sábado, 25 de março de 2017

Informativo Semanal do Prof. Ernesto Germano Pares






O crime foi legalizado!
Com os nervos mais tensos do que corda de violino, acompanhamos pela televisão mais de 10 horas de debates para, por fim, ver a Câmara dos Deputados aprovando, na quarta-feira (22), o texto-base do PL 4.302/98, do ex-presidente FHC, que permite a terceirização em todas as atividades da empresa. Foram 231 votos a favor, 188 contrários e oito abstenções. O projeto vai imediatamente à sanção presidencial mostrando a pressa dos golpistas em atender aos “amos do mercado”.
Como já falamos em Informativo anterior, esse projeto cretino tramitou no Congresso por 19 anos. O PL 4.302/98 regulamenta a terceirização sem limites, nas esferas públicas e privadas. Apesar de não fazer menção expressa, a matéria não proíbe a terceirização da atividade-fim da empresa. Assim, todas as modalidades de terceirização serão aceitas (artigo 4º-A inserido pelo artigo 2º).
O projeto aprovado permite expressamente que a empresa terceirizada subcontrate outras empresas para “contratar, remunerar e dirigir os trabalhos de seus empregados” (artigo 4º-A inserido pelo artigo 2º).
O texto permite que também que a pessoa física contrate serviços terceirizados. Por meio da “pejotização” muitos empregadores rurais deixarão de contratar diretamente os trabalhadores, assumindo encargos empregatícios, para forçar que se constituam como pessoas jurídicas. Essa “pejotização” já acontece atualmente em poucas profissões, mas tem sido considerada pela Justiça do Trabalho uma fraude. O projeto legaliza e amplia a “pejotização” para todos os setores da economia (artigo 4º-A inserido pelo artigo 2º).
O que é a “pejotização”? O termo foi criado legalmente para referir à contratação de serviços pessoais, exercidos por pessoas físicas, de modo subordinado, não eventual e oneroso, realizada por meio de pessoa jurídica constituída especialmente para esse fim, na tentativa de disfarçar eventuais relações.
Vamos dar um exemplo: há alguns anos, o jornal O Globo “convidou” seus jornalistas a abrirem suas próprias empresas, usando uma Lei criada por FHC que reconhecia a “empresa de uma só pessoa”. Ou seja, o trabalhador vai a um Cartório, cria a sua própria firma e depois volta a trabalhar na empresa de origem, mas agora como pessoa jurídica e não como pessoa física.
Dessa forma perde todos os direitos trabalhistas comuns: férias, 13º salário, adicionais, etc. O discurso dos patrões é simples e fascinante: se você voltar como pessoa jurídica terá um salário pouco maior do que o anterior. Aí o trabalhador “cresce os olhos” e aceita, sem lembrar que está perdendo FGTS, INSS, férias, 13º e outros ganhos.
Pela Lei agora aprovada pelos “nobres deputados”, tem mais maldade ainda! Os serviços contratados não precisam mais ser extraordinários. O projeto ampliou o prazo do contrato, sem prévio acordo ou convenção coletiva da categoria, que passa de 90 para 180 — prorrogável por até 90 dias. Esse prazo pode ser consecutivo ou não. Ou seja, o trabalhador vai virar um verdadeiro “ioiô”. A empresa chama-o para o trabalho durante um determinado tempo, depois o dispensa. Ele passa por diversas empresas e pode mesmo voltar à primeira, sem nunca conseguir formar vínculo fixo com qualquer delas.
Para um país que tem como ministro do Supremo Tribunal Federal um ex-advogado de facção criminosa, isso aí é “coisa pequena”.
Mais um golpe do ilegítimo! A caixa de maldades desse governo golpista parece não ter limites. Agora, para conseguir passar sua proposta de reforma da Previdência Social, Temer partiu para mais um golpe de desmobilização e divisão no seio dos trabalhadores.
Na terça-feira (21), ele anunciou que a reforma da Previdência atingirá somente servidores federais e trabalhadores do setor privado. Segundo ele, a reforma das previdências estaduais ficará a cargo dos governos dos estados.
