Nas manchetes dos jornais brasileiros, as manchetes são polaróides de um país em crise e mergulhado em más notícias. As manchetes apontam o esgarçamento da crise política e os reflexos de uma agenda econômica imposta desde a queda de Dilma Rousseff, em 2016, que mostram a piora de indicadores sociais. O tamanho da encrenca pode ser medido pelo tom do editorial do Estadão, Uma crise insolúvel: “O Brasil tem pela frente longos 16 meses até que termine o mandato do pior presidente que já governou a Nação. Nada indica que os graves problemas que afligem o país serão tratados”, resume. Nenhuma mea culpa sobre o papel omisso para a ascensão do ex-capitão e o editorial falando da “escolha muito difícil” entre Bolsonaro e Fernando Haddad em 2018. Na Folha, o vislumbre de uma crise política prolongada está na manchete: Bolsonaro é instruído a ignorar reunião com governadores. E no Estadão e Valor, os retratos da miséria e do atraso nacionais: Investimento federal em ciência e tecnologia é o menor em 12 anos e Pobreza cresce em 24 estados, com altas fortes no NE e no SE. No Globo e El País, o foco é na política, com um tom negativo para a recondução do engavetador-geral de Bolsonaro: Reconduzido, Aras vê ‘ameaças reais’ ao STF — diz o jornal carioca — e Senadores premiam apoio de Augusto Aras à classe política com mais dois anos na Procuradoria Geral — destaca a edição brasileiro do diário espanhol. Aras foi aprovado por 55 votos a 10. O colunista Bernardo Mello Franco critica no Globo o tratamento do PT ao procurador-geral: Petistas aliviaram Aras na sabatina, atestando miopia da oposição. Sobre a crise política, Folha é a mais incisiva, trazendo editorial duro, com chamada de capa, apontando que, após dois terços do governo Bolsonaro, saldo é um fracasso inegável. “Situação parece irreversível; malogro que desencadeou gritaria golpista deve-se só ao presidente”, opina. O jornal parece ter caído na real e destaca na abertura da edição que ministros avaliam que Bolsonaro deve faltar a reunião com governadores para evitar palanque para Doria. O Sete de Setembro terá o apoio de setores evangélicos. Folha noticia que, sob a liderança de Silas Malafaia, pastores pentecostais convocam fieis para apoiar Bolsonaro no feriado da Independência. “Engajamento do segmento na data é inédito, segundo líderes evangélicos e especialistas”, reporta. No Estadão, ex-comandante da PM de São Paulo faz crítica à adesão ao governo federal: ‘Bolsonarismo tenta destruir todos os valores da corporação’, diz Coronel Glauco Carvalho. Ele defende punição de colega que convocou para ato do dia 7 e diz que afastamento é pouco para ‘conter balbúrdia’. O governador de São Paulo sofre pressão da oposição, que quer garantias de Dória de que cederá a Avenida Paulista no dia 7 de Setembro para as manifestações em defesa da democracia e não para os asseclas de Bolsonaro. Mauro Zafalon traz na Folha a opinião de Pedro Camargo Neto, produtor rural e líder do setor: Bolsonaro quer confronto e Supremo caiu nessa queda de braço. “País vive um baixo nível em todos os Poderes”, resume. Sobre a crise institucional e os riscos, vale a leitura de dois textos:
Outra reportagem importante está no Estadão: PF monitora ataques de Steve Bannon, estrategista de Trump, a urnas brasileiras. “Suspeitas são de que o americano possa ser um dos mentores de milícias digitais que operam no país para reproduzir o discurso radical do presidente Jair Bolsonaro”, relata. A polícia vê reflexos das ações de Bannon no Brasil, e encontros dele com pessoas do núcleo mais próximo ao presidente não passam desapercebidos dos investigadores — inclusive do filho Eduardo Bolsonaro. No Globo, Malu Gaspar informa que amigos de Eduardo Bolsonaro ganham cargos da Polícia Federal no exterior. Dois policiais, um escrivão e o outro papiloscopista, nem sequer estavam dando expediente na corporação quando foram nomeados. BRASIL NA GRINGA A sucessão presidencial brasileira ganha destaque no Financial Times. Candidatos da 'terceira via' do