Os últimos dias foram intensos na campanha e o tema central foi a religião. Pois é, estamos em 2022 e os carros não voam – pelo contrário, a disputa eleitoral se dá voto a voto nas igrejas.
Vale lembrar: em 2018, Bolsonaro venceu a eleição contra Haddad por cerca de 10,7 milhões de votos, enquanto fez 11 milhões a mais do que o petista entre os evangélicos. Se há um lugar chamado “núcleo duro” do bolsonarismo, esse lugar é a igreja evangélica.
Os ataques contra a imagem de Bolsonaro parecem fazer apenas cócegas. As pesquisas que saíram após a onda de más notícias – causadas pelo próprio presidente – e que poderiam afetar sua imagem entre religiosos não moveram um palmo na intenção de votos. Nem chamar adolescentes de um projeto social de prostitutas abala a fé desse tipo de cristão. Pelo contrário: Bolsonaro variou positivamente na margem. Eles mataram Deus, e Deus que lute.
Nesse contexto, Lula foi pressionado a assinar uma “Carta aos Evangélicos”. Que efeito ela tem? Era mesmo necessária? Essa carta não se direcionado aos irmãos de fé que tem no amor o tema central de suas vidas religiosas – como pregou Jesus –, mas àqueles que cada vez mais associam a esquerda ao Diabo. Então: o que estamos legitimando quando precisamos nos ajoelhar diante dessas pessoas? Pergunta importante que o teólogo Ronilson Pacheco tensiona lá no Twitter. Vou colar abaixo sua sequência de mensagens. Boa leitura.
Lula teve de escrever uma carta aos evangélicos. Isso mostra o tamanho da nossa distopia. A extrema direita evangélica, parceira do fascismo e do nacionalismo cristão, violentou a imagem da igreja de tal maneira no país que Lula precisou redigir um documento para dizer o óbvio.
Quem precisava fazer uma carta aos evangélicos era Bolsonaro, porque o bolsonarismo destruiu a mensagem do evangelho. O bolsonarismo tornou "possível" odiar enquanto se fala de Jesus. Cercado de pastores fascistas, Bolsonaro mente todos os dias para destruir adversários.
Enquanto o povo não sabe sequer onde fica a Nicarágua, que Bolsonaro todo dia cita pra falar de perseguição à padres, Ele e seu governo fazem silêncio conivente sobre os seus lacaios bolsonaristas que seguem constrangendo padres e interrompendo missas.
Bolsonaro associa favela à bandido, ignorando o fato de quantas, e quão presentes são, as igrejas nestes territórios. Presentes inclusive para investir na recuperação e oportunidade de nova vida para muitos que outrora foram, de fato, "bandidos".
Os pastores milionários de Bolsonaro tem a perversidade de propor "Jejum pelo Brasil", num país em que mais de 30 milhões de pessoas, incluindo muitas famílias evangélicas, não tem condições de fazer uma única refeição no dia.
Bolsonaro inspira e fomenta o ódio, a superioridade e a arrogância das igrejas evangélicas, ao insistir no tratamento privilegiado aos cristãos, do poder da maioria e uma supremacia cristã de que a sociedade tem de se adquar aos valores que vem da Bíblia.
Bolsonaro e o bolsonarismo é o maior dano político já causado na igreja evangélica brasileira. Pastores corruptos, agressivos, gente que destila ódio e legitima discursos de morte e ataque à minorias sociais. Era pra esse traste escrever uma carta de arrependimento.
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