O crepúsculo dos canalhas
Igor Gielow, na Folha, diz que há, no “governismo de mercado” um plano B para a aprovação da reforma da Previdência: esperar novembro e, depois que os brasileiros derem o seu voto, os deputados em final de mandato usarem, afinal, os seus punhais.
Não é, a rigor, novidade. Sarney e Funaro esperaram a enxurrada de votos do PMDB com o Plano Cruzado para, seis dias depois, acabarem com o “congelamento de preços”, que vazava ágio por todo lado. Anos depois, Fernando Henrique reelegeu-se com o slogan “um real é igual a um dólar” para, um mês depois, assistir à maxidesvalorização da moeda, que gerou o caso Cacciola, o único que pagou por aquilo.
É que não passa na cabeça desta gente o que venha a ser legitimidade, apenas o que é esperteza.
Com Lula afastado da disputa, contam que se elegerá um “presidente de mercado” que, espertamente, deixará que se aprove a reforma, livrando-se dos ônus e deixando à obra de resgate da biografia de Michel Temer, o troféu de ter feito o que queriam os homens do dinheiro.
Claro, com o voto dos não reeleitos, perto da metade dos atuais deputados:
Nesse lago de 230 nomes, o governo precisaria pescar os 50 votos que, segundo suas contas, faltam para atingir os 308 necessários para aprovar a reforma em primeira votação, escreve Gielow.
Talvez fosse melhor, em lugar de lago, chamá-lo de pântano e talvez o leitor e a leitora queiram imaginar com que iscas se atrairiam os peixes mortos.
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