06/09/2016 15:47 - Copyleft
Tatiana Carlotti
Ação orquestrada contra os manifestantes em São Paulo
Há uma escalada de violência com o objetivo de convencer as pessoas a não irem às manifestações contra Michel Temer.
Em coletiva de imprensa, nesta
segunda-feira (05.09.2016), parlamentares e lideranças sociais
denunciaram a violência policial no final do protesto contra o golpe,
que reuniu mais de cem mil pessoas na capital paulista, no último
domingo (04.09.2016). Eles alertaram, também, sobre o recrudescimento da
repressão e a ação orquestrada dos golpistas contra os manifestantes.
A coletiva aconteceu no Sindicato dos Jornalistas, em São Paulo. Participaram o senador Lindberg Farias (PT-RJ), o deputado Paulo Teixeira (PT-SP), Kelli Mafort do MST, Raimundo Bonfim da Frente Brasil Popular, Edson Carneiro Índio da Frente Povo Sem Medo e Rogério Nunes da CTB.
A coletiva aconteceu no Sindicato dos Jornalistas, em São Paulo. Participaram o senador Lindberg Farias (PT-RJ), o deputado Paulo Teixeira (PT-SP), Kelli Mafort do MST, Raimundo Bonfim da Frente Brasil Popular, Edson Carneiro Índio da Frente Povo Sem Medo e Rogério Nunes da CTB.
“Não
dá para encarar isso como uma coisa normal”, apontou o senador Lindberg
Farias: “o objetivo disso tudo é passar para a população a imagem do
confronto para assustar”. Ele contou que será feita uma denúncia
internacional sobre o que está acontecendo no Brasil, a partir de uma
representação na Corte Interamericana da OEA.
“Nós
não podemos aceitar essa escalada autoritária. Se a gente perder o
nosso direito de se manifestar livremente, aonde nós vamos? Qual será o
próximo passo deles?” questionou. Nas próximas manifestações, destacou,
será realizada “um corredor de artistas, personalidades, parlamentares”,
para ficar até o fim do ato, no intuito de garantir a segurança dos
manifestantes.
Em
sua avaliação, a repressão é parte de uma “ação orientada”, vide a
escalada de repressão em todo o país. “Aqui em São Paulo, a gente sabe
que é a mesma direção. É Alexandre de Moraes que era secretário, agora é
ministro da Justiça, que está tentando impor a sua narrativa. Tentando
assustar as pessoas”, afirmou.
Prisões arbitrárias
O
deputado Paulo Teixeira, por sua vez, detalhou vários episódios de
violência policial ocorridos no último domingo, inclusive a prisão de 26
jovens no Centro Cultural de São Paulo às três horas da tarde, antes do
início da manifestação. Ele, o ex-senador Eduardo Suplicy e o vereador
Nabil Bonduki (PT-SP) - também presentes na coletiva - chegaram ao DEIC,
onde se encontravam os jovens, por volta das onze horas da noite.
Uma
série de violações foram cometidas. Para começar, os advogados foram
impedidos de entrar em contato com os jovens: “a Polícia não deixava”,
apesar do “Código de Ética da OAB e toda a legislação do exercício da
democracia garantirem a presença de um advogado nesse momento do
depoimento diante do delegado”.
Tampouco
havia crime ou queixa que justificassem as prisões. “Eles não tinham
nenhuma vítima, nenhum público atacado, nenhum lugar privado atacado ou
alguém que teria feito uma queixa para a polícia”, apontou Teixeira. Os
policiais, por sua vez, sustentavam terem encontrado pedras em uma bolsa
e material de primeiros socorros em outra.Os
parlamentares ponderaram que o material de primeiros socorros indicava
auxílio caso houvesse a repressão policial, porém o delegado se disse
“convicto”: “eu vou enquadrá-los nos crimes de formação de quadrilha,
corrupção de menores”. Afirmou, também, que há um ano estudava esse
“tema”.
Os
jovens sequer tinham antecedentes criminais. Ainda presos – eles foram
soltos nesta segunda-feira (05.09.2016) – eles contaram terem ido a um
ato político, preparados para um possível confronto, daí o material de
primeiros socorros: “nós somos contrários à violência” (confira aqui o depoimento de uma das jovens presas).
Escalada de violência
Escalada de violência
“Há
uma escalada de violência com o objetivo de dissuadir os jovens a irem
nas passeatas. Isso está acontecendo há algum tempo, eles levam à
delegacia”, apontou Teixeira, destacando que o “enquadramento pesado em
relação a quem não praticou qualquer crime” não é um fato isolado.
Reforçando
que a equipe de Segurança Pública foi constituída pelo atual ministro
da Justiça, Alexandre de Moraes, Teixeira ponderou que “um policial para
fazer uma violência, ou a pratica isoladamente ou responde ao seu
comando. E esse comando responde ao governador de São Paulo”. E cobrou:
“o governador de São Paulo tem que responder por que a Polícia está
fazendo isso”.
Além
do governador, Teixeira também chamou à responsabilidade o Ministério
Público do Estado de São Paulo: “O MP-SP precisa exercer o controle
externo da Polícia, tem que parar essa violação que está sendo praticada
em relação ao direito de manifestação”. E complementou: “queremos a
proteção ao direito sagrado de manifestação do pensamento e não a
repressão orquestrada contra os movimentos sociais e as manifestações”.