Isso é golpe dos mais cascudos! Serve apenas para diminuir as resistências à proposta (PEC 287/16) que está em discussão no Congresso. Tudo armação, porque o texto que for aprovado pelo Legislativo federal terá que ser encaminhado e reproduzido pelos poderes executivos estaduais/municipais e serão encaminhados à discussão nas assembleias legislativas. Em outras palavras, apenas vai adiar o tormento dos servidores estaduais, das três esferas de poder — Executivo, Legislativo e Judiciário.
O projeto de reforma da Previdência atualmente em tramitação na Câmara só exclui militares das Forças Armadas, bombeiros e policiais militares.
Após o anúncio, o presidente da Câmara, Rodrigo Maia (DEM-RJ), afirmou que a decisão do presidente vai “facilitar muito” a aprovação da reforma da Previdência. Ele pretende concluir a votação da reforma ainda no primeiro semestre deste ano.
Dieese apresenta nota técnica para entender a terceirização no Brasil. Terceirização em números. Para entender esse fenômeno das relações de trabalho é preciso compreender alguns números que saltam aos olhos. Tendo em vista a aprovação do PL 4.302/98, na Câmara, e a iminente aprovação, pelo Senado, do PLC 30/15, é preciso estudar os números abaixo para concluir quão precarizante é o trabalho terceirado.
Os dados obtidos a partir de recortes específicos na Relação Anual de Informações Sociais (Rais) revelam, de modo geral, que, nas atividades tipicamente terceirizadas, as condições de trabalho e a remuneração são inferiores às verificadas nas atividades tipicamente contratantes.
Em síntese e considerando somente o ano de 2014, os dados obtidos revelam que:
- A taxa de rotatividade descontada é duas vezes maior nas atividades tipicamente terceirizadas (57,7%, contra 28,8% nas atividades tipicamente contratantes);
- Nas atividades tipicamente terceirizadas, 44,1% dos vínculos de trabalho foram contratados no mesmo ano, enquanto nas tipicamente contratantes, o percentual foi de 29,3%;
- 85,9% dos vínculos nas atividades tipicamente terceirizadas tinham jornada contratada entre 41 e 44 horas semanais. Já nos setores tipicamente contratantes, a proporção era de 61,6%;
- Os salários pagos nas atividades tipicamente terceirizadas fora da região Sudeste eram menores, o que reforça as desigualdades regionais;
- O percentual de afastamentos por acidentes de trabalho típicos nas atividades tipicamente terceirizadas é maior do que nas atividades tipicamente contratantes - 9,6% contra 6,1%; e
- Os salários nas atividades tipicamente terceirizadas eram, em média, 23,4% menor do que nas atividades tipicamente contratantes (R$ 2.011 contra R$ 2.639).
A direita não dá tréguas. Waldomiro Costa Pereira, militante histórico do MST, foi assassinado na segunda-feira (20) por cinco homens não identificados que invadiram o hospital da cidade de Paraupebas onde ele estava internado para tratamento de um atentado anterior em que saiu gravemente ferido.
Fontes oficiais da polícia local disseram que “no final de semana Waldomiro havia sido vítima de um ferimento por arma de fogo quando estava em sua propriedade, no município de Eldorado dos Carajás. Foi levado para o Hospital Geral de Paraupebas, onde foi submetido a uma cirurgia, mas na madrugada de segunda-feira cinco homens invadiram o centro médico, renderam os seguranças e o executaram”.
Vale lembrar que Waldomiro era sobrevivente do massacre de 1996 quando 19 membros do MST foram assassinados. Ele havia se afastado do seu cargo de direção no movimento, no Pará, mas ainda era considerado um dos militantes mais importantes na região.
O governo golpista investe contra os camponeses. Como já comentamos aqui no Informativo, entre as muitas propostas do governo golpista e ilegítimo está a mudança na Constituição para permitir a venda de terras para estrangeiros.
