Sergio Moro, o destruidor que se desmonta e que se vai. Por Carlos Fernandes

 
Rosângela Moro e o marido, Sergio: bye, bye
A UFPR confirmou o pedido de exoneração apresentado pelo juiz federal Sergio Moro, adiantado pelo DCM.
Através de uma requisição formal, o magistrado deixa o corpo docente após 11 anos na universidade.
Apesar de não ter declarado os motivos que o levaram a essa decisão, não é difícil imaginar o que se passa naquela cabeça nesse momento tão controverso de sua carreira.
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Não devia estar sendo fácil para o acadêmico Moro o convívio com os seus pares num ambiente plural e democrático como uma instituição de ensino superior.
Universidades – pela diversidade ideológica, pela sagrada vocação ao amplo e livre debate e pelo histórico envolvimento na defesa pela democracia – tornaram-se ambientes estranhos para um cidadão tão convicto de sua condição celestial.
A criação e proliferação por todo o país dos cursos que visam estudar os fatores que culminaram no golpe de 2016 foi uma afronta a mais ao pretenso herói de nossa atual republiqueta.
Como suportar tamanho desprezo da comunidade acadêmica ao que Moro deve atribuir como sua grande obra?
Como permanecer no departamento de direito sabendo que todos os professores à sua volta simplesmente o menosprezam?
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Ao contrário do que pensa, Moro é humano.
Ao perceber que aos pés de seu pedestal ajoelham-se tão somente ministros da educação que simplesmente desconhecem o que vem a ser um Campus, ou “intelectuais” da envergadura de um Alexandre Frota, a rejeição afeta o seu ego como a qualquer outro pobre mortal.
Obrigado a descer ao plano terrestre e constatar atônito que a sua popularidade é menor do que a do que elegeu ser o seu grande troféu, não demora para que, não mais do que de repente, o outrora cruzado da “luta contra a corrupção” peça licença também do seu cargo de juiz e deixe o país que, no fim de uma triste história, descobriu que o seu salvador não passa de uma grande farsa.
Moro percebe que já não é o que tanto se esforçou para ser e o que de fato nunca foi.
A sua aparição no cenário político brasileiro foi meteórica, o seu desaparecimento, porém, ocorre lenta e melancolicamente como uma chama que luta para se manter viva, mas que ninguém mais a alimenta.
Sérgio Moro não passa de um simples visitante nesse complexo e conturbado Brasil de desigualdades e contradições. E como diz o ditado português:
“Visitantes sempre dão prazer. Senão quando chegam, pelo menos quando partem”.