Venezuela
critica 'uso político' de órgão de direitos humanos da ONU
Caracas diz que ONU 'incorre de maneira consciente
na mentira, em observações infundadas e tendenciosas e na difusão de falsas
suposições' sobre situação no país; organização apontou 'uso de força
excessiva' por forças de segurança
O governo da Venezuela repudiou nesta quinta-feira
(10/08) o informe do Acnudh (Alto Comissariado das Nações Unidas para os
Direitos Humanos), agência da ONU, divulgado na terça-feira (08/08), que
apontou uso de força excessiva e prisões arbitrárias por forças de segurança no
país.
Segundo o comunicado divulgado pelo Ministério das
Relações Exteriores da Venezuela, o Acnudh “novamente incorre de maneira
consciente na mentira, em observações infundadas e tendenciosas e na difusão de
falsas suposições sobre a realidade venezuelana”.
“A instrumentalização do Alto Comissariado com fins
políticos para agredir a Venezuela, desvirtuando os louváveis fins desta
instância, lamentavelmente se converteu em um costume penoso nos últimos
tempos”, diz Caracas. “A utilização de falsas notícias difundidas por
inescrupulosos meios de comunicação, sem comprovação alguma, e o uso de ‘dois
pesos, duas medidas’ em matéria de direitos humanos, novamente expressam uma
posição parcial, vergonhosa e violadora da soberania da Venezuela e do direito
internacional”, segue o comunicado.
No informe
divulgado na terça-feira (08/08), o Acnudh diz que as forças de
segurança da Venezuela praticaram "maus-tratos" e "torturaram",
de forma "generalizada e sistemática", pelo menos 5 mil manifestantes
e detidos. O órgão chegou a esta conclusão depois de realizar 135 entrevistas à
distância, desde Genebra, na Suíça, e do Panamá, entre os dias 6 de junho e 31
de julho, afirmando que o governo venezuelano não deu acesso ao país aos
especialistas da ONU.
Agência Efe
Manifestante em protesto opositor em Caracas nesta segunda-feira (10/08)
Manifestante em protesto opositor em Caracas nesta segunda-feira (10/08)
Ravina Shamdasani, porta-voz do Acnudh, afirmou à
imprensa durante a apresentação do relatório que alguns manifestantes também
atuaram de forma violenta, "mas isto não justifica de forma alguma a
repreensão generalizada e sistemática feita pelas forças de segurança".
A Venezuela afirmou hoje que “é repudiável que o
Alto Comissariado insista em enganar abertamente a comunidade internacional
sobre os episódios de violência perpetrados por um setor da oposição
venezuelana desde abril deste ano, omitindo a abundante, esclarecedora e
fidedigna documentação que o Estado venezuelano enviou a este órgão, na qual se
demonstra a responsabilidade dos dirigentes opositores na organização, promoção
e financiamento de atos violentos” que deixaram mais de cem mortos e milhares
de feridos.
Caracas diz também que o Acnudh “compromete o bom
nome e a reputação” da ONU e de seus Estados-membros ao afirmar que existem
“violações massivas” aos direitos humanos no país “com base em um informe
incompleto, não concluído oficialmente”. As conclusões apresentadas “lesionaram
seriamente a probidade, a imparcialidade, a equidade, a honradez e a boa-fé que
deve privar nas atuações” do órgão e “representam um perigoso precedente para
as Nações Unidas”.
O governo venezuelano expressou “seu absoluto
desconhecimento deste documento ilegal utilizado para impor uma opinião baseada
em um enfoque ruim e parcial” por parte do Acnudh e disse que “realizará as
gestões diplomáticas que couberem para denunciar esta nova agressão contra
nosso povo e nosso país, desde uma instância que deveria servir com equilíbrio
e ponderação à proteção dos direitos humanos no mundo”.
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