Michel Temer tem pressa em impor ao país as receitas do Consenso de Washington (ver adiante) e, mesmo sabendo que terá oposição dos militares, pretende alterar a Constituição publicando uma Medida Provisória que regulamentará a venda de terras para estrangeiros. E seu principal objetivo é abrir o mercado rural a investidores de outros países, numa tentativa de reverter a crise econômica.
Mas, enquanto a medida legal não acontece, o governo golpista vai usando todas as suas criminosas medidas para intimidar e impor sua vontade.
Na manhã de segunda-feira (20), cerca de 30 famílias Sem Terra foram despejadas da fazenda Arco Íris, onde residiam há mais de dez anos, localizada em Itajuípe, no Sul do estado da Bahia.
O despejo foi realizado pela Polícia Militar, que invadiu a área fortemente armada com o objetivo de coibir as famílias. Acompanhado por uma representação da justiça local, o documento de reintegração de posse foi entregue às famílias, que imediatamente foram obrigadas a abandonar as terras.
Nesses dez anos, as famílias sofreram vários despejos, solicitados pelo proprietário Lourido Pereira. Porém a fazenda era reocupada, tendo em vista as denúncias de improdutividade realizadas pelo MST no latifúndio de 318 hectares.
As famílias produziam uma diversidade de produtos, que estavam sendo comercializados no município, e já existiam algumas estruturas, como escola e a garantia de água e energia, organizadas de maneira autônoma.
De acordo com a direção do Movimento, a luta não vai parar e o processo de reivindicação da área vai persistir. (Matéria no Portal do MST)
Vai uma privatizaçãozinha aí? A Eletrobras pretende finalizar no último trimestre do ano a privatização das suas seis empresas de distribuição, que atendem os estados do Amazonas, Acre, Alagoas, Piauí, Rondônia e Roraima. As consultorias contratadas em 14 de fevereiro pelo Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social para fazer o trabalho de valuation (avaliação dos ativos) e a modelagem do processo de venda vão levar, de acordo com o presidente da holding, Wilson Ferreira Junior, 135 dias para executarem os serviços. A partir de julho, com a modelagem definida, o processo será levado publicamente ao mercado. A expectativa do executivo pelo sucesso do negócio é positiva.
Mas o governo golpista não abre mão de maracutaias. Antes da venda das distribuidoras, a Eletrobras pretende negociar com o capital privado diversas participações detidas por suas controladas por meio de Sociedades de Propósito Específico (SPEs) em usinas eólicas e linhas de transmissão. A meta do grupo é, até o fim de junho, realizar a operação, que vai consistir na criação de duas grandes empresas destinadas a agregar o conjunto dessas participações, diretamente sob o controle de Furnas, Chesf, Eletronorte e Eletrosul – serão feitas quitações de dívidas que essas quatro subsidiárias têm com a holding. O Grupo Eletrobras possui um total de 178 SPEs, incluindo projetos hidrelétricos.
O Consenso de Washington. Terminada a Segunda Guerra e temendo novas crises que levassem a disputas entre nações capitalistas, o sistema criou uma série de organismos internacionais para regulamentar a troca mundial. Assim surgem o FMI, a OMC, o BIRD e outras instituições. Mais tarde, com a alvorada do neoliberalismo, os “pensadores” do sistema criam os blocos econômicos para equilibrar o comércio internacional.
Mas, no final do século XX, havia ainda outro problema a ser resolvido: as constantes crises econômicas entre os países chamados “em desenvolvimento”. E o Instituto Internacional de Economia de Washington realizou uma Conferência, em 1989, com técnicos do governo estadunidense, membros de comunidades acadêmicas e representantes de instituições internacionais como o Fundo Monetário Internacional e o Banco Mundial para discutir sobre as reformas necessárias para que a América Latina superasse a chamada ‘Década Perdida’ - a década da inflação e da recessão - e tomasse o caminho do que eles chamavam de crescimento e estabilidade.
Nesse seminário, John Williamson, membro do Instituto que organizou a Conferência, concluiu que as deliberações haviam alcançado um consenso quanto às medidas políticas que deveriam ser implementadas pela América Latina e que seriam apoiadas por Washington e instituições financeiras internacionais. Por isto, o encontro ficou conhecido como o ‘Consenso de Washington’.
