segunda-feira, 17 de outubro de 2022

*É preciso estar atento e forte!* Excelente análise

 

sgeral@mst.org.br <sgeral@mst.org.br>
Para:sgeral@mst.org.br
qui., 13 de out. às 09:14

 

 

*É preciso estar atento e forte!*

 

A expectativa de encerrar a eleição logo no dia 2 de outubro, que não aconteceu, me deixou bem abatida ontem. Nessas horas, eu agarro um rodo, vassoura, balde e faço faxina. Meu apartamento ficou, como disse a mamãe, um brinco. 

 

À noite conversei longamente com meu filho, que também sempre me anima, e ouvi atentamente o Boulos no Roda Viva, inclusive calando, educadamente, a Vera Magalhães. 

 

Hoje eu tou de volta e pronta pra luta. Começo por desmistificar a desesperança que se formou com os novos eleitos para o Senado. 

 

Vejamos qual a diferença entre a Damares e o Regufe, em Brasília?

 

uma fundamentalista religiosa ( isso é redudante) e um falso moralista com discurso raso de combate à corrupção; 

 

Entre o Moro e o Álvaro Dias no Paraná? Acho até que, para a democracia, o Álvaro Dias era mais nocivo porque mais articulado. O Moro é burro, despreparado e não vai, no Senado, representar nada para o lavajatismo, assim como o Dallagnol na Câmara. 

 

Em São Paulo, o astronauta substituirá o Serra, que não se elegeu nem para deputado. O Brasil perde alguma coisa? Não, só a Verônica Serra perde o manto protetor da desinvestigação. 

 

Qual a diferença entre a Teresa Cristina e a Simone Tebet? ambas representam o agronegócio atrasado,o que queima o planeta. Ok, a Simone Tebet sai dessa eleição com uma coloração um pouco mais democrática e vai nos ajudar no segundo turno, mas seu falso discurso comparativo entre Lula e o inominável diz bem com quem estamos lidando. 

 

Em Alagoas, Renan Filho substitui o Collor, qual a diferença? 

 

Magno Malta, um fdp, fundamentalista tomou a vaga da Rose de Freitas, do MDB. OK, ela é menos ruim, mas só isso. Menos ruim. 

 

O Mourão, substitui um tal de Lasier Martins, do Podemos. Eu acho que foquei muito nos que poderiam entrar, como Mollon no RJ, Marcio França em São Paulo, e perdi um pouco a perspectiva. 

 

Em Pernambuco, uma deputada do PT entra no lugar do Fernando Bezerra Coelho, não é a gloria? 

 

No Ceará, Camilo Santana derrotou a treva de uma mulher oportunista, que na reta final só falava de aborto, e vai substituir Tasso Jereissati, com todo o respeito ao tucano-mor, sou mais o Camilo. E quem diria, na década de 1990, que um político do PT substituiria um do PSDB. Olha a perspectiva histórica. 

 

Todos sabemos que Tasso não concorreu porque tinha a consciência do tamanho do Camilo Santana, um gigante que derrotou a prepotência do Ciro, e do Roberto Cláudio que caiu no canto da sereia, sem falar na derrota no primeiro turno do capitão daqui.  

 

No Piauí, Wellington Dias entra no lugar de um cara do PP. Aliás é bom destacar que o PP, do Ciro Nogueira, do Arthur Lira, do orçamento secreto reduziu sua bancada na Câmara de 58 para 47 deputados. O PT aumentou a sua de 56 para 68. 

 

A gente precisa ter serenidade também para ver os ganhos. 

 

São Paulo elegeu Ricardo Sales, mas também elegeu Marina Silva. 

 

O Rio de Janeiro elegeu o Pazuelo que vai enfrentar Alexandre Padilha diariamente lhe lembrando os mortos da pandemia. Olha que castigo grande para este sabujo incompetente. 

 

A composição da Câmara e do Senado, que nos impactou no primeiro momento, precisa de uma análise mais fria e racional. Não é um álbum de figurinhas da copa em que se troca uma cara por outra. Os nossos eleitos representam ideologias e bandeiras que nos impõe esta análise pela ótica do Brasil da esperança, do Brasil da luta... 

 

Vejam o velhíssimo Novo reduziu de 8 para três sua representação parlamentar e não terá mais fundo partidário e nem tempo de tevê. Olha só que plus não termos no próximo debate com candidatos a Presidente um mauricinho defendendo estado mínimo.  

 

O MBL, que tanto mal fez a este país em 2013, está menor que a luta do Brasil trans que elegeu duas parlamentares, uma na mais que conservadora Minas Gerais. Desculpem a repetição, mas reparem a perspectiva histórica. 

 

A bancada feminina cresceu de 77 parlamentares para 91 e dessas 21 deputadas são da Federação Brasil Esperança, arranjo institucional que deu certo, e terá a segunda maior bancada com 79 parlamentares, assim como deu certo a Federação PSOL/Rede. 

 

O PSOL elegeu mais parlamentares que o PSDB e o Boulos, líder do Movimento dos Trabalhadores sem Teto, foi o parlamentar mais votado em São Paulo. Em 2018, foi o bananinha. 

 

Brasília, que elegeu a bruxa para o Senado, botou na Câmara Legislativa, com a maior votação, um homossexual negro da Ceilândia e em segundo lugar o grande companheiro, aguerridíssimo Chico Vigilante, também da Ceilândia, pobre e preto. 

 

Ah o PL tem a maior bancada! Gente o PL é feito de fisiológicos. Com a vitória do Lula, eles vão correndo, chorando querer ser base. Principalmente, se o Supremo derrubar o orçamento secreto.  

 

Então vamos lamber as feridas e ir à luta. É próprio de nós, militantes de um País melhor, confundirmos desejo com análise. Mas vamos com serenidade e garra avançarmos, sem análises otimistas demais e nem pessimistas demais. 

 

Vivemos num País em que os candidatos a presidente que representam o projeto para a classe trabalhadora nunca venceram no primeiro turno. 

 

E também vivemos num País em que nunca o cara que está no comando não foi ao segundo turno com grande vantagem numérica. Nem com PEC das bondades, o monstro que dizia que ganharia em primeiro turno ficou na frente. 

 

Precisamos agora conversar com os eleitores da Simone, do Ciro (eu só conheço uma) e também com os eleitores do Lula para tirarmos lições e avançar, avançar para além do segundo turno que venceremos...

 

*Elza Ferreira – jornalista, nordestina, eleitora do Lula

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