José Tarcízio Fernandes*
Realizou-se em Havana a 24ª Feira
Internacional do Livro, de 12 a 22 de fevereiro deste ano, a mais importante
feira do planeta ao lado da de Frankfurt na Alemanha, segundo avaliação da ONU.
A Fortaleza de La Cabaña, a maior das
construídas pela Espanha nas Américas, ergue-se majestosa em local privilegiado
da capital cubana como edificação histórica representativa dos tempos
coloniais. Por esses dias, transformou-se ela em centro cultural efervescente
de Cuba e do mundo com mais de trinta países participantes, centenas de
livreiros, múltiplos “shows” musicais, exposições. A visitá-la, só nos três
primeiros dias, mais de 73.000 pessoas lhe percorreram os centenários espaços,
ávidas por conhecer novidades no campo editorial.
A Feira é o maior evento cultural de
Cuba, cujo governo está entre os que mais promovem no mundo educação e formação
cultural de alta qualidade (educação gratuita em todos os níveis) na linha do
pensamento de um dos mais insignes protomártires de seu povo, José Marti, para
quem ser culto é o único caminho aberto ao homem no direito de viver livre. E,
“na ilha está garantido o direito humano à educação”, assegura a representante
da ONU, Anna Luzia D'Emilio.
A Feira trouxe 850 novidades editoriais
numa produção de mais de cinco milhões de exemplares. E foi nesse cenário de
luxo e de luz para o espírito, de saber e de prestígio universal que um
professor deixou vivas as marcas da Paraíba.
O livro traduzido para o espanhol – “Ruptura
o continuidad en los gobiernos de Fernando Henrique Cardoso y LULA?” – contém
uma abordagem analítica, ao cabo de 5 anos de pesquisa do professor, sobre a
política interna e externa do PSDB e do PT, a mostrar não uma simples diferença
entre governos, agenda, estilos e estratégias, mas diferenças entre concepções
de governar para o desenvolvimento e independência do país.
O autor leciona Economia Política no
Centro de Ciências Jurídicas da UFPB. É graduado em Economia. Tem mestrado em
Economia Política pela Faculdade de Economia de Havana; e doutorado em Ciências
Políticas pela Faculdade de Filosofia, História e Ciências Políticas, também de
Havana. Estudou e trabalhou em Paris. Exilado no Chile, passou 68 dias preso no
Estádio Nacional, acusado do crime de resistir ao golpe fascista de Pinochet.
O prólogo do livro é da doutora Thalia
Fung Riverón, formada em Direito pela Universidade de Santiago de Cuba. Doutora
em Ciências Filosóficas pela Universidade de Moscou e em Ciências Políticas
pela Universidade de Lomonosov (antiga URSS), orienta ela teses de doutorado de
cubanos e estrangeiros em Filosofia e Ciências Políticas. Poliglota, no domínio
de cinco idiomas, um deles, o chinês, integra a Federação Internacional de
Filosofia e exerce a presidência da Academia Cubana de Filosofia. Leciona no Ms
e Doutorado da Universidade de Havana. Foi deputada no parlamento cubano. Tem
80 anos em plena e fecunda atividade.
No prólogo, acentua ela: “(...) Se puede
diferir del autor en sus valoraciones; pero no negarle la inteligencia, la
cientificidad de su interpretación y la justeza en comprender cómo el primer
obrero que accedió a una presidencia en América, no solo no traicionó su origen
de hombre del Sur (...) sino que integró el grupo de líderes que rechazan las
políticas pautadas para continuar la dominación del Norte sobre el Sur, para
mantener y ampliar la opressión de los excolonizados.”
O livro é do professor Iedo Leite
Fontes, banhado, ao nascer, com as águas do açude de Condado no sertão da
Paraíba.
* Advogado
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