Brasil se preparam para desafiar Bolsonaro, diz o jornal. “Escolha vai além do radicalismo de extrema direita e escândalos de corrupção de esquerda nas pesquisas do próximo ano”, resume o jornal, emulando o discurso da tradicional mídia comercial brasileira, que busca um nome para se contrapor ao petista Luiz Inácio Lula da Silva, líder nas pesquisas, e o presidente da extrema-direita. Na edição impressa desta quarta-feira, 25, o correspondente Bryan Harris do Financial Times traz texto analítico apontando que Bolsonaro supera os limites da democracia no Brasil. “Com seus índices de aprovação caindo, o presidente está elaborando uma estratégia que lembra Donald Trump”, informa. “Bolsonaro leva o sistema eleitoral brasileiro ao limite”. Diz o texto: “No mês passado, Jair Bolsonaro escalou suas ameaças contra as instituições brasileiras a tal ponto que até mesmo aqueles que elegeram o capitão do antigo Exército para a Presidência em 2018 agora temem pelo futuro da democracia”, escreve. “A última crise começou quando Bolsonaro, enfrentando índices de aprovação deslizantes, alegou que ‘não haverá eleição’ no próximo ano se o Brasil não modificar seu sistema eletrônico de votação para incluir recibos em papel impresso, que ele insiste que são necessárias para evitar fraudes”. No português Público, reportagem destaca que o apoio a Bolsonaro entre as polícias preocupa governadores. “Apesar de diversos apelos, a tensão não parece descer na política brasileira, que é cada vez mais um confronto entre o presidente e as restantes instituições”, informa o correspondente João Ruela Ribeiro. INTERNACIONAL A crise afegã e a pressa na evacuação de estrangeiros no país se mantém no centro das atenções da mídia planetária, mas toda a imprensa internacional também traz na capa a foto do músico Charlie Watts, baterista dos Rolling Stones, que faleceu ontem aos 80 anos de idade. São os dois grandes assuntos do dia nos jornais estrangeiros. O New York Times destaca em manchete de primeira página que Biden segue o prazo do Afeganistão, resistindo aos apelos para estender a evacuação. “A retirada americana coincidiu com uma ameaça do Taleban de impedir os afegãos de viajarem para o aeroporto, um sinal sinistro de que a janela pode estar se fechando para milhares de pessoas desesperadas para partir”, resume. Washington Post é mais direto: Biden reafirma saída em 31 de agosto do Afeganistão. Wall Street Journal também coloca o drama afegão na manchete: Biden mantém prazo para retirada do Afeganistão como acesso ao aeroporto do Taliban. “O presidente disse que os EUA estão a caminho de deixar o Afeganistão em 31 de agosto, já que o Taliban disse que impediria os cidadãos afegãos de chegar aos voos de evacuação”, destaca. E no Financial Times: Biden se recusa a estender o transporte aéreo afegão enquanto o Taleban aumenta o controle. Ainda no NYTimes, outra reportagem mostra que sob o governo do Taliban, a vida em Cabul se transforma mais uma vez. Embora as ruas sejam silenciosas, os moradores de Cabul descrevem uma luta para sobreviver em uma economia cambaleante, onde bancos e escritórios do governo estão fechados e a incerteza reina. Nos semanários ingleses, Times diz que Reino Unido corre para resgatar milhares. O jornal informa que a Grã-Bretanha está lutando para transportar mais de 4.000 cidadãos do Reino Unido e cidadãos afegãos até o final da semana. O último vôo de evacuação da Força Aérea Real deve partir na quinta ou sexta-feira para garantir que haja tempo para os 1.000 soldados britânicos em Cabul partirem. E o Guardian: Tropas do Reino Unido devem deixar Cabul entre 24 e 36 horas. O outro tema relevante na imprensa estrangeira está no Global Times, da China: Exclusivo: como a equipe de inteligência de Biden elaborou o relatório de 90 dias sobre as origens do coronavírus? “Na falta de evidências sólidas e se contentando com evidências circunstanciais, os EUA querem desesperadamente enquadrar a China”, destaca. Diz a reportagem: “Mesmo no estágio final, os