domingo, 1 de outubro de 2017

A OPERAÇÃO ZELOTES EM QUE LULA VIROU RÉU

A OPERAÇÃO ZELOTES EM QUE LULA VIROU RÉU
Sebastião Costa*



No ranking de assaltos aos cofres públicos, medalha de ouro para o caso Banestado, com a insuperável marca de meio trilhão de reais. O segundo lugar fica com o rombo na Petrobras e a medalha de bronze vai para a roubalheira realizada dentro do Conselho Administrativo de Recursos Fiscais (CARF). Se no Banestado, estavam lá as digitais de tucanos de alta plumagem, na Petrobras foi identificada a marca petista. Já o assalto  no CARF foi parar no bolso da rapaziada que habita a Casa Grande.

A Operação Zelotes investiga exatamente os 20 bilhões de reais surrupiados entre 2005 e 2013 através de sonegações dentro do CARF. A traquinagem consistia basicamente numa transação dos conselheiros do órgão com as grandes empresas para zerar ou reduzir a aplicação de multas e penalidades. No rol das empresas implicadas constam algumas gigantes como a Votorantim, Ford, Mitsubishi, Camargo Corrêa, Cerveja Itaipava, Gerdau e os bancos Santander, Bradesco, Safra, BankBoston, Pactual, Brascan e Opportunity, além da RBS, maior afiliada da Rede Globo com atuação no Rio Grande do Sul e Santa Catarina.

Com tanta gente graúda envolvida e muito dinheiro rolando, a operação tinha obrigação de ser polêmica.

Quem primeiro 'dançou' na história foi o juiz Ricardo Leite, afastado do caso, por ter se recusado a enviar ao senado, documentos sobre a Zelotes para a Comissão Parlamentar de Inquérito que apurava falcatruas no CARF. De quebra, ainda negou 26 pedidos de busca e apreensão solicitados pelo Ministério Público.

Logo em seguida, caiu a juíza Célia Regina Bernardes que tentou politizar a operação e desviou, sem qualquer sutileza, o foco das investigações das grandes empresas para o filho de Lula. O juiz Ricardo Leite quis proteger os grandes empresários, enquanto a magistrada com o rabo preso no ninho tucano - o irmão era prefeito de Blumenau pelo PSDB, queria mesmo era jogar mais areia no oba-oba antipetista que assolava o país.

A RBS teria se livrado de pagar a bagatela de 113 milhões de reais, 'lavando as mãos' dos conselheiros do CARF com 11,3 milhões de reais. Lucro líquido à custa dos cofres públicos de 101,7 milhões de reais.

À época, a cobertura midiática no envolvimento do filho de Lula, teve direito a destaque nas primeiras páginas dos jornalões, com repercussões em revistas e  telejornais.

Fale-se também do envolvimento devidamente identificado do deputado Afonso Mota (PDT RS), com raízes fincadas na RBS e do ex-deputado pela ARENA, Augusto Nardes. O nobre ministro, que deu o pontapé inicial no TCU para derrubar Dilma, teria tido a 'sorte' de levar para casa a merreca de 2,6 milhões, 'doação' da SGR Consultoria, atolada até a goela no processo.

Votorantim, Bradesco, Ford, Grupo Safra, Santander, RBS (da Globo). É muita gente graúda lambuzada num lamaçal de 20 bilhões de reais.

E o que aconteceu com esse pessoal?

Em dezembro do ano passado o presidente do Grupo Safra, Joseph Safra foi premiado pelo TRF-1.
Pelo placar de 2 a 1, a ação penal aberta pela operação foi 'devidamente' arquivada.

Já  o outro habitante do andar de cima, Luiz Carlos Trabuco, presidente do Bradesco venceu de goleada - 3 a 0. Em junho do ano passado sua Ação Penal  foi julgada pelo mesmo TRF-1 e também 'devidamente' arquivada.

Não se tem notícias de presidentes da Votorantim, Santander, Ford, Brascan, Bankboston terem sido penalizados.

E a galera da RBS, da Globo gaúcha, segue livre, leve e solta.

Foi dentro desse contexto que Lula 'cometeu o crime' de  prorrogar  a MP 1532-2 (o Congresso ratificou), assinada em 1997 por FHC (nunca foi molestado), que  concedia incentivos fiscais às montadoras instaladas nas regiões Norte, Nordeste e Centro-Oeste

​ E foi assim que  o torneiro mecânico que viajou de pau-de-arara e caiu na besteira de melhorar a vida da pobreza nacional,  se tornou réu nessa mesma operação, que já livrou a cara da galera  que reside no conforto da Casa Grande.


 * Médico e colunista do brasil247

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