Discurso
bem afinado.
Sem dúvidas, tem algo que não podemos negar: a
quadrilha que tomou o poder no país tem um discurso bem afinado entre eles e
com o pensamento neoliberal, afinal de contas, o idealizador de toda a trama.
Não deve nos surpreender que o “cara” que ocupa o mais
importante cargo da Justiça do Trabalho, presidente do TST (Tribunal Superior
do Trabalho), Ives Gandra da Silva Martins, vá para a imprensa afirmar que “é
necessário reduzir direitos para garantir empregos”. O “senhor” Ives Gandra diz
claramente que não vê problemas em trecho da reforma que estabelece indenização
por dano moral com valor proporcional ao salário. E sua lógica é fria: “Não é
possível dar a uma pessoa que recebia um salário mínimo o mesmo tratamento, no
pagamento por dano moral, que dou para quem recebe salário de R$ 50 mil. É como
se o fulano tivesse ganhado na loteria”. Entenderam? Ele reafirma sua posição
elitista. O dano moral a um trabalhador que ganha salário mínimo é desprezível
se comparado ao dano moral de outro trabalhador de salário mais alto (como um
juiz, não é?).
Em matéria publicada pela Folha de São Paulo ele afirma
não ver qualquer problema em retirar direitos dos trabalhadores durante uma
negociação. Segundo ele, a reforma “Tem a possibilidade de, em crise econômica,
trocar um direito por outra vantagem. Por exemplo, um reajuste salarial menor,
mas com uma vantagem compensatória: eu garanto por um ano seu emprego ou vou te
dar um reajuste do auxílio-alimentação superior à inflação”.
Em franca declaração de sua opção de classe ele afirma
que “Nunca vou conseguir combater desemprego só aumentando direito. Vou ter que
admitir que, para garantia de emprego, tenho que reduzir um pouquinho,
flexibilizar um pouquinho os direitos sociais”.
Mas a surpresa maior é no final da entrevista quando
ele defende que o trabalhador que perder causa na Justiça arque com os custos.
Ele diz “Hoje o trabalhador pode acionar e depois se descobrir que ele já tinha
recebido e simplesmente dizer: tudo bem, não vai receber nada porque já
recebeu? Ué, fica elas por elas? Está fazendo com que o empregador contrate
advogado, o juiz gaste tempo para julgar”.
Gostaríamos que ele respondesse a duas perguntas: a) e
o Sindicato pode gastar dinheiro com advogado para defender o trabalhador? b)
mas o juiz já não recebe um altíssimo salário, com muitas vantagens e mordomias,
para exercer a sua função? Em um governo como o que temos, canalhice pouca é
bobagem!
• Isso é que é “justiça” bem afinada com os grandes. Cerca de oito mil pessoas entre homens, mulheres e
crianças, estão sendo expulsas de suas casas e tendo suas plantações destruídas
em uma grande operação de despejo que iniciou em Marabá, Pará, no início da
semana passada. Por ordem do Governo do Estado, 115 policiais do Batalhão de Choque
da Polícia Militar, permanecerão na região por tempo indeterminado, para
cumprir liminares em 20 fazendas localizadas nos municípios próximos de Marabá.
As liminares foram expedidas pelo juízo da Vara Agrária de Marabá e pelo
Tribunal de Justiça do estado.
Três das fazendas (Cedro, Maria Bonita e Fortaleza) em
que as famílias serão despejadas pertencem ao grupo Santa Bárbara, do Banqueiro
Daniel Dantas. Essas três fazendas estão ocupadas desde 2009 por 850 famílias
ligadas ao MST. Na fazenda Maria Bonita 212 dessas famílias já estão na posse
da terra há quatro anos. Cada uma reside em seu lote, tem sua casa com energia
instalada e uma vasta produção de alimentos. Há seis anos que o Grupo Santa
Bárbara fechou um acordo de venda dessas fazendas para o Instituto de Colonização
e Reforma Agrária (Incra). O processo está na fase final para pagamento. A
Santa Bárbara não exerce atividade em nenhuma dessas fazendas. A pergunta que
os movimentos fazem é: se o Incra está comprando os imóveis, porque a “justiça”
vai mandar despejar essas famílias?
