247 - O apoio dos latino-americanos à democracia alcançou em 2018 o seu nível mais baixo já registrado. Segundo dados do Latinobarômetro, que pesquisa há 23 anos as percepções políticas da população de 18 países, o apoio ao regime democrático caiu para 48%, num queda de cinco pontos percentuais em relação à pesquisa anterior, de 2017. Em 2010, o índice de apoio à democracia atingiu seu ápice, com 61%.
No Brasil, o percentual de apoio à democracia é ainda menor. Apenas 34% disseram apoiar o regime democrático como forma de governo, uma impressionante queda de 9 pontos percentuais em relação à pesquisa de 2017. Brasil aparece ao lado de Honduras, Guatemala e El Salvador entre os países com menor apoio à democracia.
Segundo a diretora do Latinobarômetro, a chilena Marta Lagos, os perigos silenciosos que as democracias enfrentam são percebidos com crueza óbvia na Venezuela ou Nicarágua, mas também é preciso ficar atento ao Brasil, onde 50 milhões de pessoas deram o seu voto a Jair Bolsonaro, um candidato que não esconde sua preferência pela ditadura.
Lagos esclarece que "não há uma demanda autoritária", como pode parecer se for feita uma leitura apressada dos resultados das eleições no Brasil, mas um pedido de soluções. "Os dados gerais justificam o caso do Brasil. É um país onde todo o sistema está em crise, não só a economia. No entanto, a campanha se baseou apenas em pessoas: Lula e Bolsonaro. Mas, cuidado, porque quem votou em Bolsonaro tem expectativas e a pressão sobre ele será enorme", diz Lagos.
Pela primeira vez desde que a pesquisa é realizada, 28% dos entrevistados se mostraram indiferentes quanto à preferência por uma forma de Governo. "Praticamente seis em cada dez pessoas entrevistadas disseram que não votariam em um partido político, o que é um sinal de fraqueza da democracia, que requer que partidos políticos representam as demandas da população. Sem partidos, as democracias não funcionam", afirma Lagos.
Leia, abaixo, a pesquisa Latinobarômetro na íntegra:
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