quarta-feira, 25 de agosto de 2021

Deu na imprensa

 

Nas manchetes dos jornais brasileiros, as manchetes são polaróides de um país em crise e mergulhado em más notícias. As manchetes apontam o esgarçamento da crise política e os reflexos de uma agenda econômica imposta desde a queda de Dilma Rousseff, em 2016, que mostram a piora de indicadores sociais. 

O tamanho da encrenca pode ser medido pelo tom do editorial do EstadãoUma crise insolúvel“O Brasil tem pela frente longos 16 meses até que termine o mandato do pior presidente que já governou a Nação. Nada indica que os graves problemas que afligem o país serão tratados”, resume. Nenhuma mea culpa sobre o papel omisso para a ascensão do ex-capitão e o editorial falando da “escolha muito difícil” entre Bolsonaro e Fernando Haddad em 2018.

Na Folha, o vislumbre de uma crise política prolongada está na manchete: Bolsonaro é instruído a ignorar reunião com governadores. E no Estadão e Valor, os retratos da miséria e do atraso nacionais: Investimento federal em ciência e tecnologia é o menor em 12 anos e Pobreza cresce em 24 estados, com altas fortes no NE e no SE

No Globo e El País, o foco é na política, com um tom negativo para a recondução do engavetador-geral de Bolsonaro: Reconduzido, Aras vê ‘ameaças reais’ ao STF — diz o jornal carioca — e Senadores premiam apoio de Augusto Aras à classe política com mais dois anos na Procuradoria Geral — destaca a edição brasileiro do diário espanhol. Aras foi aprovado por 55 votos a 10. O colunista Bernardo Mello Franco critica no Globo o tratamento do PT ao procurador-geral: Petistas aliviaram Aras na sabatina, atestando miopia da oposição

Sobre a crise política, Folha é a mais incisiva, trazendo editorial duro, com chamada de capa, apontando que, após dois terços do governo Bolsonaro, saldo é um fracasso inegável. “Situação parece irreversível; malogro que desencadeou gritaria golpista deve-se só ao presidente”, opina. O jornal parece ter caído na real e destaca na abertura da edição que ministros avaliam que Bolsonaro deve faltar a reunião com governadores para evitar palanque para Doria

O Sete de Setembro terá o apoio de setores evangélicos. Folha noticia que, sob a liderança de Silas Malafaia, pastores pentecostais convocam fieis para apoiar Bolsonaro no feriado da Independência“Engajamento do segmento na data é inédito, segundo líderes evangélicos e especialistas”, reporta. No Estadão, ex-comandante da PM de São Paulo faz crítica à adesão ao governo federal:  ‘Bolsonarismo tenta destruir todos os valores da corporação’, diz Coronel Glauco Carvalho. Ele defende punição de colega que convocou para ato do dia 7 e diz que afastamento é pouco para ‘conter balbúrdia’.

O governador de São Paulo sofre pressão da oposição, que quer garantias de Dória de que cederá a Avenida Paulista no dia 7 de Setembro para as manifestações em defesa da democracia e não para os asseclas de Bolsonaro. Mauro Zafalon traz na Folha a opinião de Pedro Camargo Neto, produtor rural e líder do setor: Bolsonaro quer confronto e Supremo caiu nessa queda de braço. “País vive um baixo nível em todos os Poderes”, resume.

Sobre a crise institucional e os riscos, vale a leitura de dois textos:

  1. Na FolhaVinícius Torres Freire critica o establishment, por continuar apoiando o presidente: Empresários do 7 de Setembro golpista e ricos coniventes arruínam economia“A destruição ambiental, os talibãs na educação, o morticínio na epidemia, o isolamento internacional, nada disso levou o grosso do que se chama de ‘empresariado’ a fazer um mea culpa”, observa. 
  2. No GGNLuís Nassif avalia que a disputa política está próxima do desfecho com o Sete de Setembro e que Bolsonaro partiu para o tudo ou nada“Haverá o confronto entre o alto comando das PMs estaduais e os sediciosos”, aponta. “Além disso, policiais civis e inteligência das Forças Armadas estarão monitorando a possibilidade concreta de manifestantes armados, especialmente ligados aos clubes de caça e tiro e aos ruralistas”.