Este chamado ‘Consenso’ marcou o caminho para as reformas neoliberais das economias emergentes e suas receitas passaram a ser adotadas não só pelos governos do continente americano como também pelos de outras regiões para promover o desenvolvimento dos mercados. Estas políticas de reformas marcaram também o caminho a ser seguido pelos programas de ajuste impostos pelo FMI como receita quase única para os países com problemas.
O ‘Consenso’ tinha como principais eixos: política fiscal, liberalização da política de comércio e dos investimentos, desregulamentação dos mercados financeiros internos e privatização das empresas estatais, tudo com o objetivo de estabilizar as economias quanto a crescimento e equilíbrio monetário.
Concretamente, essas medidas estavam voltadas para:
a) manter políticas macroeconômicas (baixa inflação, austeridade fiscal ao máximo, redução do déficit fiscal);
b) criar bancos centrais independentes e instituições supostamente fortes;
c) eliminar o tipo de câmbio múltiplo e implementar uma taxa unificada e competitiva;
d) privatizar e desregulamentar a economia, reduzindo o papel do Estado;
e) abrir as economias e encaminhar para a liberalização comercial e financeira;
f) promover o investimento privado;
g) eliminar barreiras aos investimentos diretos.
Os antecedentes do ‘Consenso de Washington’ estão na década de 70, depois da crise dos petrodólares e da declaração de inconversibilidade do dólar em ouro feita pelo presidente Richard Nixon, em 1971. E marcou também uma nova era para o FMI quanto aos objetivos traçados em 1946 pois, depois de duas décadas de estabilidade e crescimento mundial, surgiam novos problemas econômicos em diferentes regiões do mundo, tendo como principal exemplo a crise da dívida externa latino-americana.
Data dessa época a criação do chamado Plano Brady, proposto pelo Secretário do Tesouro dos EUA, em março de 1989, defendendo que os organismos intergovernamentais, os governos credores e os bancos privados disponibilizassem recursos para ajudar na redução da dívida. Em outras palavras, criava-se um novo tipo de “papel” (o ‘Bônus Brady’) para financiamento das dívidas através de títulos vendidos no mercado que eram emitidos com respaldo do Tesouro dos EUA. Por isso, eram também criadas medidas de política econômica que garantissem o pagamento posterior.
Um teste para Macri. Marcado para o próximo dia 06 de abril, o protesto dos trabalhadores argentinos deve ser um momento marcante na política em Nossa América. Segundo nota da Confederação Geral do Trabalho (CGT), o movimento “chegará até os mais distantes rincões da geografia nacional
Manuel Bertoldi, membro do Movimento Popular Pátria Grande, disse que a manifestação é fruto de “uma série de política antipopulares que estão sendo aplicadas pelo Governo nacional”. E responsabilizou as medidas do governo de Macri pelo impressionante crescimento da pobreza no país. Segundo ele, “são 1,5 milhão de novos pobres na Argentina”.
Brexit começa oficialmente em 29 de março. A primeira-ministra britânica, Theresa May, começará o processo de saída da União Europeia conhecido como ‘Brexit’ no dia 29 de março, informou nesta segunda-feira (20/03) o governo inglês.
Um porta-voz de Downing Street, sede do governo, afirmou que a chefe do governo comparecerá perante o parlamento nesse mesmo dia para informar que invocou o Artigo 50, que inicia o processo formal de negociações para a saída do bloco europeu.
No último dia 13, o Parlamento do país havia dado aval a May para iniciar o processo, decidido por referendo em 2016. No entanto, o texto aprovado excluía duas emendas – uma, que protegia direitos de cidadãos europeus no país e, outra, que dava poder de veto ao Legislativo sobre o acordo que viria ser firmado com Bruxelas.
O governo estima que, a partir do envio da carta, o período de negociações com a União Europeia se estenda até 29 de março de 2019, quando, assim, o Reino Unido deixaria de fazer parte do bloco

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