domingo, 28 de junho de 2015

Intervenção na Venezuela

Intervenção na Venezuela

21/6/2015 11:10
Por Mário Augusto Jakobskind, do Rio de Janeiro

Para colunista, ida de senadores à Venezuela foi montada pela CIA
Para colunista, ida de senadores à Venezuela foi montada pela CIA
Mais uma jogada montada pela CIA para encurralar a Venezuela e também pressionar o governo brasileiro a se posicionar contra um país independente ocorreu nestes dias.
Vale lembrar que no próximo dia 30 de junho vai ter encontro Dilma-Obama em Washington e nada melhor para os gringos que fazer com que se pressione a presidenta a se posicionar contra a Venezuela.
Aécio Neves Cunha, o derrotado, está querendo cobrar do governo que se posicione pelo afastamento da Venezuela do Mercosul. Tudo que a direita já tinha tentado e não conseguiu. E os argumentos agora são ridículos e revelam o caráter dos parlamentares que foram a Caracas para ocupar espaços midiáticos  e cumprir pautas.
Os senadores “democratas”, conscientemente ajudaram o esquema golpista. Foram ridículos, sem dúvida, mas cumpriram um papel que já tinha desempenhado o “socialista” Felipe González e Cia ltda. na Venezuela.
Os oito senadores, integrantes da bancada de direita que também seguiram a mesma pauta, nunca se preocuparam com os verdadeiros desrespeitos aos direitos humanos, inclusive no Brasil, onde a polícia age de forma truculenta em bairros pobres de várias cidades brasileiras.
Se tivessem essa preocupação em outras regiões poderiam ir aos Estados Unidos tentar encontrar com o preso político, integrante do grupo Pantera Negra, Mumia Al Jamal, mofando em uma penitenciária há 40 anos, acusado de um crime em que já foi inocentado por testemunhas.
Mas Aécio Neves Cunha e seus parceiros de aventura provocadora preferem apoiar a redução da maioridade penal para 16 anos, como se dessa forma se resolvesse a questão da violência. São parceiros de outro Cunha, o Eduardo, o presidente da Câmara dos Deputados que ainda está sendo investigado pela Operação Lava Jato da Polícia Federal e ocupa espaços midiáticos para dizer que é inocente etc e tal, como aconteceu em outros processos em que foi acusado de corrupção,  um deles o da Companhia Estadual (Rio) de Habitação (CEHAB), que conseguiu se safar por decurso de prazo.
Caso os oito parlamentares se importassem mesmo com os direitos humanos, poderiam se interessar também pelos presos, há mais de uma década e sem julgamento, na base de Guantánamo.
Claro que não farão isso, porque querem ocupar espaço na mídia conservadora com mentiras e meias verdades sobre a Venezuela. E ainda por cima posando de vítimas de pedradas que ninguém viu, até mesmo menos nas imagens tiradas e divulgadas pelos próprios parlamentares.
O episódio na Venezuela mostrou muito bem o papel manipulador da mídia de mercado. Os oito senadores ganharam muito espaço e continuarão assim durante dias. Vão tentar prosseguir com suas mentiras até pelo menos o encontro Dilma-Obama.
Convenhamos se formos analisar quem são as oito figuras da oposição de direita que foram a Caracas, do próprio Aécio Neves Cunha, ao Ronaldo Caiado, passando por Ricardo Ferraço, Aloysio Nunes, Cassio Cunha Lima, José Agripino, José Medeiros e Sérgio Petecão podemos concluir que de democratas eles não têm absolutamente nada. Muito pelo contrário. Aécio Neves Cunha até hoje não se conforma com o resultado da eleição presidencial que lhe impôs uma derrota e tenta desestabilizar o governo para ver se consegue galgar ao poder para entregar tudo de vez.
Ronaldo Caiado é um dos fundadores da União Democrática Ruralista (UDR), de extrema direita, que nada tem de democrática.
O José Agripino é o parlamentar que cobrou de Dilma Rousseff porque ela mentiu quando foi  presa e torturada. Tortura promovida pela ditadura, que Agripino apoiou de cabo a rabo.
Ainda tem o patético Aloysio Nunes Ferreira, ex-motorista do revolucionário Carlos Marighela. O senador paulista há tempos bandeou-se para a direita e é um dos mais raivosos e surtados. Precisa dizer mais alguma coisa? O restante é o restante.
Os senadores na prática se prestaram ao papel de linha auxiliar da CIA e ainda se dizem democratas desde criancinha. Vão continuar nessa tarefa juntamente com alguns colunistas de sempre.
Os oito senadores foram hostilizados por venezuelanos que não aceitam intromissão em assuntos internos do país, ainda mais por gente da estirpe dos parlamentares brasileiros.
E vamos acabar de uma vez por todas com esta história de que o que aconteceu em Caracas foi contra o Brasil. Não foi, mas sim resultou em uma ação coordenada que promete render pelo menos até o fim do mês. Um dos itens da pauta, por sinal, foi o de criar problemas no relacionamento Brasil-Venezuela,
A mídia conservadora continua dando o ar de sua graça em coordenação com outros periódicos que integram o grupo Diário das Américas.
Em suma, os “democratas” venezuelanos que estão presos são acusados de tentarem derrubar o presidente constitucional Nicolás Maduro e promover vandalismo que resultou em dezenas de mortes.
É uma questão de política interna e se o jogo do conservadorismo e do golpismo ao estilo Aécio Neves Cunha prevalecesse, o Brasil e demais países da América Latina retornariam à condição de quintal ou pátio traseiro dos Estados Unidos.
No final das contas é este o objetivo da oposição de direita brasileira, venezuelana e de onde quer que seja.
Pode-se imaginar o que aconteceria no Brasil e na América Latina se fosse eleito Aécio Neves Cunha?
Cunha é o sobrenome de Aécio. Vem do pai, um político apoiador incondicional da ditadura, militante da famigerada Aliança Renovadora Nacional (ARENA).
Aécio prefere omitir o seu verdadeiro sobrenome para que os menos informados lembrem-se apenas do avô, Tancredo, um conciliador histórico. Aécio Neves Cunha é o anticonciliador. Prefere agora se tornar um provocador latino-americano fazendo na prática o jogo do Departamento de Estado norte-americano.
Mário Augusto Jakobskindjornalista e escritor, correspondente do jornal uruguaio Brecha; membro do Conselho Curador da Empresa Brasil de Comunicação (TvBrasil). Seus livros mais recentes: Líbia – Barrados na Fronteira; Cuba, Apesar do Bloqueio e Parla , lançado no Rio de Janeiro.

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