Temer diz que golpe não pode ser anulado
Marcelo Brandão
Após
confessar no último sábado que o golpe de 2016 ocorreu porque a presidente
Dilma Rousseff não cedeu à chantagem de Eduardo Cunha, hoje condenado a 15 anos
de prisão, Michel Temer afirmou na noite desta segunda-feira 17, em entrevista
ao SBT, que o processo de impeachment não pode ser anulado por conta de um
"ato de vingança" de Cunha; "Pelo regimento interno da Câmara,
se o presidente da Câmara interferir no pedido de impedimento, há recurso no
plenário. Com a margem muito significativa de votos que teve o impedimento,
evidentemente se isso acontecesse, iria para o plenário e o plenário decretaria
o início do impedimento. Estou apenas supondo hipóteses", disse; defesa de
Dilma pretende anexar confissão de Temer na ação que julga o mérito do processo.
O presidente ilegítimo Michel Temer
minimizou o relato dele próprio, em entrevista à TV Bandeirantes, de que
Eduardo Cunha determinou a abertura do processo de impeachment de Dilma
Rousseff após não conseguir os votos do PT no processo que seria aberto contra
ele no Conselho de Ética da Câmara dos Deputados. Em entrevista ao telejornal
SBT Brasil, na noite de hoje (17), Temer disse acreditar que não há
possibilidade de anulação do impeachment por conta de um "ato de vingança"
de Cunha.
"Pelo regimento interno da Câmara,
se o presidente da Câmara interferir no pedido de impedimento, há recurso no
plenário. Com a margem muito significativa de votos que teve o impedimento,
evidentemente se isso acontecesse, iria para o plenário e o plenário decretaria
o início do impedimento. Estou apenas supondo hipóteses", disse o
presidente.
Temer disse que a votação do Congresso
foi "uma coisa avassaladora" a favor do impeachment. "Foi uma
coisa avassaladora, em termos de votação. Se havia uma subjetividade dele
[Eduardo Cunha] nessa direção, não foi o que comandou a decisão do plenário da
Câmara e do Senado."
Ontem (16), à TV Bandeirantes, Temer
contou que Cunha falou com ele e disse que arquivaria todos os pedidos de
impeachment contra Dilma Rousseff porque tinham prometido a ele os três votos
do PT no Conselho de Ética. No entanto, a posição dos deputados petistas mudou
e, com isso, a decisão de Cunha também. "Quando foi três horas da tarde,
mais ou menos, ele me ligou dizendo: 'olha, tudo aquilo que eu disse agora não
vale, porque agora vou chamar a imprensa e vou dar início ao processo de
impedimento'", disse Temer.
Delação
de Cunha
Temer disse ainda não estar preocupado
com uma possível delação de Eduardo Cunha que possa envolvê-lo. "Não sei o
que ele pretende fazer, não estou preocupado com o que ele venha a fazer.
Espero que ele seja muito feliz. Espero que se justifique em relação a todos os
eventuais problemas que tenha tido. Acho que ele foi um deputado muito atuante,
muito eficiente no exercício da legislatura. Mas não sei o que ele vai fazer,
não tenho que me incomodar com isso".
O ex-presidente da Câmara está
atualmente preso em Curitiba desde outubro do ano passado. Recentemente, Cunha
foi condenado a 15 anos de prisão por corrupção, lavagem de dinheiro e evasão
de divisa.
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