Outra reportagem importante está no EstadãoPF monitora ataques de Steve Bannon, estrategista de Trump, a urnas brasileiras“Suspeitas são de que o americano possa ser um dos mentores de milícias digitais que operam no país para reproduzir o discurso radical do presidente Jair Bolsonaro”, relata. A polícia vê reflexos das ações de Bannon no Brasil, e encontros dele com pessoas do núcleo mais próximo ao presidente não passam desapercebidos dos investigadores — inclusive do filho Eduardo Bolsonaro

No GloboMalu Gaspar informa que amigos de Eduardo Bolsonaro ganham cargos da Polícia Federal no exterior. Dois policiais, um escrivão e o outro papiloscopista, nem sequer estavam dando expediente na corporação quando foram nomeados.

BRASIL NA GRINGA 

A sucessão presidencial brasileira ganha destaque no Financial Times.  Candidatos da 'terceira via' do Brasil se preparam para desafiar Bolsonaro, diz o jornal. “Escolha vai além do radicalismo de extrema direita e escândalos de corrupção de esquerda nas pesquisas do próximo ano”, resume o jornal, emulando o discurso da tradicional mídia comercial brasileira, que busca um nome para se contrapor ao petista Luiz Inácio Lula da Silva, líder nas pesquisas, e o presidente da  extrema-direita.

Na edição impressa desta quarta-feira, 25, o correspondente Bryan Harris do Financial Times traz texto analítico apontando que Bolsonaro supera os limites da democracia no Brasil.  “Com seus índices de aprovação caindo, o presidente está elaborando uma estratégia que lembra Donald Trump”, informa. “Bolsonaro leva o sistema eleitoral brasileiro ao limite”. Diz o texto: “No mês passado, Jair Bolsonaro escalou suas ameaças contra as instituições brasileiras a tal ponto que até mesmo aqueles que elegeram o capitão do antigo Exército para a Presidência em 2018 agora temem pelo futuro da democracia”, escreve. “A última crise começou quando Bolsonaro, enfrentando índices de aprovação deslizantes, alegou que ‘não haverá eleição’ no próximo ano se o Brasil não modificar seu sistema eletrônico de votação para incluir recibos em papel impresso, que ele insiste que são necessárias para evitar fraudes”.

No português Público, reportagem destaca que o apoio a Bolsonaro entre as polícias preocupa governadores“Apesar de diversos apelos, a tensão não parece descer na política brasileira, que é cada vez mais um confronto entre o presidente e as restantes instituições”, informa o correspondente João Ruela Ribeiro.

INTERNACIONAL

A crise afegã e a pressa na evacuação de estrangeiros no país se mantém no centro das atenções da mídia planetária, mas toda a imprensa internacional também traz na capa a foto do músico Charlie Watts, baterista dos Rolling Stones, que faleceu ontem aos 80 anos de idade. São os dois grandes assuntos do dia nos jornais estrangeiros.

New York Times destaca em manchete de primeira página que Biden segue o prazo do Afeganistão, resistindo aos apelos para estender a evacuação“A retirada americana coincidiu com uma ameaça do Taleban de impedir os afegãos de viajarem para o aeroporto, um sinal sinistro de que a janela pode estar se fechando para milhares de pessoas desesperadas para partir”, resume. Washington Post é mais direto: Biden reafirma saída em 31 de agosto do Afeganistão.

Wall Street Journal também coloca o drama afegão na manchete: Biden mantém prazo para retirada do Afeganistão como acesso ao aeroporto do Taliban“O presidente disse que os EUA estão a caminho de deixar o Afeganistão em 31 de agosto, já que o Taliban disse que impediria os cidadãos afegãos de chegar aos voos de evacuação”, destaca. E no Financial TimesBiden se recusa a estender o transporte aéreo afegão enquanto o Taleban aumenta o controle.

Ainda no NYTimes, outra reportagem mostra que sob o governo do Taliban, a vida em Cabul se transforma mais uma vez. Embora as ruas sejam silenciosas, os moradores de Cabul descrevem uma luta para sobreviver em uma economia cambaleante, onde bancos e escritórios do governo estão fechados e a incerteza reina.

Nos semanários ingleses, Times diz que Reino Unido corre para resgatar milhares. O jornal informa que a Grã-Bretanha está lutando para transportar mais de 4.000 cidadãos do Reino Unido e cidadãos afegãos até o final da semana. O último vôo de evacuação da Força Aérea Real deve partir na quinta ou sexta-feira para garantir que haja tempo para os 1.000 soldados britânicos em Cabul partirem. E o GuardianTropas do Reino Unido devem deixar Cabul entre 24 e 36 horas.

