sábado, 10 de maio de 2014

RC daria um show na CPI

RC daria um show na CPI

Não foi o próprio governador Ricardo Coutinho quem desafiou a oposição, afirmando que seus adversários podem vir com “um caminhão de CPIs”? Significa, então, que Sua Majestade deve ter um caminhão de motivos para não temer de modo algum submeter a milionária terceirização do Hospital de Trauma de João Pessoa aos questionamentos e apurações de uma Comissão Parlamentar de Inquérito (CPI) da Assembleia Legislativa.
Nesse caso, nem precisa a Deputa Daniella Ribeiro coletar assinaturas para instalar a CPI do Trauma da Cruz ou da Cruz do Trauma. Deixa esse trabalho para o Deputado Hervázio Bezerra, líder do governo na Assembleia. Pela disposição do governador e a confiança que demonstra na tal ‘gestão pactuada’, aposto como ele não se furtará sequer a depor perante a CPI. Com uma vantagem e toda a certeza do mundo: o monarca se sairá bem melhor do que o seu Secretário de Saúde na defesa do contrato que hoje já estaria transferindo mais de R$ 12 milhões dos cofres públicos para a conta bancária da Cruz Vermelha gaúcha, a gestora daquele Hospital.
Suponho que Ricardo Coutinho não terá a menor dificuldade em explicar, por exemplo, porque o Estado, apesar da fortuna que transfere todo mês para a Cruz, mantém centenas de funcionários seus no Trauma e pagando todos os salários e encargos adicionais desse pessoal. Também não deve ser problema para o governador provar que auditoria do Tribunal de Contas do Estado (TCE) está errada quando diz que funcionários de empresas privadas contratadas pela Cruz também são pagos com o dinheiro público destinado a manter o super, hiper, ultra, mega contrato da terceirização.
No dia do depoimento do governador, serei o primeiro a chegar à sala onde a CPI fará suas audiências. Quero ver o soberano dar um show de exposição e argumentos em favor da contratação da Cruz, derrubando com sua verdade absoluta tudo aquilo que não apenas os auditores do TCE constataram até aqui no negócio da Cruz com o governo estadual.
Quero vê-lo arrasar também com o resultado de auditorias do Tribunal de Contas da União (TCU) e do Denasus. Mais ainda, quero vê-lo ‘desmascarar’ tudo aquilo que Ministério Público do Trabalho (MPT), Ministério Público Federal (MPF), Curadoria de Saúde do Ministério Público da Paraíba (MPPB) e Conselho Regional de Medicina da Paraíba (CRM-PB) levantaram e apontaram como irregularidades ou ilegalidades cometidas pela Cruz do Trauma ou no Trauma da Cruz.

MAMÃO COM AÇÚCAR
Por essas e outras, digo sem medo de errar: “Taí uma parada boa do nosso governante bater. Molinho, molinho”. Estou convencidíssimo de que o homem vai arrebentar nessa CPI. Aliás, ele vai estraçalhar com essa CPI. Tanto que vou fazer de um tudo para não perder o espetáculo. Só espero chegar antes da claque girassolaica, pois só assim poderei garantir lugar no gargarejo.

Procuradores vencem mais uma
O Ministro Roberto Barroso, do Supremo Tribunal Federal (STF), deferiu liminar requerida pela Associação Nacional dos Procuradores de Estado (Anape) e suspendeu os efeitos de todos os atos com os quais o governador Ricardo Coutinho nomeou “pessoas estranhas à Procuradoria-Geral do Estado para ocupar cargos comissionados relativos a consultoria, assessoria e assistência jurídicas”.
A decisão, com data de quarta-feira (7), foi publicada ontem no portal do STF e intensamente comemorada pelos procuradores do Estado e dirigentes das entidades que representam a categoria, tanto a nacional como a estadual, a Aspas. Afinal, trata-se de importantíssima vitória na guerra que vêm travando com o atual governo em defesa das prerrogativas dos procuradores de carreira, que só querem uma coisa: exercer com dignidade e exclusividade o controle da legalidade na administração estadual, especialmente no que concerne a exame e pareceres em licitações públicas e nos contratos do Estado com fornecedores de obras, serviços e produtos de toda natureza.

Liberdade, nossa melhor pauta
Fui a Brasília terça-feira (6) participar do VI Fórum Liberdade de Imprensa & Democracia, promoção da Revista Imprensa que virou referência de qualidade dos debates públicos sobre jornalismo no Brasil e no mundo. Lá, no auditório do Museu da Imprensa Nacional, local do evento, estiveram algumas das estrelas nacionais do jornalismo, a exemplo de Eliane Catanhede, colunista de Política da Folha de S. Paulo, e Cristina Serra, repórter do Jornal Nacional (Rede Globo de Televisão). Lá estiveram também Théo Rochefort, Diretor de Relações Institucionais da Abert (Associação Brasileira de Emissoras de Rádio e Televisão) e José Carlos Torves, diretor da Fenaj (Federação Nacional dos Jornalistas).
Todos expuseram preocupações e dados sobre o crescimento da violência contra jornalistas no Brasil, além de propostas para garantir o exercício da profissão durante protestos de rua, como uma radical mudança na conduta dos policiais no trato com manifestantes e repórteres que cobrem tais manifestações. Não é pra menos. Dentro ou fora desses enfrentamentos, nos primeiros meses de 2014 pelo menos 27 jornalistas foram mortos em todo o mundo. Desses, quatro brasileiros. Mais: nos últimos dois anos, o Brasil despencou 12 pontos na classificação geral de liberdade de imprensa, de acordo com a organização Repórteres sem Fronteira. Já um levantamento da Abert mostra que ano passado foram cometidos 105 ataques e ameaças à imprensa.
Não foi esmiuçada a natureza desses ataques, mas entre eles imagino os perpetrados por agentes políticos que manejam ações judiciais contra a liberdade de expressão com a destreza de ninjas degolando inimigos. Mas o bom é saber que tem gente boa cuidando do nosso pescoço. Uma Comissão de Proteção ao Jornalista zela pela integridade física dos profissionais ao mesmo tempo em que combate a litigância de má fé ou a picaretagem da judicialização do dever do jornalista informar, denunciar e opinar. E, claro, do direito do leitor, ouvinte ou espectador se informar.


Fonte: Coluna de Rubens Nóbrega.

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