Folha
confirma migração tucana para Bolsonaro
Fernando Brito
Não são as aves de grande
plumagem.
Mas a migração das
cambaxirras que saltitavam em volta do PSDB – primeiro de Aécio, depois de
Dória – começam a ir ciscar próximo a Jair Bolsonaro.
Taís Bilenky, hoje, na Folha,
registra que:
Nas últimas duas semanas, o MBL, importante
impulsionador de Doria nas redes sociais, tem dedicado espaço a Bolsonaro em
tom elogioso.
Há poucos dias, publicou foto
do deputado com a palavra “Golaço!” em letras garrafais. Enumerou bandeiras do
pré-candidato como “solução para a questão indígena que não afete o
agronegócio”.
Segundo o vereador paulistano
Fernando Holiday (DEM), um dos líderes do grupo, “é um reconhecimento e mesmo
uma tentativa de incentivar os candidatos à Presidência a exporem mais suas
ideias liberais”.
Para o vereador, “Bolsonaro
tem dado declarações que convergem com o que defendemos”, ao mesmo tempo que
Doria “tem se afastado”.
Holiday mencionou falas do
tucano que ele considerou “decepcionantes” como quando disse que Che Guevara
“foi ícone de uma geração”. “É uma liderança que repudiamos, um grande
assassino”, rebateu Holiday.
O líder do MBL disse que o
prefeito parece tentar se deslocar ao centro como forma de se viabilizar para
2018.
“É uma estratégia errada, se
for isso, porque o Brasil tem demonstrado que quer dar uma guinada à direita.”
Não entendo porque há ainda
gente achando que Bolsonaro é uma brincadeira pré-eleitoral.
Não é, salvo surja algum
episódio destes que fazem ruir até a Muralha da China.
A virulência e a estupidez
que as classes dominantes no Brasil e seu aparelho de mídia utilizaram para
desestabilizar e derrubar o governo eleito são a perfeita transcrição da frase
de Joseph Pulitzer: “com o tempo, uma imprensa cínica, mercenária, demagógica e
corrupta formará um público tão vil como ela mesma”.
Esta torpeza, tantas vezes,
usa como manto a “moralidade”, a “eficiência”, “a modernidade” e, até, a
pobreza, como se ela fosse produto do governo que anseiam por demolir, por contrário
ao seu projeto de monopólio do controle de um país que, por ser de massas, não
se pode permitir que pertença a estas massas.
Há duas semanas escrevi aqui
que, talvez, este processo tenha saído de seu controle.
Acreditaram que a internet,
por permitir ao pensamento de esquerda de escaparem aos guetos e nichos que a
mídia convencional lhes concedia – vejam como há anos combatiam os “blogs
sujos” – inclusive com impensáveis acusações de vida nababesca a quem mal e mal
sobrevive com austeridade – e não acharam que as mídias sociais tangidas por
fanáticos obtusos ganhariam vida própria e formariam legiões de microcéfalos
ferozes, capazes capazes de querer uma
“guinada à direita” que leva ao próprio fascínio.
Pariram Bolsonaro e não tenho
dúvida de que ele depende pouco da mídia convencional para andar por volta dos
20% de ódio que transtorna o Brasil.
Como Lula, por mais que
insistam em criminalizar a esquerda, não tem menos de 40%, sobram apenas 40%
para serem distribuídos às diversas pretensões eleitorais das quais não podem
abrir mão, porque parte delas (Marina, Ciro, PSOL) pode se somar ao “inimigo
Lula”, como mostram as simulações de segundo turno.
E não adianta ir imolando os
personagens que criaram para este plano: Cunha, Temer, Aécio , qual será o
próximo defunto?
Os aprendizes de feiticeiro
invocaram um feitiço que não sabem mais como controlar.
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