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Segunda-feira, 22 de Junho de 2015
Jornalistas da Globo surpreendem e pedem piso salarial menor
Da Redação
Pode parecer piada, e não deixa de ser. Mas os jornalistas vinculados à Rede Globo aprovaram em sua ampla maioria um piso salarial inferior ao decidido pela Assembleia Legislativa do Rio há menos de um mês. Enquanto o Sindicato dos Jornalistas conseguiu, depois de 20 anos, aprovar um piso de R$ 2.432, os funcionários da Globo, em assembleia, aceitaram a sugestão dos patrões que retirou 1/3 dos ganhos - assim, o piso passaria a R$ 1.600. Para a presidenta do Sindicato, os trabalhadores se deixaram levar pela pressão patronal. Na noite desta segunda-feira, os jornalistas vão tentar reverter a decisão global.
A redução do piso é motivada por um suposto abono da empresa, que não será incorporado ao salário. E ela ocorre num período dos mais difíceis da categoria. Desempregos em massa, fechamento de postos de trabalho e o risco de assessores de imprensa migrarem para um outro sindicato. Desta forma, a atividade deixaria de ser a de "jornalista".
Neste período alguns casos emblemáticos ajudaram a macular ainda mais a atividade: tentativa de golpe no Sindicato, com a destituição da diretoria eleita democraticamente, e demissão de profissionais em tratamento médico. O caso mais recente foi o do editor da Band, Maurício Verfe da Feitosa, demitido durante tratamento de câncer. A Justiça decide esta semana se obrigará a empresa a reincorporá-lo. Doente, pagando aluguel e com filho de um ano, Verfe enfrenta graves problemas financeiros.
Eis a nota do Sindicato:
Colegas jornalistas do município do Rio de Janeiro,
A nossa categoria sofre a grave ameaça, neste momento, de ver rasgada a lei do piso regional recém-conquistado de R$ 2.432,72. Inconformados com a conquista histórica desse direito, os patrões tentam nos impor o fechamento da campanha salarial com um piso em valor muito inferior ao da lei, de R$ 1.600 para TV, de R$ 1.450 para rádio e de R$ 1.550 para jornais e revistas. A Lei do Piso prevê que, em caso de valores mesmo inferiores ao que ela prescreve, vale o que consta nas convenções trabalhistas.
Nesta manhã, um grupo de colegas de radiodifusão aprovaram, na primeira sessão da assembleia marcada para hoje (segunda-feira, 22/6), a proposta patronal de pisos rebaixados sob o argumento da pressa em fechar a campanha, para receber logo, ainda que parcelado, o reajuste pelo INPC de 7,13%, e a participação nos resultados.
Nesse caso, colegas, a pressa é amiga exclusivamente dos patrões. Não podemos a pretexto algum considerar razoável abrir mão de um direito legal conquistado em nome do fechamento de uma campanha em patamares tão recuados, sem qualquer aumento real e até mesmo com reajuste abaixo da perda salarial local.
Ainda podemos reverter o resultado catastrófico da assembleia desta manhã. A vitória da categoria contra o jogo sujo e a as chantagens patronais depende da sua participação, nesta noite de segunda, à segunda sessão da assembleia, às 21h, no terceiro andar do Bar Enchendo Linguiça, esquina das ruas Mem de Sá com Inválidos, na Lapa. Precisamos pensar, decidir e agir, independentemente do salário de cada um, solidariamente e com espírito coletivo. Temos de superar essa ameaça à maioria dos colegas que neste momento é beneficiada pela Lei do Piso. Precisamos nos respeitar nos nossos direitos. E isso exige, mais do que nunca, o nosso esforço coletivo.
Participe dessa luta e a vitória será da nossa categoria!
A redução do piso é motivada por um suposto abono da empresa, que não será incorporado ao salário. E ela ocorre num período dos mais difíceis da categoria. Desempregos em massa, fechamento de postos de trabalho e o risco de assessores de imprensa migrarem para um outro sindicato. Desta forma, a atividade deixaria de ser a de "jornalista".
Neste período alguns casos emblemáticos ajudaram a macular ainda mais a atividade: tentativa de golpe no Sindicato, com a destituição da diretoria eleita democraticamente, e demissão de profissionais em tratamento médico. O caso mais recente foi o do editor da Band, Maurício Verfe da Feitosa, demitido durante tratamento de câncer. A Justiça decide esta semana se obrigará a empresa a reincorporá-lo. Doente, pagando aluguel e com filho de um ano, Verfe enfrenta graves problemas financeiros.
Eis a nota do Sindicato:
Colegas jornalistas do município do Rio de Janeiro,
A nossa categoria sofre a grave ameaça, neste momento, de ver rasgada a lei do piso regional recém-conquistado de R$ 2.432,72. Inconformados com a conquista histórica desse direito, os patrões tentam nos impor o fechamento da campanha salarial com um piso em valor muito inferior ao da lei, de R$ 1.600 para TV, de R$ 1.450 para rádio e de R$ 1.550 para jornais e revistas. A Lei do Piso prevê que, em caso de valores mesmo inferiores ao que ela prescreve, vale o que consta nas convenções trabalhistas.
Nesta manhã, um grupo de colegas de radiodifusão aprovaram, na primeira sessão da assembleia marcada para hoje (segunda-feira, 22/6), a proposta patronal de pisos rebaixados sob o argumento da pressa em fechar a campanha, para receber logo, ainda que parcelado, o reajuste pelo INPC de 7,13%, e a participação nos resultados.