A Fazenda Fortaleza, com áreas de 2.900 hectares, é
resultado de uma fraude grosseira, na verdade, conforme informações do próprio
INCRA, toda a área é composta de terra pública federal, devidamente registrada
e matriculada em nome da União. Criminosamente, foi utilizado um título
“voador”, expedido pelo Estado do Pará, para outra área, a mais de 150 km do
local, localizada no município de Água Azul do Norte.
Apenas nas fazendas Maria Bonita e Santa Tereza, são
255 crianças que atualmente estão matriculadas e frequentando a sala de aula no
local. O despejo das famílias significará a perda do ano letivo para todas
elas. (Matéria da Comissão Pastoral da Terra – CPT)
• O que os ianques querem em Alcântara? Para quem não lembra, a Base de Alcântara é um antigo
“sonho” estadunidense. Localizada no Maranhão, a base tem condições para
lançamento de foguetes e oferece um grande potencial para instalação de centros
de pesquisas e observações espaciais. Em 2003, ao assumir a presidência, Lula
enterrou o acordo feito entre FHC e Washington para utilização da base pelos
ianques. Mas o governo golpista já assinou novo acordo e vai entregar a base.
Em excelente matéria publicada pelo Opera Mundi, o
diplomata Samuel Pinheiro Guimarães, ex-ministro de assuntos estratégicos
durante o segundo governo Lula, esclarece os motivos do interesse
estadunidense. Entre os 10 pontos citados por ele destacamos: “a. Os Estados
Unidos têm bases de lançamento de foguetes em seu território nacional, como em
Cabo Canaveral, perfeitamente aparelhadas com os equipamentos mais sofisticados,
para o lançamento de satélites; b. Os Estados Unidos não necessitam, portanto,
de instalações a serem construídas em Alcântara para o lançamento de seus
foguetes; c. O objetivo americano não é impedir que o Brasil tenha uma base
competitiva de lançamento de foguetes; isto o governo brasileiro já impede que
ocorra pela contenção de despesas com o programa espacial brasileiro; d. O
objetivo principal norte americano é ter uma base militar em território
brasileiro na qual exerçam sua soberania, fora do alcance das leis e da
vigilância das autoridades brasileiras, inclusive militares, onde possam
desenvolver todo tipo de atividade militar; e. A localização de Alcântara, no
Nordeste brasileiro, em frente à África Ocidental, é ideal para os Estados
Unidos do ângulo de suas operações político-militares na América do Sul e na
África e de sua estratégia mundial, em confronto com a Rússia e a China.
• A ONU alerta para o trabalho escravo no Brasil. Especialistas em direitos humanos da ONU pediram na
quarta-feira (08) ao governo do Brasil que adote ações urgentes para pôr um fim
a medidas que possam reduzir a proteção das pessoas contra a escravidão moderna
e fragilizar os regulamentos corporativos. Em declaração conjunta, solicitaram
que o governo reverta permanentemente a Portaria Ministerial 1.129, criticada
por limitar a definição de escravidão contemporânea.
“O Brasil tem muitas vezes desempenhado um papel de
liderança na luta contra a escravidão moderna, por isso é surpreendente e
decepcionante ver medidas que poderiam fazer o país perder terreno nesta frente
- disseram os especialistas em declaração conjunta”, disse a relatora especial
da ONU sobre a escravidão contemporânea, Urmila Bhoola. E completou: “Esta
portaria coloca o Brasil em risco de dar um passo atrás na forma como regula os
negócios. É essencial que o Brasil tome ações decisivas agora para evitar o
enfraquecimento das medidas contra a escravidão que foram implementadas na
última década, o que enfraquece a proteção das populações pobres e excluídas
que são vulneráveis à escravidão”.
• Nada de reforma agrária! Isso era tudo o que queriam os que apoiaram e alimentaram o golpe no
Brasil. Foi um dos motivos da suja manobra para derrubar Dilma Rousseff e o PT.
Com o anúncio da proposta de lei orçamentária de 2018
pelo governo o golpista, o campo sentiu o impacto da Emenda Constitucional 95,
que congelou os gastos públicos por 20 anos. Várias políticas sofreram bruscos
cortes ou interrupções, numa proporção de até 25% da execução orçamentária de
2017, ou menos de 10% do que foi destinado a estas mesmas políticas em 2015,
aprofundando o sucateamento dos programas e órgão públicos de apoio ao
desenvolvimento sustentável.
