Movimentos populares alertam sobre risco de fraude nas eleições em Honduras
Por meio de nota, a articulação Alba Movimentos denuncia a demora na contagem dos votos e a ameaça de golpe
Movimentos populares organizados na articulação continental Alba Movimentos emitiram uma nota pública, nessa terça-feira (28), na qual expressam sua posição sobre a eleição presidencial em Honduras, ocorrida no último domingo (26). Sob o título "Basta de golpes brandos, pelo respeito à decisão da maioria", as entidades denunciam o atraso na divulgação do resultado final da eleição e atribuem ao Tribunal Supremo Eleitoral do país e à direita hondurenha uma tentativa de golpe por meio de uma fraude no resultado eleitoral.
Na contagem de votos divulgada na manhã desta quinta-feira (30), o candidato Salvador Nasralla, da Aliança de Oposição contra a Ditadura, opositora ao atual presidente, Salvador Nasralla, liderava as pesquisas. No entanto, os números começaram a mudar pela tarde do mesmo dia e passam a indicar uma possível vitória do atual presidente, Juan Orlando Hernández.
Para a Alba Movimentos, desde a divulgação dos primeiros resultados, que indicavam a possível vitória de Nasralla, "Juan Orlando Hernández se nega a reconhecer os resultados, e a população e os líderes denunciam a tentativa de fraude".
Os movimentos populares expressam a sua solidariedade com o povo de Honduras e fazem um chamado internacional para que os observadores internacionais e representantes dos demais países se pronunciem sobre a tentativa de golpe no país.
A articulação continental recorda ainda o golpe de Estado ocorrido em Honduras, em 2009, e o golpe no Paraguai, em 2012, que marcaram "o início de uma ofensiva da direita e do imperialismo contra a população do nosso continente, posteriormente, contra o Brasil, a Venezuela, a Argentina e, mais recentemente, contra o Equador".
A organização também alerta que a possível fraude no país centro-americano significa uma ameaça aos demais países, pois a eleição de Honduras representa, atualmente, a disputa entre "a direita conservadora golpista", que está no atual governo, e a retomada das vitórias da esquerda no continente.
"É muito significativo que seja Honduras quem retome o caminho do triunfo dos povos, no momento exato em que estamos envolvidos em novos processos eleitorais que podem significar o impulso que as causas justas necessitam no nosso continente".
Confira a íntegra da nota:
Eleições em Honduras: Basta de golpes brandos, pelo respeito à decisão da maioria
A Aliança de Oposição contra a Ditadura, encabeçada por Salvador Nasralla, festeja a vitória em Honduras, depois de uma angustiante, desnecessária e mal-intencionada espera para a definição dos resultados finais, em uma tentativa do Tribunal Supremo Eleitoral (TSE) e da direita golpista de sequestrar as eleições, legitimar uma fraude em processo e confirmar um golpe contra a vontade popular pronunciada nas urnas do país centro-americano.
Desde que o panorama começou a ser desenhado, Juan Orlando Hernández se nega a reconhecer os resultados e a população e os líderes denunciam a tentativa de fraude, convocam a mobilização popular para frear o TSE e pedem solidariedade internacional e pressão por parte dos observadores internacionais para assegurar as garantias do processo.
Tudo indica que o resultado já é irreversível e que o novo presidente de Honduras será Salvador Nasralla, como expressão da unidade e da diversidade de forças políticas que, após um processo interno, definiram o enfrentamento contra aqueles que afundaram o país em uma profunda crise, em uma violência alarmante, e que entregaram as riquezas do país às transnacionais e aos seus comparsas internos, submetidos às políticas do imperialismo ianque.
Como assegura o próprio Nasralla, é preciso derrotar a ditadura de Juan Orlando Hernández para refundar o país, resgatar a institucionalidade e trabalhar em prol da construção de uma nação centrada nas necessidades do seu povo e não nos interesses de uma minoria exploradora.
A partir da Alba Movimentos, exigimos respeito à vontade da população hondurenha expressa nas urnas. Denunciamos as tentativas de manipulação e a tentativa de roubo do triunfo da Aliança da Oposição contra a ditadura encabeçada por Salvador Nasralla.
Demandamos transparência e respeito à democracia e à legalidade de um processo eleitoral e exigimos, tanto do Tribunal Supremo Eleitoral quanto dos observadores internacionais, que sejam fiéis à verdade e evitem a fraude.
Recordamos que Honduras foi vítima de um golpe de Estado que derrotou o presidente eleito Juan Manuel Zelaya, há oito anos, e que afundou o país na profunda crise que vive atualmente e que, junto com o golpe de Estado contra Fernando Lugo no Paraguai, há cinco anos, marcou o início de uma ofensiva da direita e do imperialismo contra a população do nosso continente, posteriormente contra o Brasil, a Venezuela, a Argentina e, mais recentemente, contra o Equador.
É muito significativo que seja Honduras quem retome o caminho do triunfo dos povos no momento exato em que estamos envolvidos em novos processos eleitorais que podem significar o impulso que as causas justas necessitam no nosso continente.
A Venezuela deu mais uma lição de democracia e da profunda força do chavismo contra todos os tipos de guerra realizadas com o objetivo de aniquilar a Revolução Bolivariana. Mas, junto com Honduras, novas batalhas eleitorais estão por vir, dentro da própria Venezuela, do Brasil, com a vitória de Lula, a estratégica reeleição de Evo Morales na Bolívia, a batalha do povo do Panamá na disputa eleitoral, para citar alguns exemplos de como a batalha eleitoral estará marcando o futuro e que isso pode reconfigurar o panorama político e a correlação de forças no continente.
Contra a democracia das elites, democracia real dos povos.
Viva a voz dos povos em luta!
Viva a unidade e a integração americana!
Alerta! Impeçamos a legitimação de uma fraude da direita golpista em Honduras!
Viva o povo de Honduras!
ALBA Movimentos
28 de novembro de 2017
Confira a nota em espanhol no site da Alba Movimientos.
Edição: Vivian Neves Fernandes | Tradução: Luiza Mançano
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