segunda-feira, 30 de abril de 2018

Expressão Popular: uma editora construída pelos movimentos sociais

LIVRO

Expressão Popular: uma editora construída pelos movimentos sociais

Editora e livraria nasce em 1999 com objetivo de expandir o acesso ao livro à militância social e à classe trabalhadora

Brasil de Fato | São Paulo (SP)
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A editora esteve presente na 2° Feira Nacional da Reforma Agrária, realizada em São Paulo, em maio / Rica Retamal/Brasil de Fato
Há 18 anos, teve início o projeto de uma livraria e editora militante construída pelos movimentos sociais: a Expressão Popular.
Hoje com mais de 500 títulos publicados e caminhando com autonomia, o projeto surgiu no meio do MST, o Movimento dos Trabalhadores Rurais Sem Terra. Em fins da década de 1990, a sociedade brasileira vivenciava o avanço das ideias neoliberais e a rearticulação dos setores da esquerda.
A sociedade buscava um projeto popular para o Brasil e, nos movimentos populares e sociais, era urgente a necessidade de revalorizar a formação política ideológica de seus membros. Assim, nasce a Expressão Popular.
Poucos podem contar tão bem sua história como Carlos Bellé, que todo dia se dirige ao mesmo endereço no bairro da Bela Vista, em São Paulo, onde se localiza a sede física do projeto. Bellé compõe a equipe da Expressão Popular desde seu início. Conhecendo de tudo um pouco, hoje ele ajuda em todas as tarefas da editora e livraria.
“A Expressão, ao mesmo tempo que vai contra uma maré político-ideológica na sociedade, vem reafirmar o livro como um dos instrumentos de formação político ideológica da militância social. Eu confio nesse projeto. Sei que esse mundo pode e vai mudar. E eu aposto nele, estou junto”, afirma Bellé.  
Propor uma alternativa ao cenário neoliberal vigente e formar politicamente os militantes não foram os únicos objetivos da Expressão Popular. Era preciso que esse projeto pertencesse, de fato, ao povo. Para isso, uma das propostas sempre foi a produção de livros baratos e acessíveis.
Justamente o baixo preço, que foge à lógica do mercado livreiro, trouxe dificuldades de inserção para a editora em seus primeiros passos. Muitas livrarias acreditavam que a venda não compensava. A alternativa encontrada para espalhar os livros foi contar com a solidariedade e parceria de militantes por todo o Brasil, que fazem a chamada “distribuição militante”, vendendo os livros em feiras e eventos.
Uma dessas histórias é a de Vera Lúcia Freire. Potiguara de 68 anos, atualmente ela vive na Paraíba, com seus dois filhos e seu neto, onde é responsável pela livraria da Expressão Popular. Seu primeiro contato com o projeto aconteceu há cerca de 12 anos, e a Expressão se encaixou perfeitamente na vida de dona Vera Lúcia, que sempre desejou transformar as desigualdades sociais.
Na capital paraibana, João Pessoa, ela e a equipe se dividem entre a loja da Expressão, os eventos e as vendas realizadas todo mês, do dia 1° ao dia 15, na Praça da Alegria.“Como eu já sou ‘de idade’, acho que não teria uma atividade que pudesse me fazer melhor do que essa. Estar vendendo esses livros, divulgando, é uma forma de me manter viva e não envelhecer tanto."
Além da distribuição militante, da página na internet e da livraria física na capital paulista e em outros estados, agora a editora começa um novo projeto: o Clube do Livro.
A ideia possibilita que os leitores recebam mensalmente um lançamento da Expressão Popular. São disponibilizadas diferentes formas de adesão.
Mais uma vez na batalha das ideias cotidianas, cada obra escolhida será pensada a fim de contribuir e qualificar o debate diante da crise política enfrentada no país.
Para saber mais e participar do Clube do Livro, basta acessar o site www.espressaopopular.com.br/clubedolivro.
Edição: Anelize Moreira

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