247 – Maior intelectual da atualidade, o linguista Noam Chomksy acaba de publicar artigo em que aponta o ex-presidente Lula como o prisioneiro político mais importante da atualidade e em que denuncia a participação do Supremo Tribunal Federal no golpe e na censura. "O prisioneiro que visitamos, Luiz Inácio Lula da Silva – 'Lula', como é universalmente conhecido – foi sentenciado à prisão perpétua virtual, em confinamento solitário, sem acesso a imprensa ou periódicos e com visitas limitadas um dia por semana", escreveu Chomsky.
"No dia seguinte à nossa visita, um juiz, citando liberdades de imprensa, atendeu ao pedido do maior jornal do país, a Folha de S.Paulo, para entrevistar Lula, mas outro juiz interveio rapidamente e reverteu essa decisão, apesar dos criminosos mais violentos do país – seus líderes de milícia e traficantes de drogas – serem rotineiramente entrevistados na prisão", apontou, referindo-se à censura imposta à imprensa brasileira por Luiz Fux e Dias Toffoli (saiba mais aqui).
"Para a estrutura de poder do Brasil, aprisionar Lula não é suficiente: eles querem garantir que a população, enquanto se prepara para votar, não possa ouvi-lo", aponta o intelectual.
Segundo Chomsky, o poder imperial sempre viu com ressalvas a ascensão geopolítica do Brasil, como ator global, durante a era Lula. "No cargo, Lula foi tolerado pelo poder ocidental, mas com reservas. Havia pouco entusiasmo pelo seu sucesso, com seu ministro das Relações Exteriores Celso Amorim, em levar o Brasil ao centro do cenário mundial, começando a cumprir as previsões de um século atrás de que o Brasil se tornaria 'o colosso do sul'. As iniciativas foram duramente condenadas, notadamente os passos para resolver o conflito sobre os programas nucleares do Irã em coordenação com a Turquia em 2010, prejudicando a insistência dos EUA em administrar o programa. De maneira mais geral, o papel de liderança do Brasil na promoção de forças independentes do poder ocidental, na América Latina e além dificilmente seria bem-vindo para aqueles acostumados a dominar o mundo", pontuou.
Chomsky também afirma que a prisão política de Lula atende ao projeto de extrema-direita, representado por Jair Bolsonaro. "Com Lula impedido de concorrer, há uma boa chance de que o favorito direitista, Jair Bolsonaro, consiga a presidência e aumente seriamente as políticas duramente regressivas do presidente Michel Temer, que substituiu Dilma Rousseff depois que ela sofreu impeachment em um processo ridículo – estágio inicial do 'golpe suave' agora em curso no país mais importante da América Latina", diz ele.
O intelectual afirma que a prisão de Lula atende ao projeto de levar adiante o golpe. "Tudo isso nos leva de volta à prisão, na qual um dos presos políticos mais significativos do atual período é mantido em isolamento para que o 'golpe suave' no Brasil possa prosseguir no curso, com consequências prováveis que serão severas para os brasileiro, sua sociedade e grande parte do mundo, dado o potencial papel do Brasil".
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