Senadores brasileiros denunciam golpe em encontro de parlamentares de Europa e América Latina
'Sabia que teríamos apoio, mas não imaginávamos que fosse unânime', disse Vanessa Grazziotin (PCdoB-AM) sobre solidariedade de parlamentares na EuroLat
Parlamentares brasileiros em Portugal receberam nesta segunda-feira (16/05) a solidariedade e o repúdio ao possível impeachment da presidente brasileira, Dilma Rousseff, de seus pares latino-americanos que participam da Assembleia Parlamentar Euro-Latino-América (EuroLat). O encontro reúne 150 representantes políticos e segue até quarta-feira na Assembleia da República, em Lisboa.
Entre os sete brasileiros participantes, cinco condenaram a destituição de Rousseff: os senadores Roberto Requião (PMDB-PR), que preside a ala latino-americana do evento, Gleisi Hoffmann (PT-PR), Vanessa Grazziotin (PCdoB-AM), Lindbergh Farias (PT-RJ) e Lídice da Mata (PSB-BA). Os outros brasileiros presentes são o deputado federal Arthur Maia (PPS-BA) e o senador José Medeiros (PSD-MT).
Marana Borges / Opera Mundi
Os senadores brasileiros Vanessa Grazziotin (PcdoB-AM) e Lindbergh Farias (PT-RJ) durante reunião na EuroLat
Os senadores brasileiros Vanessa Grazziotin (PcdoB-AM) e Lindbergh Farias (PT-RJ) durante reunião na EuroLat
"Sabia que teríamos algum apoio contra o impeachment, mas não imaginávamos que fosse unânime, inclusive vindo de partidos conservadores da América Latina", declarou a senadora Grazziotin a Opera Mundi.
Na reunião desta segunda-feira, Myriam Suazo, deputada de centro-direita de Honduras – cujo ex-presidente Manuel Zelaya foi destituído em 2009 após um golpe militar –, leu uma moção repudiando a composição dos ministérios nomeados pelo presidente interino, Michel Temer, que não inclui mulheres. O documento, formulado por vontade da Comissão da Mulher da EuroLat, foi recebido com surpresa e agrado pela delegação brasileira, que o desconhecia.
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Para Grazziotin, é grave a decisão do governo interino de incorporar o Ministério das Mulheres, da Igualdade Racial e dos Direitos Humanos à pasta da Justiça: "As minorias e os movimentos sociais viraram uma questão de segurança nacional, como acontecia na ditadura militar", afirmou.
Marana Borges / Opera Mundi
A senadora brasileira Gleisi Hoffman (PT-RS) durante reunião nesta segunda-feira na EuroLat
A senadora brasileira Gleisi Hoffman (PT-RS) durante reunião nesta segunda-feira na EuroLat
O senador Lindebergh Farias (PT-RJ) foi enfático durante a reunião: "As ruas estão do nosso lado, por isso acredito que ainda podemos reverter o processo se convencermos dois senadores", falou no Salão Nobre da Assembleia de Portugal. Na fase de julgamento do impeachment, ainda sem marcação, são necessários dois terços dos votos favoráveis dos senadores (54). Na primeira votação no Senado, houve 55 votos a favor e 22 contra a admissão do processo de impeachment.
A EuroLat elaborará recomendações sobre vários pontos, como o processo de paz na Colômbia, o combate aos paraísos fiscais, a abertura comercial entre Cuba e Estados Unidos, a precarização do trabalho e, de modo proeminente, a crise política no Brasil. Estão previstas diversas manifestações de ativistas brasileiros e portugueses contra o impeachment de Dilma Rousseff durante a semana em Lisboa.
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