247 - O ex-ministro José Dirceu afirmou que o governo do presidente eleito, Jair Bolsonaro (PSL), terá base popular e tempo pela frente. Ao discursar para o público que foi ao lançamento de seu livro de memórias, o ex-ministro disse que Bolsonaro avançou sobre a base da qual o PT se afastou durante seus quatro mandatos. Dirceu ainda disse que o desempenho de Fernando Haddad foi heroico, mas que ainda assim "querem nos impor medo". Ele emenda: "se fosse por medo não teríamos derrotado a ditadura". "Tenho certeza que nós vamos deter essa ofensiva contra o país", afirmou Dirceu. "Escrevi para fazer o que precisamos fazer agora: relembrar a história para aprender com ela, e assim enfrentar o momento que estamos vivendo", disse.
Dirceu criticou políticas que o futuro governo de Jair Bolsonaro pretende aplicar, como a reforma da previdência e a criminalização de movimentos sociais, mas ressaltou a capacidade de mobilização dos brasileiros. "Ao contrário de 1964, o Brasil hoje é outro. As forças democráticas saíram do golpe de 2016 e da derrota eleitoral de 2018 com grande força e consciência democrática" -registou Brasil de Fato.
Ele falou da necessidade de defender a soberania nacional e a democracia, mas apontou a necessidade da esquerda retomar os trabalhos de base. Dirceu lembrou também a prisão política de Lula e defendeu que seja retomada a campanha pela anulação da condenação do ex-presidente.
"Não adianta pensar que vai se resolver a curto prazo, é uma luta de médio ou longo prazo. O que nos faltou foi a força popular, além da força eleitoral", disse. Dirceu reforçou que o governo Bolsonaro tem base social. "O nosso papel é construir uma alternativa a esse força política social que nos derrotou e que está enraizada na base popular".
Para ele, as forças de esquerda precisam retomar a relação com os pobres do país: "ao fazer uma análise do cenário político, Dirceu perguntou onde o PT estava quando o filho de uma mulher pobre chegava em casa sob efeito de drogas ou em momentos igualmente trágicos na vida do brasileiro", escreveu a Folha de S.Paulo.
Ele disse: "em 13 anos e meio [de vida institucional], nos afastamos do dia a dia do povo".
Sobre as fake news, o ex-ministro comentou, em tom crítico a este afastamento: "elas só chegaram lá [no eleitor] porque não estávamos lá onde elas chegaram', reconheceu.
Dirceu lembrou que o discurso anti-corrupção "deu suporte a momentos históricos, como o golpe de 64, o suicídio de Getúlio Vargas e a eleição de Fernando Collor de Mello. E que o PT precisa se defender, lembrando que são raros os casos de petistas que enriqueceram na política".
Sobre como a oposição deve se comportar, ele disse: "quer fazer um bloco, faça. Não quer fazer uma frente, não faça. Agora, vamos ter um programa mínimo. Suponho que esse programa mínimo é oposição ao governo, defesa da democracia, da soberania nacional e de reformas políticas, estruturais, sociais e econômicas que levem à distribuição de renda, da riqueza e do poder cultural e formação nesse país", afirmou".
Se você quiser, pode assistir a íntegra da palestra de José Dirceu, transmitida pelos Jornalistas Livres, clicando aqui.
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