Nesse caso, colegas, a pressa é amiga exclusivamente dos patrões. Não podemos a pretexto algum considerar razoável abrir mão de um direito legal conquistado em nome do fechamento de uma campanha em patamares tão recuados, sem qualquer aumento real e até mesmo com reajuste abaixo da perda salarial local.
Ainda podemos reverter o resultado catastrófico da assembleia desta manhã. A vitória da categoria contra o jogo sujo e a as chantagens patronais depende da sua participação, nesta noite de segunda, à segunda sessão da assembleia, às 21h, no terceiro andar do Bar Enchendo Linguiça, esquina das ruas Mem de Sá com Inválidos, na Lapa. Precisamos pensar, decidir e agir, independentemente do salário de cada um, solidariamente e com espírito coletivo. Temos de superar essa ameaça à maioria dos colegas que neste momento é beneficiada pela Lei do Piso. Precisamos nos respeitar nos nossos direitos. E isso exige, mais do que nunca, o nosso esforço coletivo.
Participe dessa luta e a vitória será da nossa categoria!
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- Tatiana Marino · SeguirSeguindo · 203 seguidoresAhhh.....mais um detalhe: Isso só vai dificultar a contratação de novos profissionais. Não sou chefe e recebo, todos dias, milhares de currículos de pessoas que estão desempregadas. A coisa está ruim para todos e especialmente para nossa profissão, que tem pouquíssimas possibilidades. Sou a favor de um meio termo. As coisas radicais me parecem burras...
- Conexão JornalismoTatiana Marino, a profissão está em um momento difícil, com certeza. Muitas demissões e fechamento de postos de trabalho - conforme revela a reportagem. Entretanto, o radicalismo ao qual se refere, e até onde se sabe, não houve. Um projeto foi levado a Alerj e aprovado pela maioria dos deputados. O governador Pezão o vetou, mas a Alerj, de acordo com o trâmite parlamentar, o restabeleceu. Portanto não houve radicalismo, ao contrário. Ao nosso ver seguiu um trâmite absolutamente democrático e raro. A derrubada de um piso para um valor inferior não é regra - especialmente quando há a participação dos trabalhadores. Além disso nos parece que a melhor saída para a atividade de jornalista não estaria na redução do seu poder aquisitivo.
- Tatiana Marino · SeguirSeguindo · 203 seguidoresComo bom jornalista, não seria bom ouvir o outro lado? Essa coisa "anti Globo" não é saudável para ninguém do ramo... Soa uma coisa meio recalcada... Vamos lembrar que o piso aprovado vai ajudar a quebrar muitas empresas, que já estão mal das pernas. E isso está bem claro para quem não para de noticiar a crise econômica. O que adianta um piso de 2.432,72, se as empresas não estão conseguindo pagar os que estão na folha??
- Conexão JornalismoTatiana Marino, o direito ao contraditório, que você invoca, é bem incontestável . Entretanto, na regra do bom jornalismo a qual seguimos pontualmente, em casos eventuais ela se faz desnecessária. Exemplo: quando a ação se dá em ambiente público, diante de testemunhas e não há protagonismo individual. No caso tratou-se de uma votação em local público envolvendo 68 profissionais onde a maioria optou por uma decisão cujo resultado foi lido abertamente. Consumada a votação e garantido o resultado legal, o pleito se deu por encerrado. Inquestionável portanto na sua legitimidade. Mas estaremos abertos a inserir na reportagem a contestação ou esclarecimento que qualquer funcionário da Rede Globo queira fazer. E fique à vontade se você, como editora da Rede Globo, quiser falar em nome da empresa. Lamentamos se a decisão editorial soe, aos seus olhos e por razão inexplicável, como "coisa meio recalcada" (?). Obrigado por participar.
- Tatiana Marino · SeguirSeguindo · 203 seguidoresConexão Jornalismo Estou falando por mim e não pela Empresa. Quem fala pela empresa são seus representantes. Mas falo ( sim) o que pensam todos aqueles que sofrem com a falta de compreensão porque trabalham na Globo. É chato ter um monte de colegas que, como você, começam um texto chamando de piada o que é uma opinião divergente ao sindicato. Pensar diferente não significa que estamos sendo coagidos ou pensando de maneira egoísta, porque precisamos do abono. Pesa saber a situação atual de colegas que estão há meses desesperados por um emprego, muitos que deram a vida dentro de um jornal ou uma televisão e topando qualquer freela para colocar dinheiro dentro de casa....O desemprego é tão grande que não há espaço para recolocar toda essa gente. Ai, eu te pergunto: É hora de enfiar um piso salarial, bem acima do antigo, goela abaixo das empresa e ver outras centenas de colegas sendo demitidos?
- Conexão JornalismoTatiana Marino Soa incomum, anedótico até, que um trabalhador vá a uma assembleia trabalhista votar por um salário inferior. Ouvimos sindicatos de categorias profissionais diversas hoje, por conta deste caso, e encontramos dificuldades em fazer os dirigentes sindicais entenderem que se tratava de um caso concreto - e não uma anedota. E por este ineditismo abrimos o lide de maneira mais irreverente que o habitual. O desemprego na nossa categoria é algo avassalador e a precarização salarial também - como você já constatou. Se há um caminho para rever tudo isso não será com mais demissões, fechamento de empresas e mais redução de salário. Abrir postos de trabalho sustentáveis é o caminho que entendemos como urgente. E a nossa torcida é que as atuais empresas se fortaleçam e nossa categoria possa recriar esta atividade que é uma paixão e acreditamos ser também para você. Obrigado mais uma vez por participar.
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