PARA NÃO ESQUECER – 4 DE DEZEMBRO DE 1975
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MORRE HANNAH ARENDT
(Ernesto Germano Parés)
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JoHannah Arendt, posteriormente Hannah Arendt nasceu em 1906 nasceu em 1906, na cidade alemã de Linden, na antiga Prússia. Filha única de Paul Arendt e Martha Arendt, cursou engenharia na Albertina e dispunha de uma biblioteca com muitos livros clássicos. Foi uma das principais pensadoras da política no século 20, mas sua obra inspira estudos em outras áreas, entre elas a Educação. Poucos intelectuais atuaram tão diretamente em seu tempo como Arendt, que foi vítima, ainda jovem, da grande perseguição nazista na Alemanha.
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Hannah não gostava muito de ser citada como “filósofa” e era interessada em particular no fenômeno do pensamento e no modo como ele opera em tempos sombrios. Portanto, não poderia deixar de se ocupar do ensino e abordou o assunto em dois textos, A Crise na Educação (incluído no livro Entre o Passado e o Futuro) e, mais indiretamente, Reflexões sobre Little Rock, escritos em 1958 e 1959, respectivamente. Na época, as salas de aula nos EUA - para onde se mudou em 1940 - se viam invadidas por questões sociais, como a violência, o conflito de gerações e o racismo.
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No primeiro dos dois textos ela apresenta, com a habitual veemência e coragem, uma visão bastante crítica do tipo de Educação considerada moderna, naquela época e também hoje. Em poucas páginas, ela questiona em profundidade alguns dos conceitos pedagógicos mais difundidos desde fins do século 19 e que se originam do movimento da Escola Nova e da concepção do trabalho educativo como um aprendizado para a vida.
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Iniciou seus estudos universitários em Marburg, em 1924, onde conheceu muitos estudantes que se tornaram filósofos importantes, como Hans Jonas e Karl Löwith. O contato com a filosofia e com essa universidade pode ter sido influenciado por um relacionamento anterior com Ernst Grumach, aluno de Martin Heidegger na época.
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No início de sua vida acadêmica, mal saída da adolescência, Hannah Arendt era uma apaixonada pela filosofia de Immanuel Kant (1724-1804), filho mais célebre da cidade em que foi criada, Königsberg (hoje Kaliningrado, na Rússia). Já depois de estar nos EUA, ela admitiu que foram os acontecimentos, começando pela perseguição nazista à sua família que a fizeram migrar da filosofia mais abstrata para a ciência política e a refletir sobre as questões urgentes de seu tempo. *
Em meados de 1930, a situação política na Alemanha já indicava o avanço do nazismo, e muitos começavam a ser presos e interrogados. Em 1933, Hannah ficou presa durante 8 dias por tentar obter documentos a pedido de Kurt Blumenfeld. Após ser liberada, ela e sua mãe deixaram a Alemanha. O primeiro destino foi Praga e, de lá, Hannah seguiu para Paris, onde encontrou Heinrich Blücher, que não era judeu, em 1936, e com quem viveu por muitos anos.
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Mas a França também já não oferecia um lugar seguro. E os dois foram parar em campos de concentração onde ficaram por poucas semanas. Libertados, saíram da França.
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O destino escolhido foi os EUA aonde chegaram em 1941. E passaram por muitas dificuldades, além de dificuldades com o novo idioma. O pouco dinheiro que conseguiam mal chegava para pagar o aluguel e comprar algum alimento.
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Hannah escrevia sem parar, mas tinha dificuldades com o idioma. Um dos textos mais importantes desse período é justamente o que tem como título “Nós Refugiados” (1943). O casal sobrevivia com ajuda de amigos até 1951, quando foi publicado o seu primeiro livro, “As Origens do Totalitarismo”, livro que a tornou conhecida como “teórica política” e marcou o início de sua carreira.
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Continuou escrevendo e publicando livros e artigos. Em 1958 saiu do prelo um dos mais conhecidos de Hannah: “A condição humana”. Pouco depois ela se tornou a primeira mulher a ser convidada como professora visitante em Princeton.
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Em 1961, foi convidada para participar do julgamento de Adolf Eichmann, oficial alemão nazista, como repórter do New Yorker. Suas conclusões sobre o caráter desse oficial alemão e sobre a participação dos judeus no esquema nazista causaram revolta em muitos, especialmente judeus, sendo criticada em publicações e em palestras que concedeu.
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Começou a receber vários convites para palestras e para ser professora em muitas outras universidades, sendo o período em que atuou na Universidade de Chicago (1963–1967) e na Nova Escola de Investigação Social de Nova Iorque (1967–1975) suas últimas ocupações docentes. Sua obra de maior relevância estava sendo preparada quando faleceu, algumas semanas após seu aniversário de 69 anos.
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Como fontes de suas investigações Arendt usa, para além de documentos filosóficos, políticos e históricos, biografias e obras literárias. Esses textos são interpretados de forma literal e confrontados com seus pensamentos. Seu sistema de análise - parcialmente influenciado por Heidegger - a converte em uma pensadora original situada entre diferentes campos de conhecimento e especialidades universitárias.
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Hannah Arendt faleceu no dia 04 de dezembro de 1975, em Nova Iorque.
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VIVA HANNAH ARENDT!
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Nas imagens: 01) Hannah Arendt; 02) o único que sobrou na minha estante
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