domingo, 21 de agosto de 2022

PARA NÃO ESQUECER

 

PARA NÃO ESQUECER – 21 A 23 DE AGOSTO DE 1981
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ACONTECE A I CONCLAT
(Ernesto Germano Parés)
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A luta pela retomada dos sindicatos ainda sob intervenção dos militares foi um marco na década de 1970 e muitas oposições sindicais começam a se fortalecer para disputar eleições. No final de 1979 acontece, em São Paulo, o Encontro Nacional das Oposições Sindicais (ENOS). Entre os dias 13 e 14 de setembro de 1980, ainda sob a influência do ENOS, acontece em Nova Iguaçu (RJ), o ENTOES (Encontro Nacional dos Trabalhadores em Oposição à Estrutura Sindical).
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E os trabalhadores não param de se movimentar. Os sindicalistas que haviam participado do ENOS e do ENTOES, dos Encontros de Monlevade, Vitória e São Bernardo, com os movimentos populares em geral, passam a organizar outro movimento: a Articulação Nacional do Movimento Popular e Oposição Sindical - ANAMPOS. Em seu programa básico constava a realização da I Conferência Nacional da Classe Trabalhadora- CONCLAT, mas o quadro nacional ainda era difícil.
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Uma nova crise econômica abatia-se sobre a população e o desemprego crescia. Os empresários estão se organizando e já utilizam conceitos gerenciais modernos. Ativistas e militantes sindicais começam a ser demitidos (cassações brancas). Os gerentes e chefes das empresas começam a receber “cursos” para identificar possíveis lideranças.
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Mas a legislação dos militares ainda impedia a criação de uma central sindical. A Constituição deixada pelos golpistas dizia expressamente que era proibida “qualquer organização de classe”. Ou seja, estava proibida qualquer tentativa de organizar ou mesmo falar em classe social.
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A chance aparece quando os empresários, preocupados com a recessão e a crise de suas empresas, resolvem realizara I CONCLAP (Conferência Nacional da Classe Produtora). As lideranças dos trabalhadores imaginaram que “se os patrões podem, nós também podemos”.
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A preparação para a I CONCLAT (Conferência Nacional da Classe Trabalhadora) já mostrava a diferença entre as duas correntes no movimento sindical: os reformistas, que defendiam que o movimento deveria permanecer nas lutas salariais e, se possível, buscando acordos para não impedir a abertura política e os autênticos que levantavam a bandeira de sindicatos livres, semana de 40 horas, fim do arrocho e outras. Ao final de vários encontroes as posições estavam definidas e a união era impossível.
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Em São Paulo, o juiz da 5ª Vara Federal responsabiliza a União pela morte do operário Manuel Fiel Filho e a sentença é anunciada no dia 17 de dezembro de 1980. Os representantes da “linha dura militar” ainda tentariam um desesperado ato para intimidar a organização popular. Durante as comemorações do 1º de maio de 1981, no centro de convenções Rio Centro (RJ) duas bombas explodem: a primeira, dentro da casa de forças do prédio, não causa danos e a segunda dentro de um carro Puma onde estavam o capitão do exército Wilson Machado (ferido gravemente) e o sargento Guilherme do Rosário (que morre). O Inquérito Policial Militar instaurado conclui que os dois militares foram vítimas de grupos interessados em comprometer os órgãos militares e o processo acaba arquivado (01/03/88) por “insuficiência de provas”.
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Finalmente, a partir de abril de 1981, os trabalhadores conseguem realizar os vários ENCLATEs (Encontros estaduais). Finalmente, em agosto daquele ano, em todo o país os sindicatos já estão mobilizados e enviam cerca de 5.000 delegados para o município de Praia Grande (SP) e discutem as linhas que o sindicalismo deveria tomar.
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Na convocação para o encontro podemos ler: “Neste ano de 1981, a pressão de uma gravíssima recessão econômica, voltada para manter os interesses das poderosas empresas multinacionais e os grupos monopolistas nacionais, provoca crescente sofrimento â classe trabalhadora brasileira”.
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Adiante o documento diz: “Justamente nesse momento em que os trabalhadores provam seu espírito de luta, as 183 entidades abaixo assinadas, reunidas em São Paulo no dia 21 de março de 1981, conclamam todos os trabalhadores brasileiros que vivem na cidade e no campo, a participarem da I CONCLAT que se realizará nos dias 21, 22 e 23 de agosto de 1981, no Estado de São Paulo”. (Veja o documento reproduzido a seguir).
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Mas o confronto estava apenas começando. De um lado os sindicalistas “autênticos” e as oposições sindicais representados, principalmente, pelos metalúrgicos de São Bernardo, bancários de Porto Alegre e São Paulo, petroleiros de Paulínia (SP), Coureiros de São Paulo, Oposição Metalúrgica de São Paulo, etc. Do outro lado os sindicalistas reformistas e ligados ao PCB, como os metalúrgicos de São Paulo, metalúrgicos de Santos, CONTAG e outros. O primeiro bloco defendia uma organização que caminhasse para uma Central Única dos Trabalhadores enquanto a linha reformista defendia um Pacto Social que não atrapalhasse o processo de abertura. A disputa fica marcada como ANAMPOS X Unidade Sindical e não houve acordo sobre uma Greve Geral e sobre a questão da estrutura sindical, mas ficou acertada uma Comissão Pró-Central Única dos Trabalhadores.
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O ano seguinte, 1982, foi muito difícil para os trabalhadores. Seguindo a receita do FMI, o governo baixava uma série de decretos para atingir a meta de reduzir os salários em 30%, no prazo de dois anos. Os decretos são conhecidos de todos: 2.012. 2.024. 2.065 e por aí afora. As greves são muitas, nas cidades e no campo, em busca da reposição do poder aquisitivo dos salários.
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Em 12 de setembro de 1982, o setor mais combativo do movimento resolve declarar a necessidade de convocar o Congresso e a divisão se amplia com os debates gastando quase um ano. Estávamos caminhando para a criação da CUT – Central Única dos Trabalhadores!
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Nas imagens: 01) Cartaz convocando a Conclat; 02) mesa que dirigiu os trabalhos da Conclat; 03) foto histórica da Conclat. Nota, tenho a revista com todas as resoluções da Conferência no meu arquivo pessoal.




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