Em tom de deboche, filho de empresário explica como enganou milhares de eleitores
“Não sei se é crime eleitoral ou não, mas eu estava correndo esse risco”. Filho de empresário ligado a Bolsonaro faz piada com a boa fé dos eleitores que enganou
André Marinho em entrevista ao MBL (reprodução)
Era na casa de Paulo Marinho, transformada em produtora entre o primeiro e segundo turnos, que a propaganda política para a TV e também alguns vídeos voltados para as redes sociais de Jair Bolsonaro eram gravados.
O que hoje também se sabe é que daquele bunker muitos áudios igualmente foram disparados para grupos de WhatsApp. Surpreendente, contudo, é que milhares desses áudios não traziam o candidato do PSL como narrador, e sim um imitador.
Era o filho de Paulo Marinho, André, quem na verdade estava no celular. André assume isso publicamente em um vídeo todo descontraído ao lado dos MBL/DEM Kim Kataguiri e Mamãefalei (vulgo Arthur do Val).
André Marinho admite ter feito algumas imitações para Flávio Bolsonaro e dá a entender que, a partir de então, recebeu sinal verde para atender a ‘encomendas’ de áudios dirigidos para públicos bem específicos. “Mandei milhares de áudios, não estou brincando”, diz o garoto maroto. Pois é, a gente sabe que não foi brincadeira.
“O mais emblemático de todos, e eu mandei milhares de áudios, foi o dia em que um amigo em comum pediu para eu fazer um áudio para os garimpeiros de Serra Pelada, que é um reduto petista. Aí eu mandei: ‘Estamos aqui agradecendo pelas orações, pela consideração e dizer que conto com vocês aí para o que der e vier. Vocês sabem que terão em mim um defensor implacável de agora em diante, ta ok? Valeu pessoal, valeu, valeu, valeu’.”
Em seguida, André Marinho imita, em tom de deboche, os infelizes ludibriados pelo aspirante a estelionatário: “Ôxi, finalmente um presidente representa a gente”. E completa: “Devo ter virado uns 50 mil votos nesse reduto”.
“Não sei se é crime eleitoral ou não, mas eu estava correndo esse risco”, afirma ele, tudo sempre em meio às gargalhadas de Kataguiri e Do Val, que acham engraçadíssimo enganar eleitores. Eles mesmos fizeram isso muito bem.
Quanto a ser crime eleitoral, acredito que o TSE poderia nos responder. Fato é que passar-se por outra pessoa (mesmo que seja em redes sociais) é crime de falsidade ideológica e o cidadão pode pegar até cinco anos de reclusão.
Se um perfil de internet é criado com a finalidade de obter vantagem ilícita e induzir alguém a erro, pode ser enquadrado também no crime de estelionato.
Toda a campanha de Bolsonaro foi uma imensa maracutaia. Foram nada menos que 23 as irregularidades encontradas pela Assessoria de Exame de Contas Eleitorais e Partidárias do TSE. Doadores com um nome cujo CPF era de outra pessoa, notas fiscais emitidas por prestadores de serviço que depois não foram declaradas pela campanha de Bolsonaro, sem contar o tsunami de disparos via WhatsApp na reta final do segundo turno, até hoje mal explicado.
Quem pagou, quanto pagou?
Se realmente foram empresas, configura doações vindas de fontes vedadas pela legislação e caixa 2. Some-se a isso essa nova revelação de que alguém se fez passar por Jair Bolsonaro e pediu votos para milhares de pessoas.
Não está na hora do TSE e o Judiciário como um todo olhar com atenção para o que houve? Iremos mesmo ser ‘governados’ por um bando de aventureiros que, não bastasse o fundamentalismo e o anti-intelectualismo, burlaram as leis e todos os princípios de ética?
Você aí que votou em Bolsonaro pode ter votado no Garoto Juca, talkei?
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