segunda-feira, 16 de janeiro de 2023

PARA NÃO ESQUECER ASSASSINATO DE KARL LIEBNECHT

 PARA NÃO ESQUECER – 15 DE JANEIRO DE 1919

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ASSASSINATO DE KARL LIEBNECHT
(Ernesto Germano Parés)
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Wilhelm Liebknecht era alemão e cultivava ideias socialistas. Tornou-se amigo e colaborador de Karl Marx e foi membro da Primeira Internacional. Pai de Karl Liebnecht que ficou conhecido por ter, junto com Rosa Luxemburgo, fundado a Liga Spartacus, em 1915. Este movimento de esquerda surgiu na Alemanha em oposição ao regime social-democrata vigente na República de Weimar.
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Karl Liebknecht estudou direito nas Universidades de Leipzig e Berlim, concluindo seu doutorado na Universidade de Würzburg, em 1897. Formado, dedicou-se a defender causas trabalhistas e da juventude. Em 1900 aderiu ao Partido Social-Democrata da Alemanha (SPD).
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Liebknecht militou na juventude do partido e em 1907 escreve “Militarismo e antimilitarismo”, famoso livro de denúncia do imperialismo e militarismo alemão, razão pela qual foi preso um ano e meio, sendo eleito deputado no Parlamento regional da Prússia em 1908, e em 1912 para o Reichstag, o Parlamento Alemão.
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Mesmo sendo parlamentar, Liebknecht é mobilizado para a guerra no dia 07 de fevereiro de 1915, na qual foi obrigado a cavar trincheiras e tinha permissão só para participar das sessões no Reichstag. Nessa época, Rosa Luxemburg é encarcerada por continuar com sua propaganda antimilitarista.
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Em 02 de dezembro de 1914, Liebknecht desponta como referência na história política do socialismo mundial. Como deputado socialista, defende uma posição internacionalista, votando contra os novos créditos de guerra de que a classe dominante alemã precisava para a I Guerra Mundial.
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No fundamento de seu voto ele caracteriza de forma adequada a Primeira Guerra Mundial como interimperialista, pela dominação capitalista do mercado mundial e pela dominação política de importantes regiões para instalar capital industrial e bancário. Também entende a carnificina como um empreendimento bonapartista, buscando desmoralizar e destruir a ascensão do movimento operário internacional. Vota contra a guerra e explica sua posição política, acatando as deliberações do VIII Congresso da Internacional Socialista (II Internacional) realizado em 1910 na cidade de Copenhagen, na Dinamarca, o qual estabeleceu que caso fossem pautados nos Parlamentos os créditos de guerra, os deputados socialistas deveriam votar contra estes. Contraria, baseando-se nos Congressos da II Internacional, a deliberação do seu partido, o Partido Social Democrata da Alemanha (SPD) dirigido pelos os socialistas majoritários, belicistas.
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Karl Liebknecht não apenas se opôs à guerra no Parlamento burguês, num ato de coragem reconhecido até por liberais, como também denunciou, de forma extraparlamentar, o caráter desta guerra, chamando constantemente à mobilização antibelicista os trabalhadores de forma independente, mantendo uma posição internacionalista proletária, socialista internacionalista, frente à maré chauvinista hegemônica na Alemanha.
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Em maio de 1915, Liebknecht publica “O inimigo principal está no próprio país” e continua aprofundando argumentos contra a guerra interimperialista. Enquanto as classes dominantes partiam do suposto de que o povo esquece rápido, especulando com a paciência das massas. Em resposta Karl discursa bem alto: “Tudo a aprender! Nada a esquecer!”.
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É quando começa a destacar a luta heroica dos socialistas internacionalista italianos e a importância de ter como orientação política geral a luta da classe proletária contra a matança imperialista internacional, reafirmando que o inimigo principal de cada povo estaria no próprio país, e exorta ao fim do genocídio, apelando à unidade do proletariado numa luta de classes internacional, contra a diplomacia secreta e por uma paz socialista.
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Passa a intensa militância política e funda, juntamente com Rosa Luxemburgo e outros, a Liga Spartacus, sendo expulso do partido em 1916. Filiou-se ao Partido Social-Democrata Independente da Alemanha (USPD).
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Com seus companheiros da Liga Spartacus acabou fundando o Partido Comunista da Alemanha, aliando-se a outros grupos comunistas da época, os Delegados Revolucionários e os Comunistas Internacionalistas.
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Em 27 de janeiro de 1916, aparece a primeira Carta assinada por Spartacus – grupo liderado por Rosa Luxemburg, Karl Liebknecht, Clara Zetkin e Franz Mehring. Durante os dias 06 a 09 de abril de 1917 funda-se o Partido Socialdemocrata Independente (USPD), na cidade de Gotha, e os socialistas internacionalistas formam uma frente com estes setores ecléticos e centristas em nome da unidade.
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Durante 1918-1919 abre-se um processo revolucionário na Alemanha, no período do final da primeira Guerra Mundial. Em 09 de novembro o socialdemocrata Fredrich Ebert assume o governo, com a abdicação do Kaiser Guilherme II e a decretação da República.
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Entre os dias 29 de dezembro de 1918 e 01 de janeiro de 1919, realiza-se o Congresso que funda o Partido Comunista da Alemanha (KPD).
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No dia 06 de janeiro produzem-se os primeiros combates em Berlin, e em 10 de janeiro proclama-se uma República de Conselhos Operários em Bremen, que se mantém durante 26 dias, até o dia 04 de fevereiro de 1919. Na noite do dia 09 para 10 de janeiro do mesmo ano, a redação do jornal Rote Fahne (Bandeira Vermelha), que fora criado por Rosa Luxemburg e Karl Liebnektch, sendo seus editoriais escritos por eles mesmos, é invadida por soldados, com o objetivo preciso de assassinar Liebknecht.
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No dia 11 de janeiro de 1919 o socialdemocrata Gustav Noske entra em Berlim, dirigindo os, grupos paramilitares de extrema direita, uma organização de luta anticomunista alemã. Ernest Meyer e George Ladebour, destacados dirigentes comunistas, são presos.
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Detidos no dia 15 de janeiro pelo Freikorps (grupos de paramilitares de direita que surgem na Alamenha), numa ação planejada e organizada desde no mínimo dezembro de 1918, foram assassinados Rosa Luxemburg e Karl Liebknecht. Os dois revolucionários foram levados ao Hotel Eden, centro de operações da contrarrevolução, e, de lá, trasladados para serem golpeados e executados. A versão oficial descreveu uma tentativa de fuga de Karl Liebknecht. Seu cadáver foi entregue como “desconhecido”. Rosa Luxemburg foi arrastada por uma multidão e se desconhecia onde estava quando foi jogada da ponte de Linchtetstein no canal Landweth.
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No mesmo dia 15 de janeiro publicam suas últimas matérias no jornal: de Luxemburgo, “A ordem reina em Berlim”; de Liebknecht, “Apesar de tudo”.
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Finalizamos este texto com as palavras que Karl Liebnecht nesse último artigo: “Os derrotados de hoje serão os vencedores de amanhã (...) e se nós ainda vivermos, chegado o momento, viveremos o nosso programa: a humanidade redimida vai governar o mundo”.
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VIVA KARL LIEBNECHT!
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VIVA A REVOLUÇÃO OPERÁRIA MUNDIAL!
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Nas imagens: 01) Karl Liebnecht; 02) Karl e Rosa; 03) Karl discursa contra a guerra para operários
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