funcionários da inteligência de Biden têm poucas evidências sólidas em suas mãos para apoiar a teoria do ‘vazamento de laboratório’, uma hipótese que até instituições científicas dos EUA e aliados consideram rebuscada, mas as equipes americanas ainda se contentavam com a segunda mão, evidências não confiáveis para compilar um relatório que tenta denunciar a China como culpada pelas origens do vírus”. E continua: “Para produzir um relatório que faz a China ficar mal, os EUA também buscaram reprimir os cientistas e a OMS, amarrar seus aliados e coagir os vizinhos da China a se juntarem à sua campanha de difamação contra o país. O verdadeiro propósito dos EUA não é desenterrar as origens desse vírus misterioso. Em vez disso, pretende exaurir os recursos diplomáticos da China, fortalecer a sua influência para impedir o desenvolvimento chinês e compensar a crescente influência internacional do país asiático”. Ainda sobre a China, o Diário do Povo faz propaganda de matéria da CNN informando que país pode se tornar o primeiro a controlar o surto Delta. “A China obteve uma vitória com sua rigorosa abordagem zeroCovid—19, já que nenhum novo caso de transmissão foi relatado na segunda-feira em todo o país. |
AS MANCHETES DO DIA |
Folha: Bolsonaro é instruído a ignorar reunião com governadores Estadão: Investimento federal em ciência e tecnologia é o menor em 12 anos O Globo: Reconduzido, Aras vê ‘ameaças reais’ ao STF Valor: Pobreza cresce em 24 estados, com altas fortes no NE e no SE El País (Brasil): Senadores premiam apoio de Augusto Aras à classe política com mais dois anos na Procuradoria Geral BBC Brasil: Como devastação e aquecimento podem fazer Brasil deixar de ser potência agrícola global UOL: Alvo de CPI, garantidora da Covaxin foi usada por igreja para arrastar dívida G1: Supremo pode julgar hoje se é legal marco temporal para demarcar terras indígenas R7: Litro da gasolina já alcança R$ 7 em três estados Luis Nassif: Disputa política próxima do desfecho Tijolaço: O cassino dos oficiais Brasil 247: Aziz cobra de Aras punição aos crimes de Bolsonaro DCM: Bolsonaro desiste de tentar o impeachment de Barroso Rede Brasil Atual: STF retoma julgamento que define futuro das terras e civilizações indígenas do país Brasil de Fato: Se viúva de Nóbrega delata Bolsonaro, sua vida acaba, diz suposto sócio do Escritório do Crime Ópera Mundi: Afeganistão: Talibã impede ida de afegãos ao aeroporto de Cabul Fórum: Plenário do Senado ratifica decisão da CCJ e reconduz Aras à PGR Poder 360: Relatório da inteligência dos EUA sobre origem do coronavírus é inconclusivo New York Times: Recuperando aliados, Biden está se preparando para sair no prazo Washington Post: Biden reafirma saída em 31 de agosto do Afeganistão WSJ: Biden afirma 31 de agosto a saída do Afeganistão Financial Times: Biden se recusa a estender o transporte aéreo afegão enquanto o Taleban aumenta o controle The Guardian: Tropas do Reino Unido deixam Cabul entre “24 a 36 horas” The Times: Reino Unido corre para resgatar milhares Le Monde: O combate à delinquência financeira atrapalha Libération: Charlie Watts não bate mais El País: A entrega de menores de Ceuta saltou toda a tramitação El Mundo: Biden cede ante a violência taliban e acelera a retirada Clarín: Alberto F. oferece doar parte de seu salário como reparação por Olivosgate Página 12: Sinfonia para adolescentes Granma: Abertura da festa paralímpica, com a presença de Cuba Diário de Notícias: Governo pondera voltar a manter rendas antigas congeladas Público: Novas vagas no ensino superior vão estar disponíveis no início de setembro Frankfurter Allgemeine Zeitung: Taleban não quer mais que os afegãos deixem o país em setembro The Moscow Times: Helicóptero russo saqueado no aeroporto de Cabul Global Times: Exclusivo: como a equipe de inteligência de Biden elaborou o relatório de 90 dias sobre as origens do coronavírus? Diário do Povo: Xi inspeciona cidade de Chengde, no norte da China |



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