Para o ex-ministro e ex-governador do Ceará Ciro
Gomes, a ideia de “pegarem o Lula” é improvável. “Não há culpa para isso”, ao
se referir ao esforço de setores do Judiciário e do Ministério Público para
criminalizar o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva e retirá-lo da cena
política. E chegou a ironizar a seletividade a parcialidade do processo contra
o ex-presidente. “Num país como o Brasil, presidente corrupto dá apartamento
para o filho em Paris, e não um tríplex cafona no Guarujá ou um sítio cafona em
Atibaia.” Ciro considera impraticável uma eventual dobradinha com Lula nas
eleições presidenciais. Diz que não aceita ser vice, que o tamanho de Lula não
permite o contrário e que as forças progressistas tampouco podem se dar ao luxo
de se dividir na atual conjuntura. Deu a entender que se Lula estiver na
disputa, ele não entra.
Nesta entrevista a Marcelo Godoy e Kiko
Nogueira Ciro não poupa o presidente da Câmara, Eduardo Cunha – “vai ser preso
em breve” – nem o vice-presidente Michel Temer. “Eu conheço Temer. É bandido. É
chefe de quadrilha. Como pode ter um filho de 7 anos com patrimônio de R$ 2
milhões e ninguém questionar a origem? Imagina se fosse o Lula”. O ex-ministro
lamenta que Lula o tenha conduzido ao posto de vice na chapa de Dilma em 2010.
“É testa de ferro da bandidagem corrupta. Como pode botar um cara desse de
vice?” Ciro sugere a Dilma que “parta para cima” de Temer, exponha todas as
suspeitas de corrupção que pairam sobre ele, especialmente em negócios
relacionados ao Porto de Santos, a ponto de descredenciá-lo a permanecer no
comando e a promover destruições como a que está pretendendo com a estrutura
estratégica da Petrobras.
O entrevistado critica o juiz Sérgio
Moro por executar e divulgar escuta telefônica de uma presidente da República,
exorbitando do processo judicial para um ato político. “Isso me fez desmerecer
a torcida que eu tenho para que esse jovem juiz siga dentro da lei, dos autos e
não se encante com gravata borboleta para receber homenagens nos salões da
grande burguesia.”
Ciro menciona ainda da ambição por poder
de Fernando Henrique Cardoso, com quem rompera nos anos 1990. Diz que, para se
manter no governo, o ex-presidente "deu rasteira" no hoje senador
Tasso Jereissatti, ex-governador do Ceará, que caminhava para a candidatura
presidencial tucana em 1998. Segundo Ciro, FHC promoveu um processo de
privatizações que foi uma “imundice”, fez acordo com o PFL para emplacar a
emenda da reeleição – “num processo em que se soube quem vendeu, quem comprou e
nada se fez”.