Ernesto Germano Parés

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PARA NÃO ESQUECER – 09 DE DEZEMBRO DE 2015
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MORRE VÂNIA BAMBIRRA
(Ernesto Germano Parés)
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Lamentavelmente, uma socióloga e economista brasileira quase desconhecida pela maioria dos brasileiros. Com um imenso respeito internacional e obras que são estudadas em quase toda a América Latina.
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Vânia Bambirra nasceu em Belo Horizonte, em 1940, filha de uma dona de casa e de um alfaiate militante do Partido Comunista Brasileiro. Ainda quando estudante, em 1961, integrou, juntamente com Theotonio dos Santos, um grupo de defesa da Revolução Cubana. Graduou-se em 1962 e, em 1964, foi expulsa da Universidade de Brasília, onde era professora e estudava a questão agrária.
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Participou da Organização Revolucionária Marxista da Política Operária (Polop), que lutou contra o regime militar de 1964. Mestre pela Universidade de Brasília (UnB) e doutora em Economia pela Universidade Nacional Autônoma do México (UNAM), é mais conhecida na América hispânica do que no seu próprio país, onde tem poucas obras publicadas.
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Vânia Bambirra trabalhou com grandes intelectuais como Ruy Mauro Marini, André Gunder Frank e Theotonio dos Santos. Foi uma das formuladoras da Teoria da Dependência, uma interpretação crítica, marxista não-dogmática, dos processos de reprodução do subdesenvolvimento na periferia do capitalismo.
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Durante a ditadura militar refugiou-se no Chile e lá participou ativamente do Centro de Estudos Sócio-Econômicos (CESO), da Universidade do Chile. Com outros marxistas locais e alguns exilados políticos, desenvolveu uma leitura da realidade latino-americana. Com o golpe que derrubou Allende, Vânia Bambirra parte para o México.
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Ela só voltou ao Brasil na década de 1980, mas, em seu retorno, encontrou um ambiente acadêmico totalmente diferente do visto nos anos 1960. Talvez seja essa a razão de não conseguir se envolver imediatamente. Sabemos que houve grandes dificuldades para os exilados se reintegrarem aos ambientes acadêmicos.
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Vânia Bambirra passa a atuar política e profissionalmente na gestão de Leonel Brizola no Rio de Janeiro, desenvolvendo políticas públicas com base em pesquisas sociológicas. Neste período, conseguiu aliar reflexão teórica com prática política concreta, através de um governo progressista que tinha, heroicamente, vencido as eleições para governar o estado do Rio de Janeiro.
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O fato é que, ao retornar ao país, ela se vincula ao partido e liderança que mais se aproximavam da esquerda dos anos 1960, afastando-se das novas organizações que se mostravam “renovadoras”, seja o eurocomunismo do PCdoB ou o novo sindicalismo do PT. E, entre 1991 e 2000 foi Chefe da Assessoria Técnica da Liderança do PDT na Câmara dos Deputados. Mas entregou sua desfiliação em 2000.
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Entre 2001 e abril de 2002 é Superintendente de Reestruturação e Modernização Administrativa da Secretaria de Estado de Administração e Reestruturação do Governo do Estado do Rio de Janeiro.
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Vânia Bambirra faleceu no dia 9 de dezembro de 2015 na cidade do Rio de Janeiro.
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Entre suas principais obras temos, em português: a) “A teoria marxista da transição e a prática socialista” - Brasília, Editora da Universidade de Brasília, 1993; b) “Cuba – 20 anos de cultura (entrevistas)”, 1983; c) “O Capitalismo dependente latino-americano”, Editora Insular - IELA, Florianópolis (2012).
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Em espanhol vamos encontrar: a) La estrategia y táctica socialista: de Marx y Engels a Lenin”. Em co-autoria com Theotônio dos Santos, Era, México, 2 tomos (1980-81); b) “América Latina: história de medio siglo”, organizado por Pablo Gonzalez Casanova, Siglo XXI, México (1978). Reeditado pela editora UnB, Brasília (1988); c) “El control político del Cono Sur” organizado pela Casa do Chile e pelo ILDES, Siglo XXI, México (1978); d) “Teoría de la dependencia: una anticrítica” - Era, México (1977); e uma longa lista de obras.
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Pode-se obter uma boa parte da obra de Vânia Bambirra no “Portal da obra de Vânia Bambirra” da Universidade Federal do Rio Grande do Sul (https://www.ufrgs.br/vaniabambirra/)
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VIVA VÂNIA BAMBIRRA!
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PRECISAMOS CONHECER MELHOR A SUA OBRA!
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Nas imagens: 01) Vânia Bambirra; 02) frase de Vânia Bambirra sobre sua obra.
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