Não há nenhuma possibilidade da volta de Bolsonaro ao Brasil significar qualquer coisa relacionada à política democrática de fato. Ele não é "oposição", não voltou para "liderar" parlamentares ou "dar vigor à política brasileira". Ao utilizar esses termos brandos e dar espaço para o discurso do ex-capitão, a imprensa tradicional de novo, mais uma vez, normaliza o neofascismo brasileiro. Foram quatro anos, uma pandemia, uma tentativa explícita de golpe, ataques sangrentos aos povos indígenas, política clara de armamento descontrolado da população civil e a imprensa brasileira parece que não aprendeu nada.
A volta de Bolsonaro é o que é e só não enxerga assim quem o apoia ou é cínico. É o retorno da principal liderança do neofascismo brasileiro. Ele retornou para assumir seu posto de líder de um movimento cujo foco não é campanha política alguma. O foco é dar continuidade à marcha rumo ao obscurantismo, ao desmonte do Estado brasileiro, à pilhagem desse mesmo Estado, à destruição das instituições democráticas e ao fortalecimento de grupos armados civis, paramilitares e dentro das polícias. Eles não se esforçam para esconder. Mas, aparentemente, a imprensa brasileira faz questão de dar um verniz de banalidade às ações do ex-capitão e sua trupe.
Não há nada de trivial no retorno de Bolsonaro, cuidadosamente planejado para ocorrer às vésperas do aniversário do golpe de 64. A resposta da sociedade brasileira precisa ser firme e contundente. E ela deve ocorrer em duas frentes: - É importante que ele seja investigado e responsabilizado pelas centenas de irregularidades que o cercam. Das violações desumanas ao povo Yanomami às joias milionárias afanadas da Presidência da República.
- É urgente lidarmos de maneira mais inteligente com o discurso neofascista que infesta a sociedade brasileira. A imprensa precisa rever seu trabalho e a sociedade precisa criar mecanismos que obriguem as gigantes da tecnologia a trabalhar para o interesse público, e não contra ele.
Isto não é um editorial. Mas poderia ser. Fizemos questão de nos posicionar, porque é assim que queremos ser lembrados daqui a 50 anos.
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