quinta-feira, 11 de agosto de 2016

Presidenta ou presidente? A MINISTRA PRECISA VOLTAR A ESTUDAR

STF

Presidenta ou presidente?

Cármen Lúcia assume o STF e recusa-se ser chamada pelo feminino de presidente
por Redação — publicado 11/08/2016 19h32, última modificação 11/08/2016 19h36
Fernando Frazão | Ag. Brasil
Cármem Lúcia
Cármen Lúcia, presidente STF
A ministra Cármen Lúcia Rocha foi eleita ontem, quarta (11) para a presidência do Supremo Tribunal Federal para mandato de 2 anos, substituindo Ricardo Lewandowski –ela assume em setembro. Ela havia sido nomeada em 2006 por Lula. Foi uma eleição protocolar, pois o cargo é assumido em rodízio baseado no critério de antiguidade.  Assume o ministro (ou ministra) mais antigo que ainda não presidiu a Corte.
A ministra chegou marcando distância da presidenta Dilma Roussef–ao menos vocabular. Em meio a um julgamento ontem, Lewandowski, ao passar-lhe a palavra perguntou: “Concedo a palavra à ministra Cármen Lúcia, nossa presidenta eleita… ou presidente?”
Ela respondeu com ar sorridente: “Eu fui estudante e eu sou amante da língua portuguesa. Acho que o cargo é de presidente, não é não?”.
Mas a escolha não guarda relação com o fato de ela ter sido estudante ou considerar-se amante do vernáculo.  As duas fórmulas são aceitas quando uma mulher assume a presidência de qualquer órgão ou do país. Presidenta ou presidente.
O ex-presidente José Sarney, que gosta de ser lembrado mais como escritor e membro da Academia Brasileira de Letras, do que como senador, governador ou presidente da República, escreveu alguns meses depois da eleição de Dilma Roussef em 2010:
“Presidenta, segundo o ‘Aurélio’, é ‘mulher que preside ou mulher de um presidente’, distinta de presidente, que é ‘pessoa que preside’ ou ‘o presidente da República’. O ‘Houaiss’ fala em ‘mulher que preside (algo)’ ou ‘mulher que se elege para a presidência de um país’ para definir presidenta e, para presidente, em ‘título oficial do chefe do governo no regime presidencialista’ -substantivo de dois gêneros. A forma tradicional, comum de dois gêneros, não tem nenhum sentido discriminatório. Mas presidenta tem mais um peso político que linguístico.”

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