A OPERAÇÃO ZELOTES EM QUE
LULA VIROU RÉU
Sebastião Costa*
No ranking de assaltos aos
cofres públicos, medalha de ouro para o caso Banestado, com a insuperável marca
de meio trilhão de reais. O segundo lugar fica com o rombo na Petrobras e a
medalha de bronze vai para a roubalheira realizada dentro do Conselho
Administrativo de Recursos Fiscais (CARF). Se no Banestado, estavam lá as
digitais de tucanos de alta plumagem, na Petrobras foi identificada a marca
petista. Já o assalto no CARF foi parar
no bolso da rapaziada que habita a Casa Grande.
A Operação Zelotes investiga
exatamente os 20 bilhões de reais surrupiados entre 2005 e 2013 através de
sonegações dentro do CARF. A traquinagem consistia basicamente numa transação
dos conselheiros do órgão com as grandes empresas para zerar ou reduzir a
aplicação de multas e penalidades. No rol das empresas implicadas constam
algumas gigantes como a Votorantim, Ford, Mitsubishi, Camargo Corrêa, Cerveja
Itaipava, Gerdau e os bancos Santander, Bradesco, Safra, BankBoston, Pactual,
Brascan e Opportunity, além da RBS, maior afiliada da Rede Globo com atuação no
Rio Grande do Sul e Santa Catarina.
Com tanta gente graúda
envolvida e muito dinheiro rolando, a operação tinha obrigação de ser polêmica.
Quem primeiro 'dançou' na
história foi o juiz Ricardo Leite, afastado do caso, por ter se recusado a
enviar ao senado, documentos sobre a Zelotes para a Comissão Parlamentar de
Inquérito que apurava falcatruas no CARF. De quebra, ainda negou 26 pedidos de
busca e apreensão solicitados pelo Ministério Público.
Logo em seguida, caiu a juíza
Célia Regina Bernardes que tentou politizar a operação e desviou, sem qualquer
sutileza, o foco das investigações das grandes empresas para o filho de Lula. O
juiz Ricardo Leite quis proteger os grandes empresários, enquanto a magistrada
com o rabo preso no ninho tucano - o irmão era prefeito de Blumenau pelo PSDB,
queria mesmo era jogar mais areia no oba-oba antipetista que assolava o país.
A RBS teria se livrado de
pagar a bagatela de 113 milhões de reais, 'lavando as mãos' dos conselheiros do
CARF com 11,3 milhões de reais. Lucro líquido à custa dos cofres públicos de
101,7 milhões de reais.
À época, a cobertura midiática
no envolvimento do filho de Lula, teve direito a destaque nas primeiras páginas
dos jornalões, com repercussões em revistas e
telejornais.
Fale-se também do
envolvimento devidamente identificado do deputado Afonso Mota (PDT RS), com
raízes fincadas na RBS e do ex-deputado pela ARENA, Augusto Nardes. O nobre
ministro, que deu o pontapé inicial no TCU para derrubar Dilma, teria tido a
'sorte' de levar para casa a merreca de 2,6 milhões, 'doação' da SGR
Consultoria, atolada até a goela no processo.
Votorantim, Bradesco, Ford,
Grupo Safra, Santander, RBS (da Globo). É muita gente graúda lambuzada num
lamaçal de 20 bilhões de reais.
E o que aconteceu com esse
pessoal?
Em dezembro do ano passado o
presidente do Grupo Safra, Joseph Safra foi premiado pelo TRF-1.
Pelo placar de 2 a 1, a ação
penal aberta pela operação foi 'devidamente' arquivada.
Já o outro habitante do andar de cima, Luiz
Carlos Trabuco, presidente do Bradesco venceu de goleada - 3 a 0. Em junho do
ano passado sua Ação Penal foi julgada
pelo mesmo TRF-1 e também 'devidamente' arquivada.
Não se tem notícias de
presidentes da Votorantim, Santander, Ford, Brascan, Bankboston terem sido
penalizados.
E a galera da RBS, da Globo
gaúcha, segue livre, leve e solta.
Foi dentro desse contexto que
Lula 'cometeu o crime' de prorrogar a MP 1532-2 (o Congresso ratificou), assinada
em 1997 por FHC (nunca foi molestado), que
concedia incentivos fiscais às montadoras instaladas nas regiões Norte,
Nordeste e Centro-Oeste
E foi assim que o torneiro mecânico que viajou de pau-de-arara
e caiu na besteira de melhorar a vida da pobreza nacional, se tornou réu nessa mesma operação, que já
livrou a cara da galera que reside no
conforto da Casa Grande.
* Médico e
colunista do brasil247
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