O outro tema relevante na imprensa estrangeira está no Global Times, da China: Exclusivo: como a equipe de inteligência de Biden elaborou o relatório de 90 dias sobre as origens do coronavírus? “Na falta de evidências sólidas e se contentando com evidências circunstanciais, os EUA querem desesperadamente enquadrar a China”, destaca. Diz a reportagem: “Mesmo no estágio final, os funcionários da inteligência de Biden têm poucas evidências sólidas em suas mãos para apoiar a teoria do ‘vazamento de laboratório’, uma hipótese que até instituições científicas dos EUA e aliados consideram rebuscada, mas as equipes americanas ainda se contentavam com a segunda mão, evidências não confiáveis para compilar um relatório que tenta denunciar a China como culpada pelas origens do vírus”

E continua: “Para produzir um relatório que faz a China ficar mal, os EUA também buscaram reprimir os cientistas e a OMS, amarrar seus aliados e coagir os vizinhos da China a se juntarem à sua campanha de difamação contra o país. O verdadeiro propósito dos EUA não é desenterrar as origens desse vírus misterioso. Em vez disso, pretende exaurir os recursos diplomáticos da China, fortalecer a sua influência para impedir o desenvolvimento chinês e compensar a crescente influência internacional do país asiático”

Ainda sobre a China, o Diário do Povo faz propaganda de matéria da CNN informando que país pode se tornar o primeiro a controlar o surto Delta. “A China obteve uma vitória com sua rigorosa abordagem zeroCovid—19, já que nenhum novo caso de transmissão foi relatado na segunda-feira em todo o país.

 

AS MANCHETES DO DIA

Folha: Bolsonaro é instruído a ignorar reunião com governadores

Estadão: Investimento federal em ciência e tecnologia é o menor em 12 anos

O Globo: Reconduzido, Aras vê ‘ameaças reais’ ao STF

Valor: Pobreza cresce em 24 estados, com altas fortes no NE e no SE

El País (Brasil): Senadores premiam apoio de Augusto Aras à classe política com mais dois anos na Procuradoria Geral

BBC Brasil: Como devastação e aquecimento podem fazer Brasil deixar de ser potência agrícola global

UOL: Alvo de CPI, garantidora da Covaxin foi usada por igreja para arrastar dívida 

G1: Supremo pode julgar hoje se é legal marco temporal para demarcar terras indígenas

R7: Litro da gasolina já alcança R$ 7 em três estados

Luis Nassif: Disputa política próxima do desfecho

Tijolaço: O cassino dos oficiais

Brasil 247: Aziz cobra de Aras punição aos crimes de Bolsonaro

DCM: Bolsonaro desiste de tentar o impeachment de Barroso

Rede Brasil Atual: STF retoma julgamento que define futuro das terras e civilizações indígenas do país

Brasil de Fato: Se viúva de Nóbrega delata Bolsonaro, sua vida acaba, diz suposto sócio do Escritório do Crime

Ópera Mundi: Afeganistão: Talibã impede ida de afegãos ao aeroporto de Cabul

Fórum: Plenário do Senado ratifica decisão da CCJ e reconduz Aras à PGR

Vi o Mundo: Pimenta cobra de Lira e Pacheco reação contra ameaças diárias de Bolsonaro à democracia e ao Parlamento: “Silêncio é cumplicidade”

Poder 360: Relatório da inteligência dos EUA sobre origem do coronavírus é inconclusivo

New York Times: Recuperando aliados, Biden está se preparando para sair no prazo

Washington Post: Biden reafirma saída em 31 de agosto do Afeganistão

WSJ: Biden afirma 31 de agosto a saída do Afeganistão 

Financial Times: Biden se recusa a estender o transporte aéreo afegão enquanto o Taleban aumenta o controle

The Guardian: Tropas do Reino Unido deixam Cabul entre “24 a 36 horas”

The Times: Reino Unido corre para resgatar milhares

Le Monde: O combate à delinquência financeira atrapalha

Libération: Charlie Watts não bate mais

El País: A entrega de menores de Ceuta saltou toda a tramitação

El Mundo: Biden cede ante a violência taliban e acelera a retirada

Clarín: Alberto F. oferece doar parte de seu salário como reparação por Olivosgate

Página 12: Sinfonia para adolescentes

Granma: Abertura da festa paralímpica, com a presença de Cuba

Diário de Notícias: Governo pondera voltar a manter rendas antigas congeladas

Público: Novas vagas no ensino superior vão estar disponíveis no início de setembro

Frankfurter Allgemeine Zeitung: Taleban não quer mais que os afegãos deixem o país em setembro

The Moscow Times: Helicóptero russo saqueado no aeroporto de Cabul 

Global Times: Exclusivo: como a equipe de inteligência de Biden elaborou o relatório de 90 dias sobre as origens do coronavírus?

Diário do Povo: Xi inspeciona cidade de Chengde, no norte da China

 
  

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