terça-feira, 4 de outubro de 2016

CLACSO e La Garganta Poderosa repudiam a presença de Michel Temer na Argentina

04/10/2016 11:58 - Copyleft

CLACSO e La Garganta Poderosa repudiam a presença de Michel Temer na Argentina

Mais de 7 mil cartazes de protesto contra a presença de Michel Temer foram colados nas ruas das principais cidades do país.


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reprodução
TEMER NUNCA, RENDER-SE JAMAIS
 
Nem a democracia com sabor a desgraça, nem a ditadura reciclada, nem a tortura engasgada puderam calar o grito de uma mulher, como um condor que voa baixinho, para não se deixar ver. Dilma é Dilma. E temer é temer. “Não há nada na vida que me possa desmoralizar, porque sigo convencida de viver para lutar”. Livre de todos os receios, Dilma nos abriu as portas de sua casa, sem segurança, sem eventos protocolares, “pela unidade dos movimentos populares” e porque nenhuma vontade se desarma enquanto a dignidade aguentar: “Não existe melhor arma que a garganta”. Surfando outra onda conservadora, refutamos como sempre toda `polícia pacificadora´, porque só pacifica a escola, no campo ou na favela, mas não há nada mais rude que a impunidade como escudo e a segurança como ficção, sempre a serviço do mesmo patrão: “o golpe foi uma aliança entre o empresariado, um grupo de partidos liberais e todos os meios de comunicação que os apoiam”. Golpe, um golpe para o submetimento “sustentável”, um golpe contra a memória, um golpe diferente, “o momento mais lamentável da nossa história recente”. Pois aqui, no planeta onde vivem as pessoas reais, a greta que preocupa continua sendo horizontal, e embora a televisão dissimule a desigualdade e a defina como um castigo eterno, a expansão da direita não venceu um governo, nem a corrupção, nem os estudantes mobilizados, mas sim a própria valorização do Estado. “Tudo o que é público parece ser inviável, e eles consideram intolerável, a não ser que esteja a mercê dos mercados e dos seus interesses privados”. Eles não se molestam com os tetos precários de tantos moradores, tampouco com a educação ruim: “detestam os direitos dos trabalhadores e todas as políticas sociais”. Senhores e mais senhores, os machos primeiro, todos bailando no ritmo do noticiário, e colocando a mãozinha no bolso, em pleno passado do verbo vender: “os brasileiros são ricos, pobre é a élite que tomou o poder”. Como chegamos até aqui? “Ninguém sabe explicar o crime que cometi”. Nada de perguntar “porque não conseguimos alavancar uma lei de meios de verdade, capaz de garantir uma maior pluralidade”. Voltada a mudar o curso do discurso mais repetido, “talvez tenha sido um erro conceder certas isenções impositivas”, que não se tornaram investimentos, mas sim dinheiro fugitivo. Ou, quem disse que não se cometeram erros? Alguns lhe fizeram ganhar seus detratores dentro do campo popular, por não ter colocado freio no afã da oligarquia, por ter designado um ministro de Economia, nem mais nem menos. “Mas o impeachment já estava programado há um ano atrás, e por mais que eu tivesse podido mudar o rumo, não havia forma de impedi-lo”. Ditadura é outra coisa, e ela sabe por sua juventude poderosa, atrevida, valente, “mas a nossa democracia está carcomida internamente”. Não se deve naturalizar um inferno, nem permanecer estático, “diante de um governo tão antidemocrático”. Há algo mais evidente? “Que Lula será o próximo presidente”. Mas o que aquela Dilma estudantil diria a esta mandatária brasileira, que deveria estar governando, se não tivesse sido destituída? “A luta continua, querida”.
 
Tradução: Victor Farinelli







Créditos da foto: reprodução

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