Temer como presidente do Brasil é para
acabar de desmoralizar a política. Um político corrupto, golpista, traidor,
medíocre, sem nenhuma ideia na cabeça para dirigir o país é o objetivo maior
dos que querem acabar com o que há de democracia no Brasil e entregar de vez o
poder nas mãos dos mercados e das corporações midiáticas.
Emir Sader*

Do que se trata é de desmoralizar
definitivamente a política. O Brasil pode ser governado pelo Lula ou pelo Temer.
Igualar tudo por baixo. Se trata de tentar envolver o maior líder político que
o Brasil já teve na mesma lista de suspeitos de corrupção. Não importa que não
exista prova alguma contra o Lula. Não importa que os outros sejam acusados de
corrupção direta de milhões, enquanto Lula é acusado de ter um sítio e um
apartamento que não são seus. O que
interessa é jogar todos na mesma fogueira. Ou para buscar um salvador da pátria
de fora da política, na mídia, ou de ter sempre governos fracos, que tenham que
se render aos mercados e às campanhas da mídia.
Para isso Temer é perfeito. Ninguém
duvida que é um corrupto, um pusilânime, um tipo que vai passar rápido pela História
para desaparecer depois de ter prestado o serviço de dar um golpe na democracia
e tirar o PT do governo, devolvendo-o aos ricos e poderosos. E, com isso,
receber em troca, a absolvição dos seus casos de corrupção.
E aí está o Supremo Tribunal Federal,
que deveria ser a instância superior do Judiciário, que se não se pronuncia
sobre se houve ou não crime de responsabilidade, não serve para nada. E, como
cala, consente com o mais grave golpe contra a democracia, porque se faz
supostamente dentro da democracia. E confirma, junto com as ações arbitrárias
da Polícia Federal e de promotores, que a política está completamente
corrompida.
O cinismo com que a direita apoia o
governo Temer serve para confirmar que, se todos os políticos são corruptos,
pode governar qualquer um, contanto que enfraqueça mais ainda o Estado e a
política. Temer serve duplamente: confirma a canalhice dos políticos e debilita
o Estado.
Os fins justificam os meios e isso
justifica o apoio da direita ao governo interino de Temer. Se tudo correr como
a direita deseja, o país estará desmontado em 2018, tanto o patrimônio público,
que será privatizado, como os direitos dos trabalhadores, recortados, e os
recursos para políticas sociais, diminuídos. Além da reinserção internacional
do Brasil, que passará de uma política externa soberana a outra, subordinada.
O Globo retoma o que sempre achou: a
fonte da corrupção não é o dinheiro privado, mas as estatais. Privatizar tudo
moralizaria o país. Os próprios processos de privatização do governo FHC
desmentem isso, mas é preciso esquecer o passado vergonhoso, para promover um
futuro vergonhoso. Se possível sem Estado, sem políticos, sem partidos, mas
principalmente sem o Lula, sem a esquerda, sem sindicatos, sem campanhas
salariais. Em suma, uma ditadura com roupagem de democracia.
Cabe à esquerda tratar de evitar isso,
buscando alternativas que impeçam os dois terços no Senado, com que a direita
trata de consolidar o golpe e o desmonte do Brasil.
*Emir Sader é sociólogo e cientista político
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