Protagonistas da Operação Lava Jato e dos escândalos que a sucederam, o ex-juiz Sergio Moro e o ex-procurador Deltan Dallagnol anunciaram nesta semana o que pode ser lida como uma abertura de caminho para concorrerem a algum cargo público no ano que vem. No próximo dia 10, o ex-juiz e ex-ministro bolsonarista se filiará ao Podemos, partido de Álvaro Dias. Já começou articulações em Brasília e até sobre a PEC dos Precatórios se manifestou. “Aumentar o Auxílio Brasil e o Bolsa Família é ótimo. Furar o teto de gastos, aumentar os juros e a inflação, dar calote em professores, tudo isso é péssimo. É preciso ter responsabilidade fiscal”, afirmou. Já Dallagnol confirmou a decisão de renunciar ao cargo no Ministério Público Federal e já foi exonerado. “Eu tenho várias ideias sobre como posso contribuir e serei capaz de avaliar, refletir e orar sobre essas ideias depois de sair do Ministério Público. Assim que essas ideias se concretizarem em planos e ações, eu vou compartilhar com vocês aqui’, disse o ex-procurador em tom de candidatura. As reações foram imediatas. Pelas redes sociais, políticos de esquerda lembraram as mensagens da Vaza Jato e a anulação das condenações do ex-presidente Lula. "A tal Força-tarefa afinal era um partido político. Que surpresa", ironizou Fernando Haddad. "Moro com filiação partidária e participando do congresso do MBL. Dallagnol saindo do MP para as eleições de 2022. Se alguém tinha dúvidas de que a Lava-jato atuava como um partido político, agora não tem mais. É o juiz ladrão e o seu bandeirinha mostrando suas verdadeiras faces", escreveu o deputado Glauber Braga (PSOL-RJ). "Como procurador, ele fez política partidária o tempo todo. Ao menos, agora, não poderá se esconder atrás do biombo da falsa imparcialidade", disse o líder da bancada do PT na Câmara dos Deputados, Bohn Gass. "Moro e Dallagnol devem ser candidatos em 2022. Dia difícil pra turma que ficou anos tentando provar que a Lava Jato não tinha objetivos políticos", arrematou Guilherme Boulos. "A seletividade, os métodos de investigações e vazamentos: tudo convergia para um propósito claro – e político, como hoje se revela. Demonizou-se o poder para apoderar-se dele. A receita estava pronta”, declarou. O Grupo Prerrogativas, coletivo de juristas, professores de Direito e advogados, divulgou nota em que classifica o episódio como “a consumação de uma manobra criminosa de aproveitamento político do sistema de Justiça”. O ex-presidente Lula, que foi condenado pelo ex-juiz na 13ª Vara Federal em Curitiba, ainda não se manifestou, mas sabe que, diferente do julgamento parcial do qual foi vítima, enfrentará Moro de igual para igual. Sem as flechas para acusar e condenar, Dallagnol e Moro virarão alvo e devem experimentar a mesma fúria que dispensava aos inimigos.
A PEC dos Precatórios e as divergências no PDT |
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