens de afegãos caindo dos aviões cargueiros estão nas capas dos principais diários do planeta e rodam o mundo nos noticiários das emissoras de tevê — leia mais em Internacional.
Na economia, atenção à notícia da Reuters apontando que o quadro político e a pandemia devem afetar as concessões, de acordo com o ministro da Infraestrutura. Nas próximas semanas, Tarcísio Freitas embarca para encontros nos Estados Unidos, Europa e Oriente Médio, para atrair investidores. Ele avalia que os efeitos da pandemia e o cenário político conturbado no país devem afetar as concessões importantes de infraestrutura previstas para até 2022, como a Ferrogrão, aeroportos de Congonhas (SP) e Santos Dumont (RJ) e a Via Dutra.
No Estadão, Felipe Salto, diretor da IFI, diz que a PEC dos Precatórios é um meteoro e que chance de restaurar a responsabilidade fiscal em curto prazo foi para o espaço. “A Proposta de Emenda à Constituição (PEC) n.º 23, de autoria do governo federal, propõe o calote dos precatórios. Sem a manobra, o governo argumenta que o teto de gastos seria rompido. Na verdade, a PEC é o verdadeiro “meteoro” a explodir o teto e, com ele, a credibilidade que ainda restasse da política fiscal”, aponta.
FAKE NEWS
Outro assunto relevante na cobertura do dia é que o TSE ordenou que as redes sociais bloqueiem verba de canais bolsonaristas. O corregedor-geral da Justiça Eleitoral, ministro Luís Felipe Salomão, identificou uma lista de canais envolvidos com a divulgação de notícias falsas, que têm como único objetivo ganhar dinheiro a partir de repasses feitos pelas redes sociais. Entre os perfis ligados à propagação de desinformação estão o do presidente Jair Bolsonaro (sem partido), de seus filhos Carlos (Republicanos-RJ), Flávio (Patriota-RJ) e Eduardo (PSL-SP), assim como os de outros quatro deputados federais e influenciadores bolsonaristas.
A Folha abre a cobertura de política com reportagem apontando que o entorno de Bolsonaro tenta convencê-lo a amenizar embate com STF e evitar conflito com Senado. “Gesto contra Moraes e Barroso, dizem assessores, terminaria de dinamitar interlocução do Planalto com Judiciário, mas presidente tem histórico de ignorar apelos”, informa o diário. A velha lenga-lenga que não aponta, contudo, que o morde-e-assopra do Palácio do Planalto é parte da estratégia de Bolsonaro. Os jornais vivem na fantasia de que uma influência moderadora vai amenizar o tom agressivo do presidente.
Os jornais relatam que, ontem, Bolsonaro aproveitou para tentar dar novas demonstrações de uso da força, disparando tiros de artilharia junto com o ministro da Casa Civil, Ciro Nogueira. Ele foi a Formosa (GO) para acompanhar operação de exercícios militares da Marinha. Estava acompanhado dos ministros Braga Netto (Defesa), Augusto Heleno (Gabinete de Segurança Institucional), Marcelo Queiroga (Saúde) e Gilson Machado (Turismo). Os comandantes da Marinha, almirante Almir Garnier, e do Exército, general Paulo Sérgio, também compareceram. A ação dos militares ocorreu ao som da música tema do filme de ação “Missão: Impossível”. Foi patético.
Estadão reporta que o ministro Braga Netto foi aconselhado a adotar tom moderado em audiência na Câmara. Ele participará, nesta terça-feira, de audiência pública de três comissões da Câmara para explicar recado enviado através de um interlocutor político para Arthur Lira. “Mesmo que aceite a sugestão, o general passará por um teste difícil, já que vai encontrar um clima bastante adverso dentro da Câmara”, escreve o jornalista Marcelo de Moraes.
“Todas as peças estavam prontas para o Brasil seguir os Estados Unidos no caminho da resistência à vacina. O país está politicamente polarizado e cheio de desinformação. Os brasileiros, que viram político após político serem mandados para a prisão, estão predispostos à desconfiança”, diz o texto. “E são liderados por um homem que trabalhou repetidamente para minar a fé na pesquisa científica, nas instituições do país - e na própria vacina”.
New York Times destaca em manchete que Biden defendeu a decisão de retirar as tropas dos EUA do Afeganistão, mergulhado no caos. O jornal diz que o presidente dos Estados Unidos está por trás da retirada do Afeganistão, apesar dos últimos dias “difíceis e confusos”. Biden disse que as tropas americanas não deveriam travar uma guerra que as forças afegãs não estão dispostas a travar. Os líderes e militares do Afeganistão tiveram todas as chances de determinar seu futuro, disse.
No inglês The Guardian: Caos em Cabul com centenas lutando para fugir do Taliban. O diário relata “cenas caóticas” enquanto os civis convergiam para o aeroporto de Cabul, descrito como a única rota de saída da cidade para pessoas que temiam por suas vidas. O jornal informa que o aeroporto estava perto de ser invadido, com voos parados e várias pessoas morrendo. O sóbrio The Times também destaca: Corrida para escapar da carnificina em Cabul.
A imprensa alemã também destaca o caos na tentativa de fuga em massa no Aeroporto de Cabul. A chanceler federal Angela Merkel (CDU) e o ministro das Relações Exteriores Heiko Maas (SPD) admitiram que o governo cometeu erros ao avaliar a situação no Afeganistão. “Todos nós — o governo federal, os serviços de inteligência, a comunidade internacional — avaliamos mal a situação”, disse Maas em Berlim. Merkel: “O exército afegão não ofereceu nenhuma resistência, tivemos uma avaliação errada”. Merkel apontou sucessos na luta contra o terrorismo por meio do posicionamento no Afeganistão. “Mas tudo o que se seguiu não foi tão bem-sucedido e não foi alcançado como pretendíamos”, admitiu.
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