Elementos infiltrados
Durante a coletiva também foi mencionada suspeita de infiltração de elementos na promoção de atos de vandalismo, o que completaria a farsa da PM em sua justificativa de reprimir as manifestações. Teixeira, inclusive, mencionou ter ouvido dos jovens presos no Centro Cultural que havia um outro garoto que havia sido preso, mas sumiu depois.
“Nós ficamos achando que podia ser alguém infiltrado entre eles. Portanto, queremos questionar se essa tática está sendo aplicada aqui no Brasil”, apontou. Ele lembrou, ainda, que entre os jovens detidos, havia participantes de ocupações nas ETECs paulistas.
Já o senador Lindberg apontou que o Brasil conta com um outro Ministério da Justiça: “há uma mudança clara na lógica”, afirmou. Ao participar da sabatina do diretor da ABIN, ele chegou inclusive a questionar sobre os movimentos sociais. A resposta? “Fiquem tranquilos, nós estamos de olho só nos sujeitos mais radicalizados”.
“Tem uma estratégia, vocês não se enganem. Hoje, a maior preocupação do governo do Temer e de seus principais auxiliares não é com a crise do PSDB não. É com a mobilização”, afirmou.
Em sua avaliação, “a preocupação com infiltração tem que ter o tempo inteiro”, afinal, “o que eles querem, na verdade, é encontrar alguma coisa pra tentar a velha tática de afastar as pessoas dos atos. Só que nós não vamos deixar isso acontecer”.
Durante
a coletiva, Edson Carneiro Índio, da Frente Povo Sem Medo, contou que
foram tomados “todos os cuidados para que não houvesse nenhuma
provocação e também para que os manifestantes não aceitassem nenhuma
provocação”.
Em
sua avaliação, o que aconteceu no Largo da Batata foi uma ação
premeditada da polícia: “eles foram para lá para jogar bomba em algum
momento, sem que houvesse nenhuma manifestação que não fosse claramente
democrática. Foi uma ação premeditada para tentar desestimular a
participação popular”.
“O
governador Geraldo Alckmin e o governo federal, particularmente através
do ministro da Justiça, Alexandre de Moraes, não têm compromisso com a
Constituição, com as liberdades democráticas. Não têm compromisso com a
vida das pessoas. E é um acinte à população brasileira e aos setores
democráticos do nosso país”, complementou.
Raimundo
Bonfim, da Frente Brasil Popular, também mencionou os cuidados em
relação à segurança do evento, relatando a presença de militantes no
sentido de ajudar na segurança e impedir conflitos durante a marcha.
“Fizemos de tudo da nossa parte para que isso não ocorresse
[violência]”.
Sobre
a PM, Bonfim foi categórico: “não é uma polícia de governo, é uma
polícia de Estado, de um partido. A PM de São Paulo age de forma velada,
descarada, de forma a tomar lado na disputa política do país. Isso é
escandaloso e precisa ser denunciado”.
Já
Kelli Mafort, do MST, reiterou a necessidade de fortalecer as
manifestações de rua. Ela citou vários casos de violações, em especial, o
desespero dos manifestantes Sem Terra no último domingo, entre eles,
crianças e idosos que estavam no Largo da Batata no momento em que
começaram as bombas.
“E
o tempo todo o helicóptero da polícia militar acompanhando todo o nosso
descolamento. Viaturas da polícia passando a 100 km/h, 120km/h pela
Cardeal Arco Verde e criando um verdadeiro clima de terror”, destacou.
Ela
também apontou que a Polícia de São Paulo age em total acordo com o
Ministro da Justiça e não tem nada de despreparada, pelo contrário: “age
em uma atitude arquitetada e planejada porque as manifestações vão
crescer”.
Para
Rogério Nunes, da CTB, a violência policial “foi inexplicável, sem
justificativas”, destacando que não houve, absolutamente, nenhum
argumento para a atuação da polícia no último domingo. Ele também
reforçou a pauta das mobilizações citando as reformas da previdência e
trabalhistas e a ameaça aos investimentos em Educação.
Elementos infiltrados
Durante a coletiva também foi mencionada suspeita de infiltração de elementos na promoção de atos de vandalismo, o que completaria a farsa da PM em sua justificativa de reprimir as manifestações. Teixeira, inclusive, mencionou ter ouvido dos jovens presos no Centro Cultural que havia um outro garoto que havia sido preso, mas sumiu depois.
“Nós ficamos achando que podia ser alguém infiltrado entre eles. Portanto, queremos questionar se essa tática está sendo aplicada aqui no Brasil”, apontou. Ele lembrou, ainda, que entre os jovens detidos, havia participantes de ocupações nas ETECs paulistas.
Já o senador Lindberg apontou que o Brasil conta com um outro Ministério da Justiça: “há uma mudança clara na lógica”, afirmou. Ao participar da sabatina do diretor da ABIN, ele chegou inclusive a questionar sobre os movimentos sociais. A resposta? “Fiquem tranquilos, nós estamos de olho só nos sujeitos mais radicalizados”.
“Tem uma estratégia, vocês não se enganem. Hoje, a maior preocupação do governo do Temer e de seus principais auxiliares não é com a crise do PSDB não. É com a mobilização”, afirmou.
Em sua avaliação, “a preocupação com infiltração tem que ter o tempo inteiro”, afinal, “o que eles querem, na verdade, é encontrar alguma coisa pra tentar a velha tática de afastar as pessoas dos atos. Só que nós não vamos deixar isso acontecer”.
Créditos da foto: Mídia Ninja
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