A história e a glória
Procure, na história, quem tenha ficado nela sem sacrifícios e, até, martírios.
Não achou, ou achou um ou dois, somente?
A vaidade, não há um que não a tenha, mas só os que a merecem se conservam como são, na essência.
Até décadas atrás, ao sagrar-se um papa, queimava-se a seus pés um fiapo de estopa – Ut stuppae flamma, sic transit gloria mundi. Como a chama daquela estopa, ia-se a glória havida neste mundo.
Esta foi a semana em que se assistiu o algoz, impaciente, correndo o fio de sua lâmina em busca de sua grande glória na vida.
Sérgio Moro prepara-se para entrar na história como o homem que “matou” Lula, como Carlos Lacerda nela ficou por ser quem matou Getúlio Vargas.
Poucas dúvidas havia de que, de fato, existiam lamas no “mar de lama” que “O Corvo” apontava no Palácio do Catete. Mas foi quando, pela primeira vez na República, o Brasil passou a viver, em todos os campos, a ideia de ter uma existência própria.
A glória de Moro, se ele a atingir, será a glória fácil do destruidor, não a do construtor e o destruidor é o monumento da ruína.
O rapaz bem nascido, bem empregado, bem alinhado no seu gosto “camisa negra” não tem outra função, faz tempo, que não seja a do “delenda Lula”.
Chegará a hora – se é que já não chegou, o que parece ser palpável – em que se perceberá que a sanha moralizadora o que nos trouxe a imoralidade da destruição do emprego, da destruição de parques industriais, de grandes obras, da saúde financeira do Estado, de sua capacidade de investir e distribuir, das instituições e de sua credibilidade.
Legou-nos um governo que é vaiado desde a padaria a um show de rock, pariu um tarado fascista e um marqueteiro dândi e fez do país um poço de desesperança.
Se Moro chegar ao ápice de sua obra, a de um homicídio político longamente perpetrado e executado como um plano impiedoso, tudo o que terá a seus pés será o nada.
E Lula, como candidato ou como memória, seguirá.
Ele, não.
Porque, além de “para matar o Lula”, para que mais serve Moro?
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