segunda-feira, 20 de setembro de 2021

Bolsonaro submete Brasil a mais um vexame internacional

 

Bolsonaro submete Brasil a mais um vexame internacional

Único presidente do G20 sem vacina na ONU, Bolsonaro e comitiva comem pizza na rua, em Nova York. Como a própria diplomacia, extremista entra pela porta dos fundos de hotel para evitar protestos
 20/09/2021 13h06 - atualizado às 15h37
Site do PT

Sem vacina em NY: Bolsonaro faz questão de consolidar o isolamento brasileiro sempre que tem oportunidade

A condição de pária internacional não é recente, veio sendo trabalhada pela diplomacia bolsonarista desde o início da gestão do trapalhão Ernesto Araújo à frente do Ministério das Relações Exteriores. Mas Bolsonaro faz questão de consolidar o isolamento brasileiro sempre que tem oportunidade. Neste domingo (19), o líder de extrema direita submeteu o país a mais uma humilhação internacional ao desembarcar com a comitiva brasileira em Nova York, onde participa da 76ª Assembleia-Geral da ONU, nesta terça-feira (21). Único líder do G20 sem vacinação e, portanto, desautorizado a entrar em restaurantes, Bolsonaro e sua trupe foram parar na rua, onde comeram uma fatia de pizza. Sem máscara e sem vacina, a comitiva também foi obrigada a entrar pelos fundos do hotel para evitar protestos.

O que seria mais um truque de marketing bolsonarista para seguidores fanáticos serviu para expor ao mundo mais uma vez a vergonha de um país cujo presidente carrega no colo o peso de quase 600 mil compatriotas mortos por uma doença que ele ajudou a disseminar. Como não poderia deixar de ser, na foto feita para as redes bolsonaristas pelo ministro do Turismo, Gilson Machado, aparece o ministro da Saúde, Marcelo Queiroga, que se revelou um simples carregador de malas do chefe, uma espécie de “Pazuello de jaleco”.

“Vexame não é comer pizza na rua, vexame é presidente de um país não tomar vacina”, reagiu a presidenta Nacional do PT e deputada federal Gleisi Hoffmann (PR). “Bolsonaro sabia que não entraria em restaurante por causa disso e foi para a rua para se exibir, enquanto parte do povo brasileiro passa fome, o que também é um grande vexame para o Brasil, país produtor de alimentos”, denunciou a deputada.

Bolsonaro, perigo público

Antes mesmo de chegar ao EUA, o negacionismo de Bolsonaro já havia provocado reações na comunidade científica internacional. O epidemiologista da Universidade de Harvard Eric Feigl-Ding, por exemplo, defendeu que Bolsonaro fosse impedido de discursar na Assembleia por infringir as leis da prefeitura de Nova York em relação a medidas sanitárias de controle da pandemia, como uso de máscara e apresentação de comprovante de vacinação.

“Os Estados Unidos deveriam repensar se devem admitir a entrada de Bolsonaro se ele deliberadamente pretende violar as leis do país”, sugeriu o especialista. “Se alguém mais tentar entrar nos Estados Unidos e declarar previamente seus planos de violar as leis americanas, não acho que seria admitido. É um perigo público”, alertou.

O presidente da Assembleia Geral, Abdulla Shahid, detalhou, em carta enviada aos Estados-membros na semana passada, a obrigatoriedade de apresentação, pelos líderes, de comprovantes de vacinação. A medida, no entanto, acabou não sendo adotada.

Marco temporal e desastre passado

Enlameado pelo próprio negacionismo e sem nada de concreto ou positivo para apresentar ao mundo, é esperado que Bolsonaro aborde a pauta do marco temporal, que asfixia demarcações de terras indígenas com a limitação de ocupações às áreas estabelecidas até 1988. 

Se Bolsonaro seguir o exemplo de fiascos anteriores – este será seu terceiro discurso na Assembleia – ele poderá despejar uma enxurrada de fake news sobre a ONU mais uma vez. Em 2020, ele mentiu descaradamente sobre a pandemia e tentou esconder a atuação criminosa de seu governo no meio ambiente, atribuindo as queimadas recordes a uma campanha internacional de “desinformação brutal”.

Como esperado, as lorotas de Bolsonaro foram desmentidas pelos mais importantes veículos de imprensa do mundo. “Enquanto Bolsonaro critica uma “guerra de informação” pela Amazônia, minimizar os incêndios é que constitui desinformação total”, acusou a CNN americana, há um ano. “A floresta amazônica está experimentando sua pior onda de incêndios em 10 anos, e o Pantanal, o maior do mundo, possui o maior número de incêndios já registrado”, denunciou a Reuters.

Além da imprensa, a sociedade civil também reagiu às mentiras de Bolsonaro. “Sem qualquer compromisso com a verdade, o presidente afirmou que seu governo pagou um auxílio emergencial no valor de mil dólares para 65 milhões de brasileiros carentes, durante a pandemia. O auxílio foi de 600 reais”, desmentiu a Associação Brasileira de Imprensa (ABI). Já o presidente da Ordem dos Advogados do Brasil (OAB), Felipe Santa Cruz classificou a fala de Bolsonaro foi “calculadamente delirante”.

Enquanto não chega o momento de mais uma humilhação mundial, Bolsonaro segue investindo no desrespeito e  na deselegância. Na manhã desta segunda-feira (20), o ocupante do Planalto afirmou que seu discurso “vai ser em braille”, método de leitura para pessoas com deficiência visual.

Da Redação, com informações de DCMBBC e Folha

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