segunda-feira, 16 de março de 2015

    Por que a extrema-direita brasileira odeia tanto a Cuba?

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É de se perguntar o porquê de tantos ataques a uma pequena ilha caribenha, nação onde vivem pouco mais de 11 milhões de pessoas (menor que a população do estado da Bahia) e cujo o Produto Interno Bruto – PIB representava US$ 72 bilhões em 2012 (o orçamento apenas da prefeitura de São Paulo é de US$ 25 bilhões) nas eleições presidenciais brasileiras.
A estratégia durante toda a campanha foi de jogar sobre o governo de Dilma a pecha de estar utilizando dinheiro público para financiar o governo cubano, através da construção do Porto de Mariel e da contratação de médicos para o programa Mais Médicos.  Via de regra, a candidatura de Dilma aceitava a crítica e não desmascarou o motivo de tanto ódio a Cuba por parte da extrema-direita.
A verdade é que o Porto de Mariel, a 40 km de Havana, é uma obra a mais financiada pelo BNDES. Outras obras similares foram financiadas em outros países como Equador e Angola. Longe de ajudar o socialismo, o objetivo dessa estratégia é fortalecer as empresas capitalistas nacionais, criando um mercado com os países de sul que possa suplantar a crise vivida pelos EUA e a União Europeia. O grande beneficiado com o porto de Mariel é mesmo a Oderbrecht, já que o financiamento do BNDES será pago pelo governo cubano.
No caso do Mais Médicos, programa paliativo para levar médicos às cidades do interior, a extrema-direita faz uso de duas mentiras. Primeiro, esconde que a vinda dos médicos estrangeiros só aconteceu após a recusa dos médicos brasileiros em trabalhar nos lugares ermos. A honrada classe médica chegou a afirmar que receber R$ 10 mil de salário é escravidão. Segundo, procuram explorar o fato de que grande parte dos salários dos doutores de Cuba serve para pagar seus estudos, ajudar a família e desenvolver o país deles. Escondem que o trabalho do médico fora das fronteiras nacionais é um ato voluntário, humanitário e social, como heroicamente fizeram os médicos cubanos no Haiti e, agora, nos países africanos atingidos pelo Ebola.
Ao caluniar Cuba, a extrema-direita procura colocar toda a esquerda brasileira em defensiva. Ao não defender as conquistas sociais cubanas, a esquerda perde em legitimidade e protagonismo para defender a justiça social no Brasil.
Por mais diferenças que se possa ter com o modelo de democracia ou de socialismo aplicado por Cuba, não se pode perder de vista que uma sociedade que priorize a justiça social ao invés do lucro é sempre melhor que qualquer regime capitalista. Quando nos calamos, parte da classe trabalhadora passa a repetir e acreditar nesses chavões repetidos a exaustão pelos representantes dos capitalistas, tornando mais difícil a luta por justiça social no Brasil.
Afinal, por que tanto ódio a uma pequena ilha?
Cuba é o exemplo de que é possível construir um caminho diferente. Mesmo cercada, embargada e perseguida pelo imperialismo nos terrenos econômico e político, o povo cubano permanece ostentando os melhores índices de desenvolvimento social, reconhecidos pelos organismos independentes da ONU. Já pensaram se se tratasse de um país rico em petróleo, fontes de energia naturais, com amplas florestas e fontes de minérios, ou seja, um país que tivesse condições geográficas e naturais de desenvolver a indústria e a técnica em níveis superiores?
Cuba é a prova viva de que a igualdade social é mais eficaz que o acúmulo de riqueza. Que a solidariedade é mais eficaz que o individualismo. Que a educação e a justiça social são as armas mais eficazes contra o crime e a violência. Que uma sociedade pode viver sem altos índices de consumos de drogas lícitas e ilícitas e, também, sem encarcerar sua juventude e seus pobres. Em resumo, Cuba é a prova viva que todo o discurso da extrema-direita é mentiroso e por isso precisa ser derrotada.
Não podemos esperar que o governo do PT defenda as ideias de Cuba pois seu interesse para com a ilha se resume a esfera dos negócios. É preciso devolver todo o ataque sofrido pelo povo cubano organizando o povo para lutar pelo programa da classe trabalhadora brasileira.
Jorge Batista, São Paulo.
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Fonte: A verdade

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