• Mais um retrocesso.
A Constituição Federal, promulgada no dia 05 de outubro de 1988, reconhece o direito
de aborto em duas situações: quando a gravidez é decorrente de um caso de
estupro ou quando coloca em risco a vida da mãe. Mas o fascismo e o retrocesso
campeiam nesse governo golpista e em um “legislativo” dominado por grupos de
interesses.
Nesta semana, 18 deputados da comissão especial criada
para analisar a Proposta de Emenda Constitucional (PEC) 181/2011 votaram a
favor da proposta apresentada pelo senador tucano Aécio Neves e emendada pela
bancada evangélica. Apenas um voto contrário, o da deputada Érika Kokay
(PT-DF). Com o resultado, a PEC segue para o plenário onde deverá ser votada em
dois turnos.
A deputada Kokay apresentou questão de ordem
argumentando que o parecer do relator, Jorge Mudalen, trata de tema estranho à
proposta original. Para ela, a decisão configura “fraude”, ao desrespeitar os
171 deputados que assinaram a proposta original que apenas amplia a licença
maternidade para mães de bebês prematuros.
• O sindicalismo na encruzilhada! (12)
(Ernesto Germano Parés)
Chegamos agora ao ponto que nos levou a começar esta
série de artigos: a atual situação do trabalho e os desafios que se apresentam
para o sindicalismo.
Ao analisarmos todas as questões levantadas durante o
nosso trabalho vamos ver que, mais uma vez, o filósofo renano tinha razão ao
afirmar que:
“A burguesia não pode existir sem revolucionar
permanentemente os instrumentos de produção, portanto as relações de produção,
portanto, as relações sociais todas. (...) O permanente revolucionamento da
produção, o ininterrupto abalo de todas as condições sociais, a incerteza e o
movimento eternos distinguem a época da burguesia de todas as outras. Todas as
relações fixas e enferrujadas, com o seu cortejo de vetustas representações e
intuições, são dissolvidas, todas as recém-formadas envelhecem antes de poderem
ossificar-se. Tudo o que era dos estados [ou ordens sociais — ständisch] e
estável se volatiliza, tudo o que era sagrado é dessagrado, e os homens são por
fim obrigados a encarar com olhos prosaicos a sua posição na vida, as suas
ligações recíprocas”. (O Manifesto Comunista – K. Marx e F. Engels)
Sim, a burguesia para continuar existindo (e se
apossando do trabalho alheio) precisa mudar constantemente as formas de
produção, incluindo aí as relações de trabalho. Hoje nos deparamos com novas
formas de valorização do trabalho e novos mecanismos geradores de trabalho
excedente que precarizam, informalizam e expulsam da produção milhões de
trabalhadores que se tornam apenas “sobrantes” e que podem ser usados ao
bel-prazer de sua ganância por mais capital.
Como escreve o professor Ricardo Antunes: É como se
todos os espaços existentes de trabalho fossem potencialmente convertidos em geradores de mais-valor, desde
aqueles que ainda mantêm laços de formalidade e contratualidade até os que se
pautam pela aberta informalidade, na franja integrada
ao sistema, não importando se as atividades realizadas são predominantemente manuais ou mais acentuadamente ‘intelectualizadas’,
‘dotadas de conhecimento’”. (A nova morfologia do trabalho e suas principais
tendências – em “Riqueza e miséria do trabalho no Brasil II” – destaques no
original).
A realidade é que nesse constante “... revolucionar
permanentemente os instrumentos de produção, portanto as relações de produção,
portanto, as relações sociais todas...” temos visto como resultado o surgimento
de uma nova categoria: o precariado! São milhões de trabalhadores, em todos os
países, que sobrevivem sem uma âncora, sem uma estabilidade, sem uma relação
social mínima e sem direitos. (Este artigo
continua)
• Nicarágua: vitória sandinista. A Frente Sandinista de Libertação Nacional (FSLN)
conquistou ampla vitória no domingo (05) nas eleições municipais. O partido de
Daniel Ortega ganhou em 148 das 153 prefeituras do país.
Entre as regiões vencidas pela FSLN, está a capital
Manágua. Reyna Rueda ganhou com pouco mais de 87% dos votos. Entre as
prefeituras vencidas pelo FSLN, estão Manágua, Granada e Leon, as três principais
cidades do país; Matagalpa, Chinandega, Jinotepe, Boaco, Juigalpa, Estelí,
Jinotega, Masaya e Somoto.
Nessas eleições, foram escolhidos 153 prefeitos e
vice-prefeitos, além de 6.088 membros dos parlamentos municipais.
O pleito foi acompanhado por 60 observadores
internacionais, pertencentes a uma missão da Organização de Estados Americanos
(OEA). No domingo, durante a votação, o chefe da missão da OEA, Wilfredo Penco,
disse que o pleito estava correndo com tranquilidade.
“As juntas receptoras de votos foram abertas em sua
totalidade, nas mesas observadas por nossos observadores a jornada começou com
tranquilidade e se desenvolve com tranquilidade”, disse, em Manágua. No fim do
dia, Penco afirmou que o órgão iria analisar eventuais denúncias de fraude, mas
ressaltou, novamente, que o processo ocorreu sem maiores problemas. (Matéria em
Opera Mundi, com TeleSUR)
• “Fingiu que foi, mas não foi, e acabou ‘fondo’”? A tal “oposição democrática” da Venezuela, apoiada por
Washington e financiada por Rajoy (Espanha) é uma pândega! Não demora muito vai
virar filme de comédia ou uma grande chanchada.
Os principais líderes da “oposição”, que denunciam
Maduro por falta de democracia, anunciam ao mundo que não vão participar das
eleições municipais previstas para dezembro, mas seus candidatos estão sendo inscritos
usando legendas de outros agrupamentos políticos!
Pelo que já foi registrado e constatado, os partidos da
“oposição” (MUD) e outras organizações que se dizem contrárias ao governo de
Maduro já inscreveram candidatos em 9 municípios do estado de Lara. Os nomes
foram confirmados pelo Conselho Nacional Eleitoral (CNE). O partido AP
(Avanzada Progresista), de direita e que faz parte do MUD, apresentou oito
candidatos em nove municípios do estado.
• Portugal terá greve de professores. A Federação Nacional dos Professores (Fenprof), de
Portugal, anunciou na sexta-feira (3) que vai realizar uma greve nacional no
dia 15 de novembro e chamou os professores para pressionarem os parlamentares,
em Lisboa, no dia em que vão discutir o Orçamento de Estado para o setor da
Educação.
“É importante os professores estarem unidos para
fazerem uma tremenda greve e uma grande concentração junto à Assembleia da
República no dia em que vai estar em discussão o Orçamento da Educação”, afirmou
o secretário-geral da Fenprof, Mário Nogueira, durante uma conferência de
imprensa, em Lisboa. O dirigente também conclamou a participação dos
professores na manifestação nacional que a Confederação Geral dos Trabalhadores
de Portugal (CGTP) vai realizar dia 18/11 em Lisboa.
O principal motivo de protesto dos professores, neste
momento, está relacionado com o descongelamento das carreiras e a contagem do
todo o tempo de serviço, continuando também em cima da mesa reivindicações
relativas aos horários de trabalho e um regime especial de aposentadoria.
Também a Frente Sindical de Docentes, constituída por
oito sindicatos de professores independentes da Fenprof, marcou greve e
concentração para o mesmo dia.
• População da Catalunha exige libertação dos líderes presos. Manifestantes catalães promoveram na quarta-feira (08)
uma greve como forma de protestar contra a violência do governo de Rajoy e
exigir a libertação dos presos políticos. A região vive uma crise com o governo
central espanhol devido às suas ambições de proclamar independência. A
paralisação atingiu, principalmente, os serviços de transporte.
Cerca de 30 estradas da região foram interditadas. Os
trens de alta velocidade e os de percurso regional também tiveram os serviços
interrompidos. A emissora catalã TV3 fala em “colapso” no trânsito da região e
relata que há um número elevado de passageiros em estações ferroviárias que não
conseguiram embarcar.
Defensor da independência, o presidente afastado da
Catalunha, Carles Puigdemont, foi destituído do seu cargo pelas autoridades de
Madri, que o acusaram de violar a Constituição. Foragido na Bélgica, o político
e outros quatro ex-secretários aguardam uma audiência, marcada para dia 17,
sobre o pedido de extradição da Espanha. Eles cumprem medidas cautelares e
estão com a liberdade restringida.
Nesta terça (07/11), em uma entrevista a uma rádio,
Puigdemont fez um apelo para que os partidos catalães se unam e apresentem uma
candidatura conjunta nas eleições regionais antecipadas de 21 de dezembro, que
escolherão o novo governo da zona autônoma. No entanto, as principais legendas,
o Partido Democrata Europeu Catalão (Pdecat), de Puigdemont, e a Esquerda
Republicana da Catalunha (ERC) não conseguiram ainda chegar a um acordo.
(Matéria no Portal da CUT, com Ansa e TeleSUR)
• 100 anos de Balfour (1). Ainda que poucos tenham lembrado, tal a importância da Revolução Russa
de 1917, há outro fato de grande importância para entendermos os dias atuais
que completa um século: a “Declaração de Balfour”!
A tal “declaração” não passa de uma carta com 67
palavras, assinada pelo então Secretário de Assuntos Exteriores da
Grã-Bretanha, Lorde Arthur Balfour, e dirigida ao então Lorde Rothschild
(Lionel Walter), presidente da Associação Sionista Britânica. Em poucas linhas,
Lorde Balfour manifesta sua “simpatia com as aspirações sionistas judias”. Vale
registrar, antes de prosseguirmos, que a tal carta foi imediatamente
considerada “um erro colossal” pelo então Alto Comissário Britânico na
Palestina, Sir Hohn Cancellor.
Mas, qual a importância de tal documento? Pela
“Declaração de Balfour” o governo britânico se comprometia a apoiar a criação
de um “lar nacional para o povo judeu” na Palestina!
Na época, os judeus eram 10% da população palestina:
60.000 judeus e cerca de 600.000 árabes. Mas, ainda assim, a Grã-Bretanha
resolvia reconhecer o direito de autodeterminação nacional daquela minoria! O
escritor judeu Arthur Koestler assim descreve o documento: “aqui aconteceu de
uma nação prometer a outra nação a terra de uma terceira nação”!
Alguns estudos mais recentes tentam mostrar a
Declaração de Balfour como um “gesto desinteressado” ou mesmo como um “nobre
projeto cristão” para ajudar um povo. Outros estudos asseguram que o principal
motivo da iniciativa seria um cálculo frio sobre os interesses imperiais
britânicos na região. Acreditava que assim agindo estabelecia uma aliança
definitiva entre o movimento sionista na Palestina que serviria aos interesses
britânicos.
• 100 anos de Balfour (2). A “declaração” foi emitida no dia 02 de novembro de 1917 e publicada
pela imprensa britânica no dia 09. A Palestina controlava as linhas de
comunicação do Império Britânico no Oriente, mas havia também uma grande
influência da França na região. Ajudando os sionistas a ocupar a Palestina, os britânicos
esperavam garantir o domínio na região.
Não precisa ser muito esperto para saber que os
principais perdedores com a medida de Lorde Balfour não foram as franceses, mas
os árabes que viviam na Palestina.
E aqui cabe mais um esclarecimento histórico: hoje
sabemos que Lorde Balfour não foi mais do que um joguete em toda essa tramoia.
O verdadeiro artífice da “declaração” teria sido David Lloyd George, um radical
gaulês que dirigia o governo britânico. Seu apoio ao sionismo não tinha uma
base sólida ou uma formulação política: simplesmente ele admirava os judeus,
mas também os temia. Acreditava que os judeus eram extremamente influentes. Não
entendeu que, naquele momento, eram apenas indefesos e sem influência no panorama
internacional, o que só foi criado a partir da tal “declaração”.
Uma pequena carta, com 67 palavras, condenava uma nação
de 800.000 habitantes que perdeu seu território e teve que abandonar as terras
cultivadas por seus ancestrais. Trinta anos mais tarde a invasão era “legalizada”
com a criação do Estado de Israel.
• 100 anos de Balfour (3). Em 1937, cansados com as constantes invasões de terras que eram suas,
os árabes fazem a primeira resistência. Desde 1936 já funcionavam em várias
cidades da Palestina os Comitês de Resistência, o que incomodou profundamente o
governo britânico e seus aliados judeus.
Imediatamente, Londres organizou medidas repressivas
contra os palestinos e seu exército destruiu parte da Cidade Velha de al-Quds
(Jerusalém), o terceiro lugar sagrado do Islam. A repressão foi crescendo rapidamente
e as operações militares eram constantes contra os palestinos. Elementos judeus
passaram a ser treinados pelos soldados ingleses e foi criada uma “força
militar” que, em 1939, contava com 14 mil efetivos!
Em junho de 1938 foi criada a unidade anglo-judia
“Special Night Squadron” (SNS) que tinha como finalidade atacar aldeias
palestinas, durante a noite, para criar o pânico e expulsar sua gente.
A história desses ataques é longa e não vamos tratar
aqui. Basta lembrar que, entre 09 e 11 de abril de 1948 duas organizações
paramilitares sionistas, Irgún e Lejy, atacaram o povoado de Deir Yassin e
massacram toda a população local. Para quem não sabe, a Lejy foi a origem do
partido político Likud, eternamente no poder em Israel. É o partido do atual
primeiro-ministro Netanyahu.
Uma curiosidade final: quando finalmente foi criado o
Estado de Israel, a presidência foi dada ao cientista e sionista Chaim
Weizmann, grande aliado dos britânicos. Albert Einstein, também judeu,
opunha-se à criação de um Estado judeu. Em carta datada de 10 de abril de 1948
e dirigida ao governo britânico ele escreve: “Estimado Senhor. Quando uma
catástrofe real e final cair sobre nós na Palestina, o principal responsável
por isto será a Grã-Bretanha e o segundo responsável serão as organizações
terroristas nascidas em nossas próprias fileiras. Não gostaria de me ver
associado com essa gente criminosa e enganadora. Albert Einstein”.
• Por que a CIA não permite a divulgação dos documentos sobre
Kennedy? O troglodita Trump havia
prometido que todos os arquivos relacionados com o assassinato de John Kennedy
seriam desclassificados e poderiam ser pesquisados no final de outubro. Mas
parece que Trump não manda tanto assim no seu próprio país e a CIA entendeu que
não podem ser divulgados.
Entre os documentos que já são conhecidos o destaque é
um relatório onde o FBI tem pressa em culpar Lee Oswald e a KGB (soviética)
denuncia que o assassinato não passou de “um golpe de Estado da extrema
direita” no país.
Trump havia assegurado que os cerca de 3.100 documentos
se tornariam públicos e muitos passaram a crer que, finalmente, seria levantado
o mistério mais bem guardado do século XX! Toda a documentação oficial que
ficou guardada por 54 anos seria finalmente conhecida, mas as pressões da CIA e
do FBI foram mais fortes e os documentos não serão mais revelados.
Desde 1963, quando Kennedy foi assassinado, todas as
agências de inteligência dos EUA ficaram sob suspeita. Investigadores do mundo
inteiro, principalmente no próprio país, esperavam ansiosos que os documentos
fossem desclassificados, mas a CIA emitiu um comunicado através do qual informa
que “haverá um atraso na publicação dos documentos a fim de proteger informação
cuja liberação poderia colocar em risco a segurança nacional”.
A verdade é que durante todo este tempo o governo dos
EUA se esforçou para mostrar o crime como realizado por um assassino solitário.
Só para lembrar, Lee Oswald, o acusado, foi morto a tiros por Jack Ruby, conhecido
mafioso, quando era conduzido para interrogatório em 1978.
• Quanto está custando a guerra na Ásia e no Oriente Próximo
para o povo dos EUA? Segundo o
Instituto Watson, da Universidade de Brown (EUA), o governo dos EUA já gastou,
desde 2001, 4,3 bilhões de dólares apenas em operações militares no Iraque,
Síria, Afeganistão e Paquistão! A pesquisa, publicada na página do Instituto na
Internet, diz que os gastos foram feitos com operações militares, segurança e
ajuda a veteranos.
Para
simplificar, o Instituto mostra que esses gastos custaram, a cada cidadão
estadunidense, quase 23.